Imagine sair de uma cidade pequena, onde todos conhecem seu nome, para a solidão de uma metrópole.
Foi assim que Kiko Zambianchi, um jovem de 23 anos de Ribeirão Preto, desembarcou em São Paulo em 1984.
Ele carregava um violão, sem saber que iria compor um dos maiores hits do rock nacional.
Em Ribeirão, os bares pediam hits da moda, mas Kiko insistia em suas composições.
Na capital, encontrou outro desafio: o rock dominava a cena, distante de sua MPB. Sozinho, sem amigos ou trabalho fixo, ele sentiu o peso da mudança.
Aperto no peito, o coração disparava e a insônia era sua companheira. A sensação de que algo ruim estava por vir o seguia. Era síndrome do pânico, mas, na época, ninguém sabia nomear.
Médicos mediam pressão, faziam exames e nada encontravam.
Alguém sugeriu um problema espiritual. Kiko passou por cultos, da umbanda ao hinduísmo, buscando respostas. Nada resolvia.
Cansado, sentou-se em sua casa da rua Fradique Coutinho e deixou a solidão falar. Nasceu a música “Primeiros Erros”:
“Meu caminho é cada manhã;
Não procure saber onde vou;
Meu destino não é de ninguém;
Eu não deixo os meus passos no chão;
Se você não entende, não vê;
Se não me vê, não entende;
Não procure saber onde estou;
Se o meu jeito te surpreende;
Se o meu corpo virasse sol;
Minha mente virasse sol;
Mas só chove e chove”.
A música foi para seu primeiro álbum, lançado em 1985.
A canção de Zambianchi foi regravada mais de cem vezes e algumas versões ficaram marcadas.
Em 1995, Simony a regravou para a novela Cara e Coroa.
Cinco anos mais tarde, amigos de Brasília, do Capital Inicial, chamaram Kiko para um Acústico MTV.
Ele tocou e fez backing vocal, e o grupo deu nova vida a Primeiros Erros. Criada a partir da síndrome do pânico de Zambianchi, a canção cruzou gerações.
Segundo o autor da canção:
“Primeiros Erros foi criada em uma época em que eu tinha síndrome do pânico e não tinha diagnóstico ainda. A doença não existia e eu fiquei sofrendo muito tempo com isso. Eu estava em São Paulo, era um período de muita solidão, eu vinha de Ribeirão, onde eu era um cara popular, conhecia todo mundo, tinha vários amigos, e eu cheguei a São Paulo, aquela coisa, ninguém conhece ninguém”.
Hoje, a canção acumula milhões de visualizações no YouTube e é uma das músicas mais ouvidas do Capital Inicial.
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