A liberdade de expressão no Brasil está sendo investigada. Membros da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) estão realizando uma visita oficial ao Brasil entre os dias 9 e 14 de fevereiro. O órgão é ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA).
A comissão virá ao país a convite do governo Lula, com o objetivo de avaliar a liberdade de expressão no país.
O grupo tem visitado o Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo e já conversou com parlamentares, ministros do Supremo e outras autoridades relevantes.
A comitiva brasileira é liderada pelo advogado colombiano Pedro Vaca Villarreal. Mestre em Direito pela Universidad Nacional de Colombia, ele foi professor de Políticas e Direito dos Meios de Comunicação na Universidad del Rosario. Com mais de 12 anos de atuação em Direitos Humanos, desenvolveu uma renomada carreira na proteção a jornalistas e à liberdade de expressão.
Também atuou como instrutor em um programa da Unesco focado em liberdade de expressão, acesso à informação pública e segurança dos jornalistas.
Seu mandato como Relator Especial começou em outubro de 2020 e, posteriormente, foi renovado por três anos, até 31 de outubro de 2026.
Antes de começar a trabalhar para a OEA, presidiu a Fundación para La Libertad de Prensa (Flip), na Colômbia.
Um dos financiadores da ONG foi a Open Society Foundation, liderada por George Soros, um dos maiores apoiadores internacionais de causas progressistas.
Entre 2016 e 2021, a fundação arrecadou US$1,17 milhão. Além disso, faz parte da rede Ifex, um coletivo mundial comprometido com a defesa da liberdade de expressão, que também recebeu financiamento substancial da Open Society de 2016 a 2022.
Villarreal acredita que “a Justiça precisa saber distinguir declarações perturbadoras de discursos de ódio”:
“A liberdade de expressão é um direito amplo”, afirmou em entrevista à Folha de São Paulo.
Na ocasião, criticou o bloqueio do Telegram no Brasil, e ressaltou a importância de as plataformas encontrarem uma forma de interagir com sociedades democráticas de modo responsável.
Também criticou a governança online e ataques à liberdade de imprensa em países como Venezuela e Cuba.
Na entrevista, disse que a principal crítica que o Brasil enfrenta na Comissão de Direitos Humanos da OEA é sobre jornalismo e democracia. Criticou as ações movidas por jornalistas:
“O caso de Rubens Valente [jornalista condenado junto com uma editora a pagar mais de R$300 mil de indenização [ao ministro do Supremo Gilmar Mendes] é um que acompanhamos de perto. É delicado em termos de impacto na liberdade de expressão e pode enviar uma mensagem muito forte em relação à tolerância com a crítica que podem ter determinadas autoridades públicas no Brasil.”
Afirmou ainda que as perseguições podem estar resultando em autocensura, ou seja, quando profissionais da área passam a ter medo de realizar o próprio trabalho. Ele criticou as ações movidas contra profissionais de imprensa:
“Quando vão se aproximar de um assunto que já tenha gerado ameaças, situações de estigmatização, violência sexual, podem pensar duas ou três vezes ou simplesmente não cobrir o assunto. O grande sacrifício é que a sociedade recebe menos informação sobre questões de interesse público.
Ele também disse que existem algumas iniciativas das big techs para combater os discursos de ódios, porém, segundo ele, o que estão fazendo não é proporcional aos danos causados:
“Há situações, e isso está ocorrendo em diversos países, em que se pede cooperação a essas plataformas com alguns assuntos, e é uma cooperação que não é homogênea.”
Villarreal também deixou claro que não se pode chamar toda narrativa perturbadora de “discurso de ódio”. Segundo ele, há algumas características para esse tipo de discurso:
Segundo diz, “para se encaixar no critério [de fala de ódio] e para que os Estados estejam autorizados a limitá-lo, precisaria entrar nesses critérios, de acordo com o direito internacional.”
A Comissão de Direitos Humanos anunciou que durante sua visita ao Brasil, irá realizar consultas que incluem autoridades, jornalistas e organizações de direitos humanos.
O convite foi feito pelo governo Lula à OEA e foi visto como uma iniciativa positiva por entre políticos oposicionistas, jornalistas e formadores de opiniões que tiveram contas em redes sociais censuradas.
Nos dias que antecederam à visita, a Suprema Corte desbloqueou as redes sociais de várias figuras importantes como Luciano Hang, Guilherme Fiúza e Bruno Abib, o Monark.
Políticos e articulistas de esquerda defendem que redes sociais são utilizadas para propagar discursos de ódio.
Um exemplo é o da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, que costuma dizer que o STF protege a democracia brasileira.
Após um encontro com ministros do STF na sexta-feira, dia 7 de fevereiro, Pedro Villareal recusou-se a falar com a imprensa que aguardava sua saída do tribunal.
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