Globo recebe de Lula 4 vezes mais que Record e SBT em propaganda

Para promover as ações, campanhas e programas do governo, é necessário que o Governo Federal compre anúncios. Todos os presidentes fazem isso, mas, desde a chegada de Lula, houve uma concentração significativa dos gastos da publicidade do governo com a Rede Globo, sendo quase 60% da verba destinada ao grupo.

Depois de quatro anos recebendo verbas em condições semelhantes às dos seus colegas de setor, o Grupo Globo reassumiu a liderança como maior beneficiário dos patrocinados da gestão petista.

Em apenas seis meses, a Globo recebeu cerca de R$ 54,4 milhões em verba de anúncios do governo Lula, superando as outras emissoras por uma margem bem considerável.

Os dados indicam uma disparidade grande nos gastos com publicidade em comparação ao governo anterior, que distribuía os valores de forma mais equitativa entre as emissoras.

Sob comando de Lula, sozinha, a Globo detém 57% dos gastos. Isso é quase 30 pontos percentuais a mais que a soma total das outras grandes emissoras — Record, Band e SBT. Somadas, elas ficam com 29%.

O expressivo aumento financeiro recebido pela Globo pode fortalecer a hegemonia do veículo no cenário da publicidade do país, impactando diretamente na concorrência e na situação da mídia.

Lula e o PT eram antigos críticos da Globo, mas a atual gestão tem estabelecido uma relação mais amistosa com a emissora. A Globo tem sido, ao longo das décadas, a emissora de TV brasileira de maior audiência.

Em nota, a comunicação da Globo disse entender que "as verbas publicitárias públicas seguem critérios técnicos observados pelos órgãos federais".

Como ficou distribuída a verba?

As verbas que os veículos de mídia recebem são da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República e de ministérios. Os valores desembolsados foram:

• R$ 54,4 milhões para Globo;
• R$ 13 milhões para a Record;
• R$ 12 milhões para o SBT.

Os dados foram extraídos do portal de planejamento de mídia do governo federal, que mostra valores pagos em ações de publicidade já realizadas pela Secom e outros órgãos do governo federal.

O site não apresenta pagamentos feitos em propagandas de bancos públicos e das estatais, como a Petrobras. A destinação final dessas cifras é mantida em sigilo mesmo após pedidos baseados na Lei de Acesso à Informação.

A campanha mais cara do atual governo custou R$ 32,7 milhões, com objetivo de promover os feitos dos 100 dias de gestão Lula.

As informações disponíveis sobre campanhas da gestão Lula somam cerca de R$ 120 milhões nesses seis meses.

No governo anterior de Jair Bolsonaro, 49% da verba de publicidade era dividida entre as três emissoras, sendo 22% para a então líder Record, enquanto a Globo ficava com 20%.

Segundo apuração da Folha de S. Paulo, nos seus 4 anos de governo, o mandato de Bolsonaro investiu 2,1 bilhões em propaganda, enquanto o atual governo de Lula já investiu 120 milhões em apenas 6 meses.

Como o governo explica essa distribuição?

Segundo a Secom, os grupos têm números diferentes de veículos, audiência e o portal de despesas está “em constante atualização”, sem dizer qual critério utiliza para direcionar os recursos de TV.

A Secom afirmou apenas que "não são arrazoados os comparativos feitos pela Folha" e que usa "normativos e estudos técnicos apresentados pelas agências" como critérios. "Tais como: audiência, segmento, cobertura etc.".