Durante um acalorado debate político, Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (PSDB), José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB) acusaram e foram alvos de diversas acusações. No centro, estava Pablo Marçal (PRTB). Em resposta a uma pergunta do influenciador sobre a execução do Hino Nacional em linguagem neutra, Boulos afirmou:
“Marçal, você é um bandido condenado. As pessoas estão descobrindo isso e vão descobrir cada dia mais, até o dia 06 de outubro.”
Ao se referir ao candidato psolista como "Boules", o influenciador questionou:
“Qual a sensação de fazer o maior papelão da história cantando o hino nacional com linguagem neutra?”
Em seguida, associou a campanha do psolista ao presidente Lula, bastante criticado por ele:
“Fala um pouco sobre quem está financiando sua campanha, quem fez o maior rombo da história deste País, o maior ladrão da história da humanidade”, insinuou.
A campanha de Boulos é bancada, majoritariamente, pelo Fundo Eleitoral do PSOL e do PT. Marçal também acusou Boulos de envolvimento com drogas:
“Esta farsa também já foi resolvida”, respondeu.
O debate ocorreu neste clima de tensão. Ao todo, os candidatos solicitaram mais de 20 pedidos de direito de respostas. Foram concedidos apenas nos casos em que a direção da Gazeta e do My News consideraram que uma fala ofendeu pessoalmente alguém.
Em vários momentos, foi necessário que a jornalista Denise Campos advertisse os participantes sobre condições básicas de civilidade. Isso foi o que possibilitou que o debate chegasse até o final.
O atual prefeituo de São Paulo, Ricardo Nunes. Imagem: Wikicomons.
No momento mais exaltado do evento, José Luiz Datena acusou Marçal de lhe telefonar para combinar ataques orquestrados contra Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB). Exaltado, o apresentador deixou seu púlpito e se dirigiu em direção ao empresário e ex-coach:
“Se eu soubesse o vaga***, ladrão, sem vergonha, estelionatário de internet que você é, não teria atendido nenhuma ligação sua”, disse Datena.
Ao que o ex-coach respondeu:
“[Datena] está desequilibrado. Quer ser prefeito ou ditador?”.
Neste instante, foi necessário que Denise Campos interviesse para garantir as condições mínimas de respeito entre os candidatos. Sem conseguir que se acalmassem, a jornalista chamou o intervalo comercial. No retorno, enfatizou que as agressões continuaram nos bastidores.
O segundo momento tenso do debate foi também um dos mais aguardados: Tabata anunciou que iria desmascarar Marçal.
Há uma semana, a deputada havia divulgado um vídeo em suas redes sociais, em que fez uma série de acusações contra o ex-coach. Na gravação, afirmava desde o envolvimento do empresário com supostos membros de organizações criminosas até impulsionamento ilegal de conteúdo de campanha na internet.
Após afirmar que o ex-coach andava “fugindo” dela, convidou o público a ir até suas redes sociais conhecer os detalhes do processo que ela move contra o influenciador. Após o debate, divulgou um vídeo em que reafirma suas acusações contra o candidato.
Leia a matéria completa aqui.
Segundo Tabata, Marçal usou novamente métodos ilícitos para ganhar quase três milhões de seguidores em menos de três dias. Após o bloqueio judicial de suas contas, a pedido do partido da deputada, ele criou novos perfis e rapidamente superou a maioria dos concorrentes em público.
Em outro momento do debate, chegou a acusar Marçal nominalmente:
“Marçal você é um palhaço, mas além de um palhaço, você é um bandido”, afirmou.
Durante o debate, outro momento marcante ocorreu quando Nunes se referiu a Marçal como "tchutchuca do PCC" em resposta à provocação do empresário, que havia chamado de “amante de Bolsonaro”.
Nunes também acusou o prefeito de fazer várias visitas a empresas de ônibus sob investigação por supostas ligações de seus controladores com a organização criminosa.
José Luiz Datena também não poupou críticas ao atual prefeito. Ele mencionou um inquérito do Ministério Público que investiga as supostas ligações de duas empresas de ônibus, que prestam serviços para a prefeitura com o PCC.
Datena também citou uma reportagem que afirma que o PCC transacionou R$8 bilhões com empresas lícitas, incluindo, supostamente, a própria prefeitura gerida por Nunes.
"É um roto falando do rasgado, de um condenado e outro que pode ser condenado", disse o apresentador, comparando Nunes a Datena.
Após muitos ataques, o primeiro assunto comentado no debate foi a privatização da Sabesp, companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. A empresa é responsável pelo saneamento básico e tratamento de esgoto no Estado.
A privatização foi conduzida por Tarcísio de Freitas, com o apoio do prefeito Ricardo Nunes.
A capital é responsável por 50% do abastecimento da empresa.
Ao ser questionado sobre uma eventual privatização da Sabesp, Boulos fez uma série de críticas à medida. Afirmou que ela apenas prejudicou o povo. Disse que pretende revogá-la.
Ricardo Nunes defendeu a privatização. Disse que até 2019 serão investidos R$28 bilhões em infraestrutura e que todos os bairros terão universalizado suas redes de água e esgoto.
No quarto e último bloco, os candidatos evitaram confrontos diretos ao responderem perguntas de leitores, com comentários dos demais participantes.
A primeira pergunta abordou um problema grave de São Paulo, a Cracolândia. Nunes relatou ações de sua gestão, como o aumento de policiais da Guarda Metropolitana e de leitos para tratamento de dependentes químicos. Relatou também que, em sua gestão, o número de usuários na região diminuiu de 4 mil (em 2016) para menos de 1.000 atualmente.
Tabata afirmou que, sob a gestão de Nunes, a Cracolândia se espalhou e citou uma investigação da Polícia Militar sobre a presença de milícias na área. A Operação Salus et Dignitas, do Gaeco, apura milícias que cobram valores em dinheiro pela proteção de comerciantes contra bandidos e usuários de drogas. A deputada acusou o prefeito de permitir a expansão dessa milícia.
Afirma também ter o tratamento de usuários de drogas como uma bandeira importante separando sempre o traficante do usuário, que classifica como um doente.
Aproveitou também para apresentar a proposta do Passaporte da Cidadania, que pretende premiar cidadãos com pontos por ações como reciclagem e atividades físicas. Esses pontos poderão ser trocados por ingressos para atividades culturais.
Em seguida, Datena destacou a importância que a educação terá em seu projeto de governo. Afirmou que intenciona capacitar professores a usar tecnologia sem substituir livros físicos por digitais.
Marçal tem no centro de seu projeto a pauta econômica. Ao longo de todas as suas aparições públicas, ele afirma que irá criar dois milhões de empregos na periferia de São Paulo. O empresário também cita a geração de emprego nas regiões mais afastadas da cidade como um modo de melhorar o trânsito e transporte público, por reduzir a velocidade de deslocamento para as regiões centrais.
Uma das principais propostas da campanha de Boulos é o Poupatempo da Saúde. O projeto prevê 16 unidades para consultas e exames, com o objetivo de descentralizar o atendimento. Marçal criticou gastos com ciclovias e diz que irá melhorar o trânsito, criando empregos na periferia. Segundo ele, isso evitará que o trabalhador precise se deslocar.
Quando os jornalistas passaram a abordar as propostas dos candidatos sobre economia, Boulos disse que, se for eleito, irá apoiar empreendedores que queiram se instalar na periferia. Assim, irá evitar o deslocamento dos operários até a região central da cidade necessitem se deslocar para a região central da cidade.
A candidata do PSB disse que pretende investir no pequeno e médio trabalhador. Afirma que seu plano de governo consiste na redução da burocratização e no acesso a crédito entre R$500 e R$5 mil, Também propõe um ano de isenção de impostos para quem iniciar um pequeno empreendimento na periferia.
Tabata aproveitou a abordagem econômica para fazer críticas à gestão Nunes:
“São Paulo está sem prefeito”, afirmou.
Em sua defesa, o MDEbista disse que está implementando o Smart Sampa. Segundo a firma, trata-se de um dos mais modernos sistemas de monitoramento do país, baseado em tecnologia de inteligência artificial. Possibilita reconhecimento facial e de placas de veículos.
Datena cobrou do atual prefeito a realização de obras prometidas por Bruno Covas, de quem ele herdou a prefeitura.
O tom combativo do debate resultou em menos de 30% do tempo dedicado às propostas e a maior parte empenhada nas trocas de acusações.
Apesar das regras rigorosas estabelecidas pela Gazeta e o My News, e dos esforços da jornalista para manter um clima de civilidade, o objetivo nem sempre foi alcançado. O tom incisivo do debate da Gazeta sugere que o clima na competição eleitoral paulistana tende a esquentar.
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