Andreas Von Richthofen é o irmão mais novo de Suzane, a menina que matou os pais. Quando Manfred e Marísia foram assassinados, o menino tinha 15 anos. Depois que sua irmã o deixou órfão, morou um tempo com a avó e um tio. Atualmente, vive em um sítio na cidade de São Roque, interior de São Paulo. No início de 2024, ele falou pela primeira vez publicamente sobre a irmã.
Em entrevista ao programa Tá na Hora, do SBT, Andreas disse que não sabia que Suzane estava solta. Também não tinha conhecimento de que ela vive em união estável e tem um filho.
“Eu a estou procurando faz uns 4 anos”, afirmou.
Ressaltou também que os dois têm pendências judiciais a solucionar.
Andreas e Suzane eram muito próximos na época do crime. O menino e o então cunhado, Daniel, tinham uma relação de irmãos. De acordo com informações do episódio do programa Investigação Paralela, da Brasil Paralelo, o trio cometeu algumas rebeldias, como o uso de maconha.
No dia do crime, o casal prometeu ao menino que o levaria a uma casa de jogos depois que os pais dele dormissem. A desculpa era deixá-lo lá enquanto o casal iria ao motel. Na verdade, eles voltaram à casa dos Von Richthofen para cometer o delito.
Após Suzane ter sido presa, Andreas passou a viver com sua avó e seu tio. Pouco tempo depois, a avó também faleceu.
Antes do crime, ele já era um menino recluso. Após o episódio, tornou-se ainda mais.
O blog True Crime afirma que, quatro anos depois do falecimento de Manfred e Marísia, ele herdou um patrimônio avaliado em cerca de R$10 milhões, na época. O espólio incluía seis imóveis, entre os quais um era a casa em que a família vivia, vendida por R$1,6 milhão em 2014. Na época, o imóvel foi vendido por cerca de 50% do valor de mercado. Além disso, ficou também com terrenos e os carros dos pais.
Atualmente, quase 22 anos após a tragédia, o patrimônio segue abandonado. Andreas enfrenta 24 ações na Justiça de São Paulo por dívidas relacionadas a condomínios e Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), que somam quase R$500 mil.
Andreas era descrito como um jovem inteligente. Aos 18 anos, foi aprovado em várias universidades. Escolheu estudar Química na Universidade de São Paulo (USP), onde levou 10 anos para se formar (entre 2005 e 2015). Lá, era avaliado como um aluno exemplar. Cursou também doutorado na mesma instituição.
Não se tem notícias de que o rapaz atue profissionalmente em nenhuma empresa específica. Em 2017, foi achado pela polícia sob efeito de drogas. Na ocasião, teria dito:
“O nome dessa família é uma maldição”.
Os apresentadores do programa Investigação Paralela apontam que ele pagou o preço pelo crime da irmã e do cunhado, que um dia foi seu ídolo. Assista abaixo o episódio completo de:
Em 2021, Daniel Cravinhos, o ex-namorado de Suzane e um dos assassinos de Manfred e Marísia, escreveu uma carta para o rapaz.
“Querido Andreas,
Após sete anos de reflexão, finalmente encontro coragem para escrever a você. Sinto-me apreensivo com a sua possível reação ao ler essa carta. Recentemente, tomei conhecimento de notícias suas por meio de amigos em comum e pela imprensa, o que me levou a tomar a decisão de pôr para fora o que estou sentindo.
Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado.
Há duas décadas, desde aquele fatídico dia, carrego o peso do arrependimento e da culpa, ciente de que minhas ações trouxeram tamanha tragédia para nossas vidas. Desde sempre penso em você, a maior vítima de tudo o que aconteceu. Hoje, ao praticar motovelocidade, a imagem do seu rosto vem à minha mente. Como seria bom ter você ao meu lado, correndo em uma moto. Lembra do mobilete que construímos juntos?
Somos vizinhos em São Roque. Meu sítio fica a três quilômetros do seu. Sinto vontade de tocar a campainha, mas temo sua reação. Morro de medo que você se sinta ameaçado com a minha presença. Além disso, sei que a sociedade me vê unicamente como o assassino de seu pai. E você? Como você me enxerga além disso?
Saí da prisão em 2017 após perder 17 anos de minha liberdade. Mas você perdeu muito mais do que eu. Desejo compreender seu luto e fazer parte dele. Lembro do dia da reprodução simulada feita na sua casa duas semanas após o crime, quando você abraçou o Cristian e me olhou emocionado. Quando íamos nos abraçar, os policiais não deixaram. Entendi o seu gesto de carinho como um perdão. Contudo, você era apenas um adolescente. Hoje, você é um homem adulto. Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos.
Desde que saí da prisão, reconstruí minha vida, assim como Suzane, sua irmã. Aos trancos e barrancos, o Cristian também está tentando recomeçar. No entanto, a culpa continua a me perturbar. Parte de minha família me rejeita, e sinto que um dedo acusador aponta para mim constantemente, me lembrando do que fiz. Essa culpa não desaparecerá com a sentença que me condenou a 39 anos. Seguirá comigo até o fim dos meus dias.
Espero, do fundo de minha alma, que você encontre no coração a compaixão para me perdoar. Sei que minhas palavras podem parecer insuficientes diante da magnitude do que aconteceu, mas é com toda a sinceridade e humildade que peço por tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o enorme dano que lhe causei. Se você permitir, gostaria de ter a oportunidade de falar pessoalmente, olhos nos olhos, e abrir meu coração.
Mas, se você preferir manter distância, respeitarei. Apenas desejo saber o tamanho do abismo emocional que nos separa para saber se é possível atravessá-lo. Hoje, serias capaz de me dar o abraço que não aconteceu há 22 anos atrás?
Daniel Cravinhos"
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