A Quarta-Feira de Cinzas marca o início de um período de 40 dias de penitências e recolhimento que precede a Páscoa, chamado Quaresma.
A Quaresma faz referência aos dias que Jesus passou recluso no deserto após ter sido batizado por seu primo, João Batista.
Segundo a Bíblia, enquanto jejuava, Jesus foi tentado três vezes por Satanás. O demônio o desafiou a transformar as pedras do deserto em pão e tentou desviá-lo de sua missão na Terra.
Apesar das tentativas, Jesus venceu a tentação demoníaca e se retirou para a Galileia por saber que João Batista havia sido preso.
Além de refletirem esse episódio, o número 40 aparece em diversos outros trechos da Bíblia, como nos quarenta dias de chuva do dilúvio ou nos 40 anos no deserto que o povo judeu caminhou após a libertação do Egito.
Para a tradição católica, os fiéis que participam na missa na data têm suas testas marcadas com cinzas das folhas guardadas após o Domingo de Ramos.
Enquanto os fiéis são marcados, o padre pode “convertei-vos e crede no evangelho” ou citar o trecho bíblico “do pó viestes e ao pó voltarás”.
Ambas as frases são autorizadas pela Igreja por se referirem ao sentido das cinzas.
Tais afirmações convidam os fiéis a buscarem uma vida mais próxima a Deus e relembrá-los da brevidade do mundo material.
Segundo disse o Vaticanista Filipe Domingues em entrevista à BBC News, as cinzas têm justamente esses dois sentidos principais.
“A primeira é a ideia da efemeridade da vida… A segunda questão é a do arrependimento, da penitência. Aí é uma leitura cristã, já do Novo Testamento… no período da Quaresma, Cristo começa com essa reflexão interna da importância do arrependimento, da penitência, de reformular o que nós somos e como estamos vivendo".
O padre Eugênio Ferreira de Lima disse também à BBC News que essa tradição está baseada em diversos trechos da Bíblia:
"Nelas, o uso das cinzas aparece tanto para a purificação e a penitência quanto para lembrar a relatividade da vida".
O vaticanista e historiadora Mirticeli Medeiros explicou à Folha de São Paulo que a data surgiu entre os cristãos primitivos:
"Esse dia nasceu como uma manifestação de devoção popular entre os séculos 3º e 4º. Os cristãos, nesse dia, para se prepararem para a Quaresma, impunham sobre si as cinzas em sinal de penitência pública".
O historiador, filósofo e teólogo Gerson Leite de Moraes contou para a BBC News que a origem da quarta-feira de cinzas se mistura com a da quaresma:
"Nasce junto com esse costume de se guardar os 40 dias do que chamamos de quaresma. É um período que marca momentos de reflexão, de arrependimento, de renovação espiritual."A quaresma foi oficializada pela Igreja Católica durante o primeiro Concílio de Nicéia, em maio de 325.
Já a quarta-feira de cinzas se tornou parte do calendário litúrgico após decisão do Papa Leão Magno (540-604).
"Foi chamada por ele de 'capite ieiunii', ou seja, o dia em que se começava o jejum", destaca Medeiros.
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