Em um momento inesperado, durante a Cúpula do Futuro da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve seu discurso interrompido antes do encerramento. Criticando as entidades globais, o líder brasileiro teve o microfone cortado ao ultrapassar os cinco minutos designados para cada chefe de Estado, conforme orientado no início da sessão pelo presidente da Assembleia Geral da ONU, Philémon Yang.
A interrupção ocorreu enquanto o chefe de Estado brasileiro pontuava que o peso político e econômico das nações emergentes não estava devidamente refletido nas decisões globais. Embora sua fala tenha sido cortada, as críticas mais severas já haviam sido realizadas.
O presidente brasileiro já havia abordado a necessidade de reformas profundas para que a ONU recuperasse a legitimidade perdida em órgãos como o Conselho de Segurança e o Conselho Econômico e Social. Afirmou que esses organismos estariam esvaziados e, muitas vezes, eram ineficazes frente a crises globais, como as mudanças climáticas, os conflitos armados e a fome mundial.
O petista não foi o único a mencionar essa situação; os representantes de Serra Leoa e Iêmen discursaram antes dele e também abordaram esses pontos. Ambos também tiveram suas falas interrompiadas. O tempo rigorosamente limitado para discursos é uma tentativa de otimizar os debates em um evento repleto de líderes globais, mas o corte no áudio de Lula chamou atenção pela contundência de suas palavras até o momento da interrupção.
Lula usou o púlpito da ONU para expor as fragilidades das instâncias multilaterais diante dos desafios contemporâneos, enfatizando que o fracasso na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) seria uma derrota coletiva da comunidade internacional.
Em suas palavras, o chefe de Estado brasileiro destacou que o ritmo atual de ações seria insuficiente para atingir as metas da Agenda 2030, com apenas 17% dos objetivos a caminho de serem alcançados no prazo estabelecido.
“Os ODS caminham para se tornar nosso maior fracasso coletivo”, alertou Lula, reforçando que seu governo pretende usar a presidência do G20 como plataforma para lançar uma aliança global contra a fome e a pobreza.
A crítica à ineficiência das instituições internacionais foi permeada por menções aos desafios impostos pelas pandemias, pelo agravamento dos conflitos globais e pela corrida armamentista.
Para Lula, tais questões apenas escancararam a incapacidade de os órgãos da ONU responderem de maneira eficaz e coesa aos desafios emergentes. O presidente defendeu a necessidade de transformações estruturais para devolver vitalidade à Assembleia Geral. Além disso, irão reestruturar a relevância do Conselho de Segurança.
Ao criticar o o sistema de governança da ONU, Lula também abordou a crise climática, utilizando os recentes incêndios na Amazônia e no Pantanal como exemplos alarmantes da urgência em agir contra as mudanças climáticas.
O presidente reconheceu que o Brasil não estava totalmente preparado para lidar com a atual onda de queimadas. No entanto, atribuiu parte da responsabilidade à associação entre o fenômeno climático El Niño e atividades humanas predatórias, e reforçou que o combate ao aquecimento global requer uma mobilização global urgente.
O discurso, no entanto, gerou reações divergentes entre os políticos brasileiros. O deputado federal General Girão (PL-RN) criticou duramente a fala de Lula. Disse que o presidente usou a tribuna da ONU de forma inadequada.
“Que vergonha. Não tem limites a palhaçada do PT e do Lula. Usou a tribuna da ONU de uma forma vergonhosa. Um pedinte sem moral. Está declarando incompetência para cuidar do meio ambiente e ainda diz que precisa de dinheiro. Não tem limites”, comentou Girão.
Na mesma linha de crítica, o deputado federal Maurício Neves (PP-SP) acusou o chfe do Executivo brasileiro de cobrar dos outros países ações que seu próprio governo não estaria cumprindo. “O PT é sempre assim: manda os outros fazerem aquilo que nem eles conseguiram entregar. O discurso do Lula na ONU espalhou tarefas para os outros países que o próprio governo não faz”, pontuou.
Em contraponto, membros do Partido dos Trabalhadores e aliados do governo exaltaram a importância do pronunciamento. O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, celebrou o discurso e o classificou como “histórico”.
“O Presidente Lula acaba de fazer mais um discurso histórico na Cúpula do Futuro na ONU. Como o líder ímpar que é, Lula apontou para o futuro, falou da equidade de gênero, combate ao racismo, enfrentamento à fome, conflito na Europa e no Oriente Médio e crise climática. O futuro que queremos precisa ser construído já e o caminho para isso está dado”, afirmou o senador.
O deputado federal licenciado e atual ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT-SP), também manifestou seu orgulho com a atuação de Lula na cúpula. “Orgulho da fala do nosso presidente Lula na Cúpula do Futuro, na sede da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos. Não podemos retroceder”, declarou.
As reações refletem o amplo espectro político brasileiro e a forma como diferentes correntes ideológicas enxergam as propostas apresentadas pelo presidente no cenário internacional. Enquanto a oposição critica o tom adotado por Lula, seus aliados reafirmam o compromisso do governo com as pautas globais discutidas na ONU.
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