A série original da BP, Investigação Paralela, vem se destacando no ramo true crime (crimes reais) brasileiro. Parte importante dos principais crimes que marcaram o país já foram investigados, como o assassintato de Celso Daniel, o sequestro de Abílio Diniz e as mortes do triplex da prisão de Lula.
Após várias investigações, o roteirista e apresentador do Investigação Paralela, Henrique Zingano, contou como são feitas as pesquisas, além de outros detalhes do programa.
Confira na íntegra:
Zingano, antes de entrarmos em como são feitas as investigações do programa, o que te motivou a fazer mais uma série de investigação criminal se já existem outras com o mesmo tema?
“Existem outros programas investigativos, mas não com o mesmo tema. Por causa da independência editorial da Brasil Paralelo, nós conseguimos tratar de temas que ninguém da grande mídia pode ou têm interesse em tratar.
A motivação veio justamente por isso: pelo fato desses assuntos serem escondidos do povo brasileiro por tanto tempo. É notório que a grande mídia se utiliza da sua suposta isenção e confiança geral do público para passar uma agenda política e ideológica.
Por causa disso, acabam tirando o foco das notícias que realmente importam, e nós aqui no Investigação Paralela fazemos esse trabalho reverso, de mostrar a verdade sobre esses casos tão polêmicos e pouco falados pela “elite” do jornalismo. Depois não sabem porque estão falindo, risos”.
Como são feitas as investigações criminais do programa?
“Tudo começa na concepção do caso. Acompanho bastante política, gosto de conversar com pessoas sobre isso. Dessas conversas e das pesquisas no meu tempo livre saem as ideias dos episódios.
A partir disso, também é feita uma pesquisa complementar livre no youtube e no google sobre o caso. Assisto todos os vídeos, leio todas as matérias e artigos que existem na internet referente ao tema. Faço então uma enorme compilação dessas informações em um documento.
O material reunido é apresentado para a equipe do Investigação Paralela. Imediatamente, os pesquisadores da Brasil Paralelo vão atrás dos fatos do caso e das principais opiniões. Os pesquisadores sempre buscam documentos de fonte primária, fatos comprovados.
Nossa intenção é mostrar a verdade dos fatos, não induzimos o espectador, apenas mostramos o que é comprovado. Para que isso ocorra, temos pessoas que trabalham exclusivamente nesta tarefa.
O formato do programa é: apresentação dos fatos, teorias, conclusão. Começo a organizar essas informações nesse formato. Depois de organizadas, vou atrás de pessoas que tenham conhecimento ou até envolvimento com o caso.
Sejam policiais, advogados, testemunhas e especialistas. Confirmo as informações pesquisadas e verifico se ainda falta algum ponto chave na história. Com tudo reunido, começo a desenvolver o roteiro e escrever as locuções. Depois disso, começamos a produzir o vídeo”.
Qual foi o caso mais difícil que você já investigou?
“O último episódio da primeira temporada acredito que foi o mais desafiador em termos de pesquisa. A ideia do episódio surgiu após a publicação do artigo do Nicholas Wade que falava sobre as origens do vírus da COVID-19.
O artigo tem quase 100 páginas e explica de uma forma bem didática como a origem do laboratório é mais provável. Como concatenar, organizar e replicar essas informações em forma de documentário foi um desafio e tanto, não só pelas questões técnicas de biologia e química, mas também pelo número de informações trazidas no artigo.
É o meu segundo episódio favorito da primeira temporada, ficando atrás apenas da morte do Celso Daniel. Na segunda temporada, o mais difícil foi o da Mariana Ferrer. Desconstruir a narrativa da mídia não foi fácil. O processo tinha mais de 3000 páginas.
Tivemos um longo trabalho de estudo do caso e organização das informações. O processo de edição foi bem pesado, trabalhamos com 6 entrevistas nesse episódio. Fazer elas conversarem entre si é sempre um desafio, mas acredito que deu muito certo. Considero esse o melhor episódio da segunda temporada”.
E o mais fácil?
“Fácil de fazer, nenhum deles foi. O trabalho de pesquisa, edição e finalização requerem muita técnica e atenção. Somos uma equipe de 6 pessoas dedicadas à série e cada um têm um desafio diferente. Mas acredito que o que deu menos trabalho foi o da Suzane Von Richthofen.
Existem filmes e bibliografia extensa sobre o caso. O que eu trouxe de novo, que não estava nos livros e nos filmes, foi a origem do dinheiro do pai de Suzana, provavelmente oriundo em parte da corrupção estabelecida pelo PSDB na Dersa”.
Quais foram os principais avanços da 2ª temporada com relação a 1ª?
“O principal avanço eu acredito que seja o estético. A parte de Motions Graphics, 3D e edição evoluíram bastante, deixamos tudo mais bonito nessa segunda temporada. O episódio da Mariana Ferrer em especial contém animações de mensagens de whatsapp e posts do instagram que são de nível netflix mesmo”.
Você tem medo de ser procurado por ter mexido onde não deveria?
“Uma forma mais digna de morrer é morrer por uma causa. Desde que entrei na Brasil Paralelo em 2017, estou nessa missão de levar informação e entretenimento para as pessoas que estão prontas para ouvir a mensagem, e não pretendo desistir tão cedo. Não devo nada pra ninguém, não tenho rabo preso com ninguém, e isso garante que eu consiga fazer o que faço sem ser incomodado.
Mas claro que existe a perspectiva da morte. Quem dera eu poder incomodar tanto essa gente a ponto de pensarem em me matar. Temo mais pelas pessoas próximas de mim do que pela minha própria vida. Mas acho que quem realmente incomoda essas pessoas são os policiais, juízes e promotores. Esses, quando agem da forma certa, são os verdadeiros heróis”.
Quais são suas referências para o programa?
“Ryan Gosling, Patrick Bateman. E claro, Alex Jones”.
Muito obrigado pela entrevista, Zingano. Agradecemos o tempo dedicado ao portal da BP e desejamos boas investigações para a 3ª temporada.
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A 3ª temporada do programa do Investigação Paralela já está disponível. Assista a série clicando aqui.
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