No último dia 9, estreou As Marvels, novo lançamento da Marvel Studios. Logo de início, ficou claro pela bilheteria que o filme é um fracasso. Mesmo com seus 270 milhões de dólares de orçamento e sabe-se lá quanto gasto com marketing, ele já é considerado uma "bomba". Foi a pior estreia da história do estúdio.
Mas este não é um caso isolado. Ele ilustra muito bem como Hollywood está em plena crise. E mais uma vez, eles parecem pegos de surpresa. Mas o dilema que os aflige é mais que previsível; é velho. É consequência de uma busca por objetivos contraditórios, que acaba por sabotá-los. As Marvels é apenas o último exemplo que escancara esta situação.
Hollywood se vê presa em uma contradição. Aqueles que em outros tempos acusaram os grandes estúdios de pensar apenas em dinheiro e de alienar o grande público, parecem agora ter sequestrado os meios para realizar grandes produções, ancoradas em grandes marcas como a Marvel.
Estes produzem filmes que intencionalmente excluem vastos setores do público devido às suas pautas, e acabam por fracassar. No momento seguinte, os executivos dos estúdios e seus parceiros na imprensa se perguntam por quê. O meme abaixo sobre o filme As Panteras (2019), embora use manchetes falsas, não está tão distante da realidade:
Na primeira manchete que se vemos acima, está escrito: “Homens héteros brancos: este filme não é para você. Ao lado, uma nova versão: Por que homens héteros brancos se recusam a ver esse filme?
O jogo é previsível. Os estúdios gastam quantidades obscenas de dinheiro em produções que, se falharem, é devido ao público "machista", "racista", ou o que quer que seja. Eles querem o dinheiro do público, ao mesmo tempo que abertamente o desprezam. A diretora de As Marvels, Nia da Costa, disse em entrevista:
"…existem grupos que são verdadeiramente hostis, violentos e promovem o racismo, sexismo, homofobia e todas essas coisas terríveis. Eu opto pelo lado positivo. Essa é a vertente da comunidade de fãs que mais me atrai."
Fica a impressão que alguém que critica o filme, ou ainda, critica a crença que orienta as decisões dramáticas e estéticas, deve pertencer ao primeiro grupo, de acordo com a diretora.
Na comunicação oficial da Disney para a imprensa, é dito “Não perca a chance de assistir ao poder feminino nas telonas!”. Eles parecem não ter ideia do que estão falando. Parece-me que eles sofrem uma espécie de amnésia coletiva e não sabem mais o que é uma mulher.
Por mais óbvio que seja, vemos sendo produzido por Hollywood personagens com características claramente masculinas sendo interpretados por mulheres. É o cinema anti-mulher. São atrizes, vestem-se como mulheres, soam como mulheres, mas agem como homens. É um tanto cansativo ver tantas cenas de luta em que uma mulher derrota um homem. Sabemos que na realidade isto é extremamente improvável.
Um exemplo é o filme Mulher Rei (2022) onde a personagem Nanisca, interpretada por Viola Davis, derrota um homem com o dobro de seu peso e a metade de sua idade em um embate físico direto.
Não à toa, em ficção, especialmente em contextos fantásticos, enquanto os homens têm poderes físicos, as mulheres têm poderes mágicos. Isso ocorre pois no mundo real elas têm de fato poderes mágicos. Uma mulher consegue destruir um homem com uma palavra, ou um olhar, enquanto um soco não faria absolutamente nada. Como Jordan Peterson coloca, a rejeição de uma mulher é a rejeição pela própria natureza, é a condenação à morte.
As mulheres de As Marvels não tem conexão com nada que experimentamos na vida real. Os personagens de quadrinhos nos comovem pois são versões muito exageradas de tipos que vemos na vida real, vivendo dramas humanos universais. As heroínas "empoderadas" não tem nada disso. Elas se comportam como as feministas imaginam que os homens se comportam.
Quando de fato se comportam como mulheres, como Wanda na série Wanda Vision, suas ações perversas são de alguma forma justificadas pela trama. Elas estão acima do bem e do mal, apenas por serem mulheres. O olhar anti-feminino na ficção destrói as heroínas, por tentar transformá-las em homens, e também destrói as vilãs, pois afirma que as mulheres são incapazes de fazer o mal. O que sobra são apenas mentiras e tédio absoluto.
Tente lembrar das histórias do passado. Não há vilã mais feminina que a rainha de A Branca de Neve (1937), que busca aprovação de um espelho para lidar com a inveja que sente de uma mulher mais bela e jovem, chegando ao ponto de tentar matá-la.
Sentimos em nossos ossos que este tipo de monstruosidade é real, humana e intensamente feminina. Não precisamos de teorias para nos convencer disso. Basta lembrar-se que tudo que os irmãos Grimm fizeram foi juntar histórias que mães, avós e babás contavam para as crianças. Não à toa tantos contos de fadas possuem preocupações tão femininas.
Você não encontrará nada disso em As Marvels; lá as mulheres resolvem tudo “na porrada".
O leitor deve ter notado que disse muito pouco sobre o filme. Não há muito o que dizer. É mais um uso de uma fórmula cansada, na qual cenas entediantes não se conectam umas com as outras, os personagens não convencem ninguém, e no qual 90 minutos parecem 300.
Tudo isso banhado em efeitos especiais que parecem ao mesmo tempo caros e mal feitos, sem mencionar um número musical completamente aleatório (não estou brincando). E, para melhorar tudo, se espera que você, o espectador, faça a lição de casa e reveja todos os filmes anteriores, para poder posicionar este filme dentro da grande história sem fim que se tornou o universo Marvel. Lembrando que estamos falando um "multiverso", cheio de “quântico” isso, e “quântico” aquilo.
Eles claramente não sabem para que direção ir. Apoiam-se numa fórmula cansada, que depende do envolvimento do público com personagens consolidados, ao mesmo tempo que os destroem para atender suas causas políticas. Os efeitos têm sido claramente negativos, mas a auto percepção da elite Hollywoodiana é praticamente inexistente. Eles buscam explicações mirabolantes para o sucesso de filmes como Som da Liberdade (2023) quando na realidade a razão é muito simples: o filme trata de algo em que o público se importa.
O cenário é tal que estamos prestes a passar da farsa para o absurdo. Para a promoção do filme, a Marvel transmitiu ao vivo em seu canal de YouTube gatos brincando por 8 horas. Eles parecem não se importar mais.
Recentemente, foi lançado um novo episódio de South Park no qual o personagem Cartman tem um pesadelo em que todos seus amigos são substituídos "mulheres diversas". Ele se torna uma mulher negra, e seus amigos se transformam em mulheres de "minorias" que reclamam sobre o "patriarcado". Ele acorda em pânico pedindo para sua mãe checar se não há nenhum executivo da Disney escondido embaixo de sua cama. O sucesso de sátiras deste tipo revelam o que o público realmente pensa.
Ao observar esse cenário, é de se entender que Hollywood tenha tanto medo de softwares de I.A. substituírem os roteiristas. A qualidade do que é lançado prova que esses softwares não precisam ser tão bons assim para produzirem roteiros melhores que aquilo que sai de Hollywood hoje em dia. Vemos cada vez mais a falta de qualidade sendo justificada pela adesão às pautas "corretas". Se o filme não emplaca, é culpa dos trolls nas redes sociais ou do público "machista", "racista" etc.
Nós sabemos qual a solução para o problema. As lideranças em Hollywood parecem ter esquecido. Ela é simples, porém difícil: histórias originais com as quais o público possa se relacionar. As Marvels é apenas o mais recente exemplo de como as grandes produções de Hollywood estão deliberadamente distantes disso, tentando lucrar com fórmulas cansadas ao mesmo tempo em que se gabam de promover o "progresso".
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