A mídia tem utilizado cada vez mais termos como ultradireita ou extrema-direita para descrever partidos e movimentos políticos que têm se popularizado ao redor do mundo.
A escolha desse tipo de expressão tem sido criticada por supostamente parecer negativa, parcial e teoricamente inexata.
É muito comum que o termo extrema-direita seja utilizado para descrever uma visão mais radical de ideias tradicionalmente atribuídas ao campo da direita.
Ricardo Gomes, vice-prefeito de Porto Alegre e apresentador do programa Magna Carta, explica que a diferença entre os dois segmentos é mais profunda:
"Quando se coloca todas as ideologias políticas num plano horizontal que vai da esquerda até a direita, o que parece é que a extrema-direita é simplesmente tudo aquilo que está na direita em maior grau, com mais intensidade, mas, na verdade, não é assim. Na verdade, o grande grupo daquilo que chamamos de ideologias de direita engloba coisas que são muito diferentes entre si, não apenas em grau, mas na natureza daquilo que são."
O apresentador seguiu afirmando que as principais ideologias no campo da direita são o conservadorismo e o liberalismo. Em sua interpretação, o conservadorismo seria descrito como:
"O conservadorismo tem a tradição como um dos valores políticos fundamentais de uma nação. A manutenção da tradição é papel do Estado e a prudência é método de ação política: devagar com o andor que o santo é de barro. Essa é a conduta conservadora ordinária."
O vice-prefeito seguiu comentando que o conservadorismo da muita importância para temas como nação:
"O conservadorismo tem um tom de nacionalismo que vem da tradição, uma valorização daquilo que é da terra, que representa os valores da nação, que representa o modo de ser de um determinado povo. Mas também um nacionalismo econômico de barreiras alfandegárias, de proteção da indústria nacional, um nacionalismo moderado."
Para Ricardo Gomes, a moral e a religião também ganham respaldo dentro dessa ideologia:
"O conservadorismo também tem uma certa visão do papel do Estado na moral, como se o Estado tivesse o papel de preservar alguns elementos da visão moral religiosa."
O liberalismo, por outro lado, cultiva principalmente o valor da liberdade individual nas mais variadas esferas da vida, principalmente econômica e social:
"Para os liberais, a liberdade é o valor político supremo e é o elemento mais importante da organização do Estado. A liberdade é que deve ser privilegiada. Isso vale para a rejeição, por exemplo, do nacionalismo."
A extrema-direita, por outro lado, tem características próprias que a distinguem dessas duas visões de mundo.
O cientista político e comentarista do programa Cartas na Mesa, Christian Lohbauer, afirma:
"Para você ser chamado, segundo esses autores, de extrema direita, você tem que juntar cinco características simultâneas: nacionalismo, autoritarismo, populismo, xenofobia e tradicionalismo/ fundamentalismo, porque tradição é uma coisa, fundamentalismo é outra."
O comentarista também mencionou que este espectro político está próximo ao nazi-fascismo, precisando de apenas três pontos para integrar essa vertente ideológica:
"E se você quiser ser realmente, conceitualmente, nazista ou fascista, você tem que juntar mais três características: militarismo, imperialismo e sindicalismo."
Os termos direita e esquerda são incapazes de descrever todas as formas de governo e visões de mundo de um jeito preciso. A confusão que essas terminologias geram pode ser aproveitada por grupos políticos para manipular a opinião pública.
Aprenda mais sobre direita e esquerda neste artigo explicando o que são ideologias.
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