Em 1992, cerca de 2% da população americana usava medicamentos para depressão. Hoje, 25% da população adulta dos EUA usa diariamente drogas que bloqueiam as dores associadas à doença.
Os Estados Unidos exemplificam um problema global. A depressão atinge atualmente mais de 300 milhões de pessoas no planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS.
A "doença do século", de acordo com o órgão internacional, se alastra como uma pandemia silenciosa.
Na mesma proporção, o consumo indiscriminado de remédios tem gerado uma população dependente dessas drogas - e criado uma indústria bilionária.
Entre 1987 e 1988, primeiro ano de circulação do antidepressivo Prozac (Fluoxetina), os americanos gastavam cerca de 800 milhões de dólares em remédios psiquiátricos.
Atualmente, eles gastam com a compra dessas drogas cerca de 50 bilhões de dólares - quase 60 vezes mais.
1 em cada 4 estudantes americanos já ingressa na faculdade tomando remédios para depressão.
Como explicar que os bilhões de dólares investidos em pesquisas científicas para a fabricação de drogas mais efetivas não impeçam o aumento exponencial de pessoas depressivas?
Médico pós-graduado em psiquiatria, Bruno Lamoglia aponta o consumo desenfreado de medicamentos sem prescrição como uma das causas.
"As pessoas começaram a fazer uso de fármacos sem nenhum tipo de indicação médica, seja para aumentar seu desempenho intelectual, pessoal ou para amenizar sofrimentos que são próprios do ser humano".
Saulo Barbosa, médico psiquiatra formado em psicanálise, explica que o antidepressivo trata a depressão do ponto de vista biológico, e não as dores da vida cotidiana.
"O Prozac passou a ser chamado por muitos de 'pílula da felicidade', como se pudéssemos medicalizar todo sofrimento humano e sua complexidade. É preciso entender que uma pessoa que não tem depressão não vai ficar feliz se tomar um antidepressivo", alertou Barbosa.
De acordo com a psicanalista Viviane Mosé, doutora em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, há um investimento midiático que incentiva a automedicação.
"A indústria farmacêutica é uma das que mais crescem e lucram no mundo. Os medicamentos que ela produz, especialmente os psicofármacos, são muito caros. A indústria justifica os altos preços dizendo que há um enorme investimento em pesquisas científicas, mas as nossas atuais pesquisas dizem que não. Esse mercado cobra caro porque investe muito em marketing e mídias para vender seus produtos”, critica.
Psicobiológico e Filósofo Clínico, Marcello Danucalov atribui o crescimento de fármacos para depressão à imprecisão no diagnóstico, entre outros fatores.
"É necessário investir tempo no paciente, conhecer a historicidade dele e reencontrá-lo de tempos em tempos. Nem no SUS nem nas clínicas particulares há tempo suficiente para entrevistas com o paciente, algo necessário para o fechamento do diagnóstico. Muitos planos de saúde estabelecem um período para consulta que dura em média 20 minutos a 30 minutos, e olhe lá. Como diagnosticar um transtorno mental em tão pouco tempo?".
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