Os eleitores de França, Itália, Áustria e Hungria escolheram majoritariamente os partidos conservadores para os representarem. Um destaque é a previsão de avanço do partido Francês Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen.
A política foi adversária do presidente Emmanuel Macron nas últimas duas eleições e acabou derrotada em ambos os pleitos. O partido de Le Pen é conhecido no país por ter posições a favor de um controle mais rígido da imigração e retórica nacionalista.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, o resultado representa uma mudança na forma como o europeu enxerga as eleições para o Parlamento. Em entrevista ao veículo, a cientista política Nathalia Tocci avalia que se anteriormente os eleitores votavam visando as questões relacionadas ao próprio país, agora a visão parece estar se tornando mais focada na Europa como um todo.
A diretora do Instituto de Assuntos Internacionais da Itália afirmou ao Estadão que no atual momento, pautas como imigração, política ambiental e economia preocupam o cidadão comum.
Em análise no Linha de Frente, programa da Jovem Pan, da segunda-feira (11/6), o correspondente internacional Luca Bassani contou que resoluções como proibir aquecimento a gás ou a carvão geram rejeição da classe média.
Bassani afirma que para as pessoas que ganham menos, trocar a calefação de suas casas significa um custo muito elevado no orçamento das famílias. Outra proposta que pode dificultar a vida dos mais pobres é a proposta de substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis por motorizados elétricos.
Aqueles que optarem por carros a gasolina, gás ou diesel terão que pagar uma taxa calculada com base no nível de poluição emitida pelo veículo.
Na prática, o correspondente analisa que isso poderia prejudicar as pessoas economicamente menos favorecidas. O temor de alguns é que ter um carro se torne inviável. De um lado estão os modelos elétricos que tem altíssimo custo, de outro veículos movidos a combustível que terão alto custo devido à taxa imposta pelo governo.
O portal de notícias DW News revela em sua reportagem sobre as eleições europeias que o resultado pode indicar uma tendência ao protecionismo econômico por parte de alguns países. O periódico afirma que maiores taxas de importação e um possível adicional à acordos de livre comércio podem ser revisados.
Um desses acertos está em negociação entre o bloco europeu e o Mercosul. O pacto visaria criar a maior zona de comércio-livre do mundo, unindo os países da américa latina aos europeus.
O resultado também pode significar que a população de algumas nações está insatisfeita com políticas ambientais, o que poderia causar um recuo por parte dos representantes desses países no apoio às pautas ecológicas.
Um exemplo são os alemães. No início do ano, produtores agrícolas bloquearam estradas e portos em protesto contra regulação ambiental e suposta concorrência desleal com produtos importados. O protesto reivindicava a manutenção de subsídios do governo ao setor.
Os produtores franceses, por sua vez, receberam o presidente Emmanuel Macron com vaias no Salão da Agricultura, feira do setor com sede em Paris que aconteceu em fevereiro. Na ocasião, grupos protestavam contra perdas financeiras e o que chamaram de excesso de burocracia ao gerir seus negócios.
As posições não são compartilhadas por todos os membros da ala conservadora. A reportagem do Estadão apurou uma suposta divisão no bloco conservador que agora ocupará o Parlamento Europeu. O periódico afirma que existem duas frentes, uma liderada pelo partido francês Reagrupamento Nacional e outra pelo italiano Reformistas e Conservadores Europeus (RCE).
O jornal brasileiro afirma que o primeiro grupo é formado pelos partidos italianos da Liga Norte, pelos holandeses do Partido da Liberdade e os húngaros do Fidesz. O segundo engloba, dentre outros, o italiano Fratelli D’Itália, o espanhol Vox e o polonês PiS.
Relata que apesar de concordar em muitos pontos, assuntos como o apoio à guerra na Ucrânia. O primeiro grupo seria mais contido no apoio ao conflito entre o país de Zelensky e a nação governada por Vladimir Putin.
O jornal Estadão perguntou à cientista política Nathalie Tocci como devem ficar as decisões da Casa com essa nova configuração. A pesquisadora afirmou que a tendência é a de que os blocos conservadores não colaborem entre si. Exemplifica a imigração. Apesar de ambos estarem a favor de controles migratórios mais restritos, não concordam na forma como as medidas devem ser tomadas.
Outro ponto apontado é que alguns partidos são a favor da tese de que nem todos os membros da antiga SS eram criminosos. A ideia é fortemente rejeitada pelo outro grupo conservador. Dessa forma, o peso do bloco nas decisões tende a ficar restrito.
Com 720 assentos, o órgão tem responsabilidades legislativas, orçamentais e de supervisão do bloco. O número de assentos a que cada país tem direito é determinado de acordo com o número de habitantes de cada país. O maior número de parlamentares é da Alemanha, que tem direito a 96 cadeiras.
O órgão tem três sedes, sendo uma em Estrasburgo, na França, outra em Bruxelas, na Bélgica e na cidade de Luxemburgo, em Luxemburgo. O colegiado é eleito pelos cidadãos de cada país a cada 5 anos. A casa não é organizada por parlamentares. Isso significa que a população vota em grupos políticos e não em candidatos específicos, relata o jornal Valor Econômico.
Sobre as eleições, o professor de Relações Internacionais da Unifesp, Guilherme Ferreira, disse ao Valor Econômico que a lógica é parecida com a usada em países parlamentaristas. A diferença é que ao invés de partidos são “famílias políticas”. Os grupos são:
Após a apuração do resultado, a composição ficou com 186 cadeiras para o Partido Popular Europeu, 79 para o Renovar, 73 para os Reformistas e Conservadores, 58 para o Identidade e Democracia, 101 para os sem filiação partidária 53 para os verdes, 36 para a Esquerda e 134 para Socialistas e democratas.
O site do órgão informa que a entidade possui poderes como o de legislar sobre acordos internacionais, o de supervisionar as instituições democráticas europeias e de definir o orçamento do bloco junto ao conselho. A nova legislatura terá seu mandato até 2029.
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