Líderes de países da União Europeia estão pensando em como reformular seu sistema de defesa nuclear, à medida que Trump vem mudando as políticas americanas para a região.
A mudança na postura dos EUA, que por mais de 80 anos garantiram a segurança da Europa, tem causado preocupações sobre a capacidade de defesa do continente.
O primeiro-ministro polonês Donald Tusk disse que eles estariam mais seguros se tivessem seu próprio arsenal nuclear.
Com isso, não defendeu uma bomba nuclear polonesa, já que “o caminho para isso seria muito longo, e teria que haver um consenso”.
O que Tusk defende é a proposta do novo chanceler alemão Friedrich Merz, que negocia com o Reino Unido e a França para que as duas potências atômicas “complementem o escudo nuclear americano”.
O presidente francês Emmanuel Macron chegou a dizer durante um pronunciamento no dia 5 de março que a França estaria debatendo “o uso de nosso poder de dissuasão para proteger nossos aliados no continente europeu”.
No entanto, declarações de Macron sobre armas nucleares na guerra da Ucrânia geraram dúvidas sobre a disposição francesa de arriscar uma guerra nuclear em apoio a aliados.
Em 2022 o presidente disse que não usaria suas armas nucleares se a Rússia disparasse um artefato do tipo contra a Ucrânia.
No discurso ele afirmou que os interesses da França estavam definidos e “eles não estariam em jogo se houvesse um ataque balístico nuclear na Ucrânia” e depois estendeu a fala para a “região”.
Dar a certeza de que existe possibilidade real de uma retaliação nuclear para inimigos em potencial é parte fundamental para a estratégia de dissuasão.
Apesar das declarações de Macron, o francês afirma que a proteção dos vizinhos europeus está entre os “interesses vitais” do país.
Acordos emblemáticos entre França e Reino Unido em 1995, e entre França e Alemanha em 2019, destacam o reconhecimento de que as armas nucleares francesas protegem seus parceiros.
Ainda assim há diálogos sobre opções para expandir a dissuasão nuclear europeia com os armamentos franceses e ingleses.
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Uma das principais questões é como as armas nucleares seriam usadas para a segurança coletiva.
Já houve negociações para a criação de programas de parcerias para o dos artefatos nucleares, mas dificilmente a França aceitaria abrir mão da soberania sobre o assunto.
Uma possibilidade é que países do continente imitem o modelo americano de dissuasão estendida.
Durante décadas, os EUA garantiram que um ataque nuclear a um de seus aliados da OTAN seria respondido da mesma forma, sem abrir mão do controle das bombas.
França e Reino Unido poderiam adotar uma postura semelhante para garantir a segurança do continente em um cenário sem a presença intensa dos EUA na região.
Um dos problemas para os países europeus conseguirem aplicar a estratégia de dissuasão próxima da americana é a baixa quantidade de artefatos nucleares que possuem.
A França mantém aproximadamente 290 ogivas nucleares, enquanto o Reino Unido possui 225.
Os EUA mantêm 5.044 ogivas nucleares sozinhos, mais de 100 delas em países aliados. Já a Rússia conta com aproximadamente 5.580 artefatos.
Além disso, o Reino Unido depende de tecnologia americana para o design, fabricação e manutenção de seu sistema de mísseis balísticos Trident.
Propostas históricas de colaboração entre França e Reino Unido poderiam ser revistas em resposta a ameaças à segurança europeia.
Por exemplo, a cooperação no desenvolvimento de novas tecnologias nucleares ou na modernização dos arsenais existentes poderia fortalecer a dissuasão europeia.
Atualmente, as discussões sobre a expansão da dissuasão nuclear do continente europeu estão em estágio inicial.
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