A eleição presidencial nos Estados Unidos apresentou uma reviravolta impressionante, desafiando previsões de vários veículos de mídia que apostam na vitória de Kamala Harris.
Diversas análises indicavam uma disputa acirrada, mas muitos acreditavam que Harry tinha grandes chances de vencer.
Por volta das 23 horas de ontem, o The New York Times projetou uma chance de 87% para que Donald Trump se tornasse o próximo presidente dos Estados Unidos. Poucas horas depois, o jornal, um dos mais respeitados do mundo, confirmou a vitória do republicano, contrariando suas próprias projeções e as de outros analistas.
Uma pesquisa conduzida pelo NYT em parceria com o Siena College, divulgada 24 horas antes, mostrava Harris com uma pequena vantagem em quatro dos sete estados-pêndulo:
Contrariando essas previsões, Trump acabou vencendo em vários desses estados: Carolina do Norte (51% a 47%), Geórgia (58,8% a 48,5%) e Wisconsin (49,7% a 48,8%). Em Nevada, onde a apuração ainda está em andamento, o republicano lidera com uma margem de 51,5% a 46,8%.
O NYT também destacou avaliações que consideravam a vitória de Harris como certa. Ross Douthat, analista político democrata, publicou um texto intitulado “Três razões pelas quais Kamala Harris irá vencer as eleições”, que inclusive teve apoio editorial do jornal.
No final de setembro, o NYT declarou publicamente apoio à democrata.
No editorial publicado no domingo anterior às eleições, o jornal foi incisivo ao declarar:
“Você já conhece Donald Trump. Ele não é apto a liderar. Observe-o. Ouça aqueles que o conhecem melhor. Ele tentou subverter uma eleição e continua sendo uma ameaça à democracia”.
Continuando, afirmaram:
“Ele mente sem limites. Se for reeleito, o Partido Republicano não o conterá. Trump usará o governo para perseguir oponentes. Ele realizou uma política cruel de deportações em massa. Ele causará estragos nos pobres, na classe média e destruirá o clima, destruirá alianças e fortalecerá os autocratas”.
Já sobre Harris, adotaram um tom ameno:
“Ela pode não ser a candidata perfeita para todos os eleitores, especialmente aqueles que estão frustrados e irritados com as falhas do nosso governo em reparar o que está quebrado - do nosso sistema de imigração a escolas públicas. No entanto, pedimos aos americanos que comparem o histórico de Harris com o de seu rival”.
Na noite de terça-feira, 6 de novembro, o jornal publicou uma matéria intitulada "Por que Donald Trump vencerá mesmo se perder a eleição?", indicando a possibilidade de uma vitória republicana.
O apoio à candidata democrata não foi exclusivo do NYT. A revista New Yorker e o The Economist também assumiram um lado na campanha, com o último prevendo uma vitória de Harris com 56% dos votos.
Segundo o veículo, das 67 pesquisas divulgadas no dia 4 de novembro, 44 indicaram números superiores aos do rival.
Eles destacaram pesquisas que mostravam Harris à frente em Michigan e uma vantagem impressionante de 28 pontos percentuais em New Hampshire.
A BBC internacional, por sua vez, divulgou uma previsão de Allan Lichtman, o "guru das eleições americanas", que indicava Harris como a próxima presidente. No jornal, constava que Lichtman só havia errado uma vez, em 2000, quando George Bush venceu.
Na reta final da eleição, a NBC reportou que Harris liderava na votação pelo correio com 49% dos votos, em comparação aos 46% de Trump.
Até mesmo Harry Enten, conhecido como o “guru dos dados” na CNN, acreditava na vitória da democrata.
O Media Center Research conduziu uma pesquisa que analisou a cobertura jornalística das redes CBS, ABC e NBC. Os resultados indicaram que 84% da cobertura sobre Kamala Harris foi considerada positiva, enquanto 89% da cobertura relacionada a Donald Trump foi avaliada como negativa.
Os erros nas análises da mídia têm gerado inconformismo e debates acalorados.
O analista político Leandro Ruschel enfatiza uma possível hostilidade da grande mídia e dos institutos de pesquisa em relação aos republicanos, especialmente a Donald Trump.
Na live de apuração das eleições americanas do Brasil Paralelo, Ruschel ressaltou que Trump não venceu a eleição, mas uma espécie de máfia, que envolve a grande mídia e os institutos de pesquisa com a intenção de favorecer a candidatura democrata.
Outro analista político, Christian Lohbauer, critica a confusão entre a obrigação do jornalista de informar e a militância exercida por alguns profissionais.
Afirma que a formação intelectual dos jornalistas nos últimos trinta anos se fragilizou, a ponto de tornar mais difícil que se realizem análise crítica imparciais.
O economista Bruno Musa disse que há algumas justificativas para os erros graves cometidos pela mídia na avaliação do cenário eleitoral. Ele aponta duas razões: a metodologia das pesquisas e o alinhamento de determinados jornalistas à equerda ideológica:
“O modo como as perguntas são formuladas pode influenciar as respostas." Além disso, há uma tendência na mídia de se alinhar com a esquerda, que, nos Estados Unidos, é representada pelo Partido Democrata.
Ainda que criticada, a mídia continua a ter um papel crucial no cenário eleitoral. Um exemplo recente é a saída de Joe Biden da disputa eleitoral, que resultou em Kamala Harris recebendo amplo destaque dos grandes veículos de mídia, favorecendo sua campanha. Esse aumento de visibilidade levou a um crescimento significativo nas doações de grandes empresas de tecnologia e companhias privadas.
Diante do papel fundamental da grande mídia para o fortalecimento de democracias e do erro crasso revelado na cobertura das eleições americanas, Ricardo Gomes propõe o seguinte questionamento:
“Os veículos de comunicação irão escolher continuar aliados a pautas e partidos que não ressoam com a população ou se irão optar por um caminho de profissionalismo e imparcialidade?”
Em resumo, apesar das críticas e desafios, a mídia ainda desempenha um papel relevante na construção da imagem política, mas enfrenta a necessidade de reavaliar suas práticas para manter sua influência e confiança junto ao público.
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