Bruno Musa e Fábio Lima se depararam com Petare, a maior favela da América Latina no capítulo anterior. Durante a visita, conheceram Os Coletivos, uma milícia armada que funciona como uma espécie de justiça paralela.
No capítulo de hoje, eles descobriram que elas atuam em outros lugares do país, além de compreenderem a realidade da mídia venezuelana.
Ao sairmos de Petare passamos em um posto de gasolina com uma fila quilométrica de carros para abastecer.
Mas o que era estranho ali não era a fila, era a presença dos Coletivos cobrando uma espécie de propina para liberar o abastecimento.
Era um posto de gasolina estatal com combustível bem barato, mas só você só poderia abastecer se pagasse uma taxa prévia aos Coletivos, e ainda tinha um outro impasse:
Não era qualquer um que poderia abastecer nesse posto. Nossa guia nos explicou que somente quem tivesse o registro liberado poderia abastecer, uma espécie de pré-cadastro.
Se você não tiver esse cadastro ou se não quiser pagar a taxa dos Coletivos, você só pode abastecer nos postos de gasolina privados, que são bem mais caros.
Os Coletivos não estão presentes apenas na favela, estão presentes em todo o país.
Nosso motorista inclusive comentou que um amigo dele que mora na fronteira com o Brasil, prefere abastecer no Brasil, pois a qualidade do combustível brasileiro é muito superior. O combustível veneuelano é mais barato mas pode danificar o motor dos carros.
Nossa guia, por ter sido jornalista no passado, disse que ainda tem muito contato com alguns jornalistas de Caracas e que nos levaria até eles, então aproveitei a oportunidade e fui.
Fomos em um empresarial onde funcionava um coworking, e lá estavam os jornalistas de um jornal digital, e aproveitei para entender o que se passava com a mídia de lá.
A internet na Venezuela é bem ruim em todos os locais, por isso os questionei sobre como as pessoas têm acesso a informação que eles publicam.
Eles contaram que muitos de fato não têm acesso, principalmente o pessoal mais pobre ou os que vivem em cidades que ficam por horas sem energia elétrica.
Mas algumas pessoas imprimem o PDF semanal de notícias que eles produzem, por conta própria, e distribuem pelas cidades próximas, distribuindo assim a informação para mais pessoas.
Fiquei bem reflexivo com essa informação, tanto com a situação arcaica de ser necessário imprimir o PDF do jornal, como com a determinação das pessoas que realizam esse trabalho de distribuição por conta própria.
Perguntei sobre a liberdade de imprensa no país e o que ficou claro para mim foi que eles se auto censuram, pois sabem que se falarem coisas que desagradam o governo estarão em sério risco.
Um dos jornalistas que também falamos, foi o Isnardo Bravo, uma espécie de Ratinho de lá. Ele já teve um programa de TV e é bem querido pelas pessoas, alguns até apostam nele para ser presidente um dia.
Isnardo deixou claro que o que existe na mídia da Venezuela não é medo, é pavor.
Que a imprensa de fato evita falar o que deve para não receber retaliações.
Ele inclusive me contou sobre o dia que foi preso injustamente.
Ele me contou que seus sobrinhos foram sequestrados e ele ficou desesperado, e chamou um colega policial para o ajudar a achar os meninos.
Esse policial costumava falar mal do governo e se envolver em manifestações, assim ele acabou sendo assassinado e Isnardo foi acusado de cometer esse crime, mesmo sem nenhum envolvimento.
Ele disse que não foi maltratado na prisão, e que quando foi liberado os policiais ficaram mandando ele falar que foi bem cuidado para os demais e para a imprensa
Em seguida, fomos até um jornalista que cuida de uma espécie de sindicato de jornalistas, ele consegue advogado quando algum jornalista é preso etc, mas não tem uma redação, ou site.
Na realidade ele não atua como jornalista. Vive mesmo de uma pequena gráfica que tem casa, faz brindes, faixas, esse tipo de produção.
Foi aí que fiquei sabendo da Lei do Ódio, uma lei que classifica o que você fala contra o governo como "discurso de ódio", e se você for enquadrado nela pode ser condenado a até 20 anos de prisão.
Bom, com uma lei dessas não é de se esperar que a mídia fique tão quieta.
Voltei para o hotel e fiquei sabendo que amanhã terá uma espécie de encontro político, um evento que reunirá jornalistas e figuras políticas da oposição.
Eu mal posso esperar para dar uma olhada nesse evento e conversar com algumas dessas pessoas.
Ass.: Bruno Musa
A convite da Brasil Paralelo, Bruno Musa foi até a Venezuela para ver com seus próprios olhos a realidade nua e crua desse país. O economista e empreendedor conheceu a realidade dos venezuelanos tendo conhecido pessoas e ouvido relatos sobre a realidade do dia a dia.
A viagem ajudou a revelar o que é verdade e o que é mentira sobre o que é dito do país. O novo Original Brasil Paralelo é uma produção inédita contada pelo próprio povo venezuelano e com imagens inéditas feitas dentro do país.
A viagem virou o novo documentário da Brasil Paralelo: Infiltrados: Venezuela, que estreia em junho.
Toque no link e conheça essa história.
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