Os universitários são um grupo de destaque quando se trata de questões relacionadas ao bem-estar emocional.
Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 35% dos estudantes ao redor do mundo têm algum tipo de problema ligado à saúde mental.
A Organização também afirma que desde a pandemia de Covid-19, a incidência de transtorno de ansiedade e depressão aumentou globalmente em aproximadamente 25%.
No Brasil, 26,8% da população total tem o diagnóstico de ansiedade, enquanto 12,7% enfrentam a depressão.
O Brasil tem o número de pessoas com ansiedade no mundo e ocupa o segundo lugar em casos de depressão nas Américas. O país fica atrás apenas dos Estados Unidos.
Aproximadamente 65% dos estudantes universitários brasileiros afirmam sofrer diariamente* com sentimentos de ansiedade.
O número é 11 pontos percentuais superior à média dos países analisados em pesquisa da Chegg.org, instituto ligado à empresa de tecnologia educacional Chegg.
A última pesquisa de perfil socioeconômico produzida pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) ajuda a complementar esses dados e entender a situação crítica dos universitários no país.
O relatório afirma que o segundo problema emocional que mais afetava os estudantes é a desmotivação, que atinge 45,6% dos alunos em período universitário.
Os outros problemas listados são:
A pesquisa também mostra que a média nacional de estudantes que afirmam ter suas vidas acadêmicas atrapalhadas por dificuldades emocionais é de 83,5%.
A região que mais sofre com essa situação é o Sudeste, onde 87,2% das pessoas que participaram relataram ter esse tipo de problema.
Nas demais regiões, os índices de portadores desse tipo de problema são:
O relatório também traz à tona que 10,8% dos entrevistados relataram ter pensamentos de morte, enquanto 8,5% afirmam ter pensamentos suicidas.
O último relatório da OMS sobre o problema dos suicídios aponta que a prática é a quarta causa de morte mais recorrente entre pessoas de 15 a 19 anos.
Existem vários fatores que explicam o maior prejuízo emocional nos universitários do que nos outros setores acadêmicos ou profissionais.
O psiquiatra e pesquisador espanhol, Vicent Balanzá-Martínez, afirmou em entrevista à Revista Ensino Superior que a fase da vida em que os universitários estão é marcada por mudanças e grandes adaptações:
"…o período de trânsito para a universidade coincide com anos de mudanças sociais, econômicas e de autonomia pessoal. Muitos universitários se mudam, vão para outra cidade, deixam suas famílias, assumem mais responsabilidades."
Martínez também correlaciona a saúde mental com os níveis de estresse enfrentados ao longo de seus cursos:
"Os estudantes têm os estresses acadêmicos como um extra, as cobranças, a insatisfação com os resultados."
No Brasil, muitos estudantes afirmam que têm grandes demandas dentro e fora das instituições. A pesquisa da Andifes destaca que:
Outro fator que, segundo Balanzá-Martínez soma-se às mudanças na vida e aumento da carga horária diária, são os maus hábitos que as pessoas nessa faixa etária costumam adotar.
"Também é importante relacionar o aumento dos sintomas com as mudanças nos hábitos de vida saudáveis, que se pronunciam nessa etapa da vida. Em geral, dormem poucas horas, passam muito tempo conectados digitalmente e fazem pouca atividade física. Os próprios estudos levam a uma vida mais sedentária."
A pesquisa da Chegg.org também aponta que a insônia é outro grande problema entre os estudantes brasileiros, atingindo 59% dos entrevistados.
Além disso, o relatório destaca que 47% dos brasileiros entrevistados afirmam não ter como manter hábitos saudáveis regularmente, como uma boa alimentação e prática de exercícios físicos.
Como apontado pelo pesquisador, fatores internos e externos têm impacto na saúde mental.
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