“É por isso que hoje a Mônica não bate mais em ninguém. Ela pode até girar o coelhinho, mas não bate”.
O criador da personagem e de todo o universo da icônica Turma da Mônica, Maurício de Souza, afirmou que a personagem não bate mais em ninguém. Famosa por sua personalidade forte e atitude decidida, a personagem respondia às provocações de Cebolinha e Cascão girando seu coelhinho e acertando os garotos.
Em entrevista à Revista Veja, Maurício de Souza mostrou-se preocupado em como seus personagens influenciam o comportamento das crianças:
“Nossa mensagem é muito poderosa e pode interferir no comportamento da criançada. (...) Percebi que há hábitos que não devemos mostrar porque as crianças assimilam esses costumes”.
A primeira aparição da personagem foi em 3 de março de 1963, em uma tirinha publicada no jornal Folha de S. Paulo.
Cebolinha brincava de se equilibrar no meio fio, até que Mônica estava parada, interrompendo seu desafio. O garoto falou firme “saia da ‘flente’” e recebeu a icônica “coelhada”.
A personagem, segundo o próprio Maurício, surgiu inspirada em sua filha, Mônica Souza. Ele conta que, depois de levar um coelho para casa, começou a observar a interação da filha. Na época, Mônica tinha apenas dois anos.
A personagem completou 60 anos recentemente. Em entrevista ao jornal Estado de Minas, Maurício dividiu também que as mudanças da personagem envolveram um processo de entender melhor o que é ofensivo, com a ajuda do “politicamente correto”.
“A sociedade vai evoluindo e a discussão de como vivemos também vai. Hoje temos o politicamente correto que nos diz o que é uma ofensa e que antes passava batido. Estamos atentos a isso e, por esta razão, nas historinhas da turminha clássica, a Mônica apenas roda o coelhinho, mas não mais aparece batendo nos meninos”.
Questionado se Cebolinha e Cascão irão parar com os apelidos jocosos de “gorducha” e “dentuça”, Maurício afirmou que “sim, pela mesma razão”. Segundo o cartunista:
“Na personalidade não houve grandes mudanças. Amenizamos para acompanhar as mudanças comportamentais da sociedade”.
O deus do trovão Thor gordo e preguiçoso, o Hulk calmo que faz yoga, a fada madrinha da nova Cinderela que é um homem de vestido, a nova Branca de Neve com seus companheiros que não são anões, o Super Homem e o Agente 007 que ganharam as versões femininas.
Os grandes personagens e histórias do cinema, dos quadrinhos e livros estão mudando os símbolos do passado. Histórias e heróis consagrados estão constantemente sendo readaptados e apresentados com novas mensagens e valores.
Uma interpretação possível vai além da campanha em prol da diversidade. Existe uma teoria que aponta que o progressismo não quer criar novos personagens. Porque, caso eles sejam criados, não terão o mesmo impacto.
O melhor caminho é transformar os personagens e as histórias já consagradas para transmitir novas mensagens.
Os personagens são “os mesmos”, mas agora são usados para carregar novas mensagens, algumas podendo até contrariar o histórico dos próprios personagens, como é o caso da Mônica.
Na natureza, o parasita não cria nada, apenas substitui. Por isso o parasita pós-moderno toma personagens e histórias consagradas como hospedeiros e usa deles para transmitir mensagens ideológicas.
Essa teoria foi criada pelo teórico canadense Jonathan Pageau. Na produção A Sétima Arte da Brasil Paralelo, a teoria do parasita pós-moderno é explicada em detalhes. Confira um trecho de A Sétima Arte que aborda a teoria:
O último século restabeleceu a relação do homem com a arte. O cinema surgiu como a mais presente e disseminada forma de entreter, inspirar e educar informalmente as pessoas. Com o aumento do consumo de filmes e séries, será que estamos cientes do impacto da Sétima Arte em nossas vidas?
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