Em uma manhã fria de dezembro, enquanto a neblina ainda cobria os campos da Alemanha, Jörg Schäfer, um agricultor de Osthessen, preparava-se para uma jornada que marcaria não apenas sua vida, mas a de milhares de agricultores por todo o continente europeu.
Jörg montou em seu trator não para o trabalho diário nos campos, mas para se juntar a uma caravana que rumava para Berlim, a capital do país. Era o início de um dos maiores protestos da Europa dos últimos anos.
Jörg, como muitos outros, estava sob o peso de uma notícia recente: o governo alemão propôs eliminar benefícios fiscais vitais para o setor agrícola. Para Jörg, essa medida significava um aumento insustentável de custos mensais entre 1.100 a 1.300 euros:
"Isso é tão inaceitável", disse em meio aos protestos.
A fazenda de Jörg é sustentada por sua família há gerações, cultivando 130 vacas e gerenciando 200 hectares de terra arável. Além de alimentar seu país, os agricultores são um dos setores que mais pagam impostos na Europa.
Para produzir alimento suficiente para a população, os agricultores precisam de diesel e defensivos agrícolas. O combustível faz as máquinas funcionarem e os defensivos agrícolas preservam as plantações. Sem isso, não haveria comida em larga escala.
Porém, a agenda de grande parte dos governos europeus e da União Europeia (UE) busca acabar com essas ferramentas dos agricultores.
Em 2022, o governo federal da Alemanha introduziu um ato que prevê uma redução de 65% nas emissões de CO2 até 2030, 88% até 2040, e fim das emissões até 2045. A medida visa seguir a Agenda 2030, da ONU.
A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, possui uma política de abandono dos defensivos agrícolas em 50%.
Além de prejudicar a produção dos alimentos, essas medidas levam os produtores rurais da Europa a terem gastos exorbitantes para encontrar ferramentas alternativas.
A teoria que baseia as políticas europeias é o ambientalismo, uma agenda social sem comprovações científicas definitivas.
Após pagar muito ao Estado e receber pouco, os produtores rurais alemães decidiram dar um basta na situação.
Convocados pela Associação Alemã de Agricultores, mais de 1.500 tratores "invadiram" Berlim em dezembro do ano passado.
Joachim Rukwied, o presidente da associação, declarou abertamente que os planos do governo eram uma "declaração de guerra" contra o setor:
"A partir de 8 de janeiro, estaremos presentes em todos os lugares de uma forma que o país nunca viu antes", prometeu, sinalizando o início de uma luta prolongada pela sobrevivência dos agricultores.
O governo respondeu aos protestos defendendo a necessidade dos cortes como parte de um esforço para reformular o orçamento de 2024, uma decisão feita por ordem do Tribunal Constitucional da Alemanha.
Para os agricultores, essas medidas representavam uma ameaça direta à sua existência, pressionando-os a produzir com custos mais elevados. O novo cenário tornaria os agricultores alemães menos competitivos no mercado global.
Em meio a vaias dos agricultores, o ministro da Agricultura, Cem Özdemir (partido Verde) discursou à multidão, prometendo lutar para que os cortes não fossem tão extremos.
Os protestos na Alemanha abriram caminho para que agricultores de toda a Europa fizessem o mesmo, gerando um dos maiores protestos dos últimos tempos.
Em 2024, agricultores de ao menos 7 outros países estão se manifestando massivamente contra a União Europeia e suas medidas ambientalistas. Eles são:
Além de passeatas nas capitais, manifestantes francesas fizeram fogueiras na porta de prédios do governo.
Em Dijon, agricultores jogaram fezes em prédios governamentais.
Um dos principais destinos dos manifestantes foi Bruxelas, capital da Bélgica e sede do Parlamento da União Europeia. Os manifestantes fizeram passeatas com tratores, atearam fogo em regiões da cidade e arremessaram ovos nos prédios da União Europeia.
Após meses de protestos, a revista Forbes noticiou que os agricultores estão conquistando algumas de suas demandas.
A Comissão Europeia anunciou que pretende abandonar planos de reduzir em 50% a utilização de defensivos agrícolas. Outra medida anunciada é a retirada do setor agrícola da política de redução dos supostos gases causadores do efeito estufa.
Os grandes protestos chamaram atenção pelo mundo, levando o professor do H.E.C. Paris Business School, Alberto Alemanno, a declarar:
“A questão dos agricultores deverá dominar a competição eleitoral, tornando-se uma das poucas questões que vai envolver todos os países e todos os partidos.
O próximo ciclo político da UE (2024-29) será menos verde. Os protestos recentes são apenas um prelúdio de novos confrontos que estão por vir”.
Segundo Luc Vernet, secretário-geral do think tank Farm Europe, os agricultores precisam de mais apoio ao investimento:
“Os agricultores já não têm acesso a dinheiro barato e os banqueiros estão muito mais relutantes em emprestar. Precisamos refletir dentro da União Europeia sobre como concretizar a transição, porque é claramente necessário seguir em frente”, disse ele à Reuters e CNBC.
Para entender a fundo o que está por trás do ativismo midiático e ideológico nas pautas do meio ambiente, a Brasil Paralelo reuniu muitos dos maiores especialistas no assunto, como:
Os entrevistados ainda abordam como realmente atua o agronegócio brasileiro e quais são os possíveis caminhos de desenvolvimento que beneficiariam ainda mais toda a sociedade brasileira.
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