A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, 48 anos, desembarcou em Brasília no dia 16, a bordo de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
Sua chegada ocorreu depois do governo Lula conceder asilo diplomático, uma decisão que gerou polêmica.
Heredia buscava evitar a prisão em seu país natal, onde acabara de ser condenada a 15 anos por lavagem de dinheiro no âmbito do caso Odebrecht.
Nesta terça-feira (22), duas comissões do Senado brasileiro aprovaram pedidos de esclarecimento sobre o asilo político.
A Comissão de Relações Exteriores aceitou que fosse feito um convite para o chanceler Mauro Vieira prestar informações sobre o caso.
Originalmente não se tratava de um convite, mas de uma convocação, ou seja, o chanceler seria obrigado a comparecer. Isso mudo após um acordo.
O presidente da Comissão, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou que Mauro Vieira deverá comparecer em uma sessão em maio.
Além disso, a Comissão de Segurança Pública aprovou um pedido para o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, prestar informações.
O Tribunal de Contas da União (TCU) também foi acionado para uma auditoria sobre o uso de aeronaves da FAB no transporte da ex-primeira-dama.
Logo após receber a sentença da do Tribunal Superior Nacional do Peru, Heredia fugiu para a embaixada brasileira em Lima, onde solicitou asilo político.
Enquanto isso, a juíza responsável pelo caso, Nayko Coronado Salazar, emitiu mandados de prisão imediata.
Horas depois, com um salvo-conduto concedido pela presidente peruana Dina Boluarte, Nadine e seu filho foram autorizados a viajar.
Seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, 62 anos, permaneceu no Peru, sendo detido e levado para uma base policial.
Nascida em Lima em uma família rica, Heredia se formou em comunicação social com especialização em sociologia e tem um doutorado em Ciências Políticas pela Sorbonne Nouvelle, em Paris.
Sua trajetória na política está ligada à de seu marido, Ollanta Humala. Os dois se conheceram em 1996, quando ele era oficial do Exército, e se casaram três anos depois, tendo três filhos.
Juntos, fundaram o Partido Nacionalista Peruano (PNP) em 2005, sigla pela qual Humala chegou à presidência em 2011.
Durante o mandato do marido, que durou até 2016, Nadine não foi uma primeira-dama discreta.
Ela assumiu a presidência do PNP e teve forte influência nos bastidores do governo. Documentos vazados pelo Wikileaks na época revelaram que o ex-embaixador dos EUA em Lima a descrevia como "o cérebro político radical por trás de Humala".
Sua popularidade chegou a superar a de ministros, com 64,2% de aprovação em 2011, e pesquisas a colocavam como a terceira pessoa mais poderosa do país.
Essa proeminência, no entanto, veio acompanhada de investigações por corrupção já em 2015.
A recente sentença de 15 anos de prisão para Nadine e Humala por lavagem de dinheiro encerrou mais de três anos de audiências.
A acusação central foi o recebimento e ocultação de fundos ilícitos para financiar as campanhas eleitorais de Humala em 2006 e 2011.
Segundo o Ministério Público peruano, a campanha de Humala em 2006 teria recebido R$306 mil enviados por Hugo Chávez.
A construtora brasileira Odebrecht teria ajudado na campanha de 2011 com aproximadamente R$4,6 milhões.
A promotoria também acusou Heredia de usar parte dos fundos para comprar imóveis. O casal sempre negou as acusações, e a defesa de Humala afirmou que irá recorrer.
Em julho de 2017, ambos chegaram a cumprir prisão preventiva por cerca de nove meses, sendo libertados por decisão do Tribunal Constitucional. As investigações, porém, continuaram.
Heredia também enfrentou polêmica em 2016 ao ser nomeada para um cargo na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Na época, ela renunciou após protestos do governo peruano por possível interferência em investigações.
A concessão do asilo pelo Brasil gerou críticas imediatas da oposição e de entidades como a Transparência Internacional, questionando o uso do país como refúgio para condenados por corrupção.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, justificou a decisão com “razões humanitárias".
Ele citou uma cirurgia de Heredia na coluna, a necessidade de tratamento de um câncer e o fato de estar acompanhada do filho menor, cujo pai estava preso.
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