No dia 19 de outubro de 2024, Ana Paula Henkel entrou para o Hall da Fama do vôlei. A cerimônia foi em Holyoke, nos Estados Unidos.
Em seu discurso, Ana disse:
“É uma grande honra estar aqui hoje, com todos esses nomes incríveis. Gostaria de agradecer ao Hall da Fama e a todo o seu pessoal. Também agradecer aos meus técnicos e colegas que me ajudaram e aos milhares de fãs brasileiros que votaram em mim. É surreal ver na minha mente o quebra-cabeça da vida de 40 anos no vôlei se montando. Estou muito emocionada”.
No mesmo dia, o ex-técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães, também recebeu a honraria.
Ana Paulo Rodrigues Henkel é uma jogadora de vôlei brasileira. Ela nasceu em Lavras, Minas Gerais, no dia 13 de fevereiro de 1972. Atualmente, tem 54 anos de idade.
Ana se aposentou do vôlei em 2010, quando se casou com o também ex-atleta Carl Henkel. Ela tem um filho e uma enteada. Ana torce para o Cruzeiro por influência do pai, Paulo Monteiro Rodrigues.
Ana Paula treinou balé e atletismo durante a infância, até entrar para o time de vôlei de sua escola. Por causa da boa performance, conseguiu uma vaga no Lavras Tênis Clube. Tempos depois, foi para Belo Horizonte, onde jogou pelo Mackenzie e pelo Minas Tênis Clube.
Em 1989, entrou para a seleção brasileira juvenil. O time venceu o campeonato Sul Americano. Pouco depois, foi bi-campeã mundial de vôlei. Os feitos lhe renderam uma vaga no time que disputou os Jogos de Barcelona em 1992.
Dois anos depois, casou-se pela primeira vez com Jeffty Connelly, com quem ficou até 1998. O casal não teve filhos. Enquanto era casada, tornou-se tricampeã do Grand Prix de vôlei, sendo vitoriosa nos anos de 1994, 1996 e 1998. Além disso, conquistou a BCV Cup em 1994 e 1998.
Ana Pauta participou de competições históricas da seleção brasileira, incluindo a primeira disputa pela medalha de bronze, em 2000. Na época, chegou a ser chamada de “a musa do vôlei”.
Logo após a Olimpíada, descobriu algo que mudaria sua vida e a de muitos desconhecidos.
Em 2000, Ana Paula Henkel estava no auge de sua carreira e tinha acabado de assinar um contrato de seus sonhos, quando descobriu que estava grávida:
“Era o contrato que eu planejei a vida inteira, pois desde os 15 anos eu sabia que queria ser uma atleta olímpica. O ano de 2000 foi tudo, e eu estava a caminho da minha terceira Olimpíada quando fiquei grávida".
Só que uma das cláusulas estipulava que o acordo seria cancelado em caso de gravidez. Tudo indicava que ela faria um aborto.
Mesmo com medo, decidiu procurar seus pais em busca de ajuda. Sua mãe começou a chorar, afinal a filha estava onde sempre quis. Foi quando seu pai disse à esposa:
“Você vai chorar dessa maneira porque a vida está batendo na porta da minha casa? Não me interessa a condição; a vida está batendo na porta da minha casa, e eu vou abrir. Eu vou celebrar isso".
Depois disso, enfrentou a pausa de um sonho. Voltou às quadras depois do nascimento do filho, Gabriel. Hoje, celebra a vida de Gabriel, que chama de sua maior conquista.
“Meu melhor amigo é o meu filho, que vai fazer 20 anos”, contou em 2020, durante o Especial de Natal da Brasil Paralelo.
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Depois do nascimento de Gabriel, Ana e o treinador de vôlei Marcos Miranda, seu segundo esposo e pai de seu filho, decidiram se separar.
Tornaram-se bons amigos e ela seguiu a carreira no vôlei. Nesse meio tempo, abandonou as quadras e se dedicou ao vôlei de praia.
Formou dupla com a jogadora Sandra Pires. As duas participaram dos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004, mas não conquistaram uma medalha olímpica.
Quatro anos depois, nos Jogos de Pequim 2008, Ana disputou a mesma modalidade ao lado de Larissa, mas novamente não conseguiu medalha.
Em 2007, conheceu o americano Carl Henkel, um advogado e ex-jogador de vôlei. O casal se apaixonou e engatou um romance. Ele também já tinha uma filha, chamada Victoria.
Ana e Carl casaram-se em 2010, na presença dos filhos e de amigos. A cerimônia aconteceu em Araras, região serrana do Rio de Janeiro. Em seguida, mudaram-se para a Califórnia, onde fixaram residência. Depois do casamento, Ana se aposentou das quadras.
Morando fora do Brasil, ela cursou arquitetura na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Depois de concluir o curso, fez mestrado em Ciência Política na mesma instituição.
Em 2016, os comentários de Ana Paula sobre a presença de trans no esporte feminino começaram a se tornar populares no Brasil.
Isso lhe rendeu uma acusação de transfobia. Em um post no Instagram, ela ironizou o fato de uma trans ter vencido na natação feminina. Ana defende que o esporte feminino deve ser disputado apenas por mulheres biológicas.
“Respeito como as pessoas escolhem viver suas vidas, mas jamais aplaudirei isso no esporte. Jamais".
No ano seguinte, ganhou uma coluna no jornal O Estado de São Paulo, onde começou a falar sobre esses e outros assuntos. Ela também passou a escrever para a Revista Oeste.
Em 2020, esteve à frente do programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan. Ana é uma defensora ferrenha do esporte feminino e se posiciona contra a presença de transexuais na modalidade.
Em 2022, pediu demissão da emissora. Em sua conta no X, afirmou que deixou a bancada do programa em apoio a Augusto Nunes. O jornalista havia sido demitido da emissora pouco tempo antes.
"Foi ele quem me levou para a Jovem Pan e, de fato, manteve-me no programa. Na semana de sua saída, ele veio me pedir para que eu ficasse. Então eu fiquei, obedecendo às ordens do nosso mestre. No entanto, seguir no programa sem a perspectiva da volta dele é impossível. E por isso, pedi meu afastamento", escreveu a atleta.
Hoje, participa do jornal web 4 por 4. Ela divide a bancada com Guilherme Fiuza, Rodrigo Constantino e Luís Ernesto Lacombe.
Para ela, o desafio é o que move o ser humano. Em entrevista ao Contraponto, contou que essa foi a maior lição de seu pai. Assista à entrevista completa:
O trabalho de Ana Paula para ajudar mães que um dia pensaram em abortar começou já há um tempo. Ela trabalhou durante quatro anos em uma ONG que ajuda mulheres grávidas que cogitavam o aborto.
No local, havia médicos, enfermeiros e assistentes que jamais julgavam as mulheres que ali chegavam pensando em abortar. Ao contrário, acolhiam e davam suporte.
Anos mais tarde, recebeu fotos e cartões de algumas das crianças cujas mães decidiram seguir com a gestações
“Muitas dessas fotos de bebês tinham a frase:
'A voz do seu pai mudou o meu caminho'. Meu pai já tinha falecido. Ele foi professor a vida toda, e sempre falamos da vocação dele em ser pedagogo."
A trajetória de Ana Paula Henkel é inspiração para muitas pessoas apaixonadas pelo esporte. De uma menina do interior de Minas Gerais a uma das maiores atletas da história brasileira, seu nome hoje está no Hall da Fama do esporte.
Veja o relato dela na íntegra:
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