Escrever um bilhete simples ou uma lista de compras. Possuir pelo menos uma dessas habilidades classifica a pessoa como alfabetizada pelo governo brasileiro.O censo escolar divulgado pelo IBGE no final de maio apontou que 93% da população do país possui essa capacidade.
Os dados mostram que o analfabetismo no Brasil caiu pela metade desde o primeiro estudo, há 142 anos. Na época, apenas 44% dos cidadãos sabiam ler e escrever.
Entre os estudantes de escolas públicas que têm entre 7 e 12 anos, apenas 56% estavam alfabetizados no ano passado. O ministério da Educação acredita que o índice é consequência do ensino remoto.
Parte dos alunos que hoje cursam o ensino fundamental não teve acesso à pré-escola devido à pandemia causada pelo Covid-19. Para o MEC, essa pode ser a explicação para o alto número de estudantes que é incapaz de escrever um bilhete simples ou fazer uma lista de compras.
São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais tiveram quedas significativas no número de crianças alfabetizadas em comparação com a pesquisa de 2019.
Minas Gerais perdeu 4% de seu índice de crianças alfabetizadas em comparação com 2019. No Rio Grande do Sul a queda foi 5% nos últimos 5 anos.
Outro estado que apresentou queda na porcentagem de crianças alfabetizadas foi São Paulo. Há 5 anos, o estado tinha 60% dos alunos de escolas públicas alfabetizados. Agora esse índice caiu para 52%, uma queda de 8 pontos percentuais.
Santa Catarina também contribuiu para a queda da média nacional. Em 2019, o estado registrou 69% de seus estudantes alfabetizados, agora o índice local caiu para 31%.
Uma das possibilidades levantadas pelo MEC é a de que os municípios não tiveram recursos para garantir o direito às crianças. A lei brasileira estabelece que a responsabilidade de alfabetizar os pequenos é do executivo local.
Essa hipótese acompanha a estatística de alfabetização por cidades divulgada pelo censo. O documento aponta que em locais com menos de 20 mil habitantes é de aproximadamente 15%, dependendo da faixa etária.
A ausência de recursos para investir na educação pode ter contribuído para a queda. A doutora em sociologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Betina Fresneda, opinou em entrevista a um portal de notícias que nas cidades com mais habitantes há mais infraestrutura, o que colabora para a obtenção dos melhores resultados.
A doutora afirma que o fato de muitos municípios ficarem em áreas rurais também influencia a estatística. Nesses locais, o acesso às instituições de ensino é mais difícil, o que aumenta a evasão escolar.
Uma surpresa positiva em relação à pesquisa foram os resultados da pesquisa no nordeste. No Ceará a alfabetização das crianças passou de 73% em 2019 para 85% na última pesquisa.
A reportagem de um grande portal de notícias pontuou que esse resultado poderia ser atribuído à união entre os municípios e o governo estadual. A matéria informa que no estado os prefeitos recebem suporte do executivo para formar professores e adquirir material didático.
Conta também que o ICMS arrecadado pelo governo estadual é revertido para esse fim, o que explicaria o sucesso no resultado da pesquisa.
A realização de um censo escolar é fundamental. A Agência Brasil descreve que o levantamento permite compreender e monitorar a educação brasileira.
A entidade explica que a estatística é usada para traçar estratégias que cumpram o Plano Nacional de Educação (PNE). É a maneira de o governo compreender como garantir ao cidadão o direito à educação.
Em sua aula no Travessia, da Brasil Paralelo, o professor Carlos Nadalim apresentou um dos aspectos mais importantes e pouco comentados sobre educação infantil: o desenvolvimento do capital familiar pré-escolar.
Segundo o professor:
"A família exerce, sim, um papel fundamental de estimulação dessas crianças antes mesmo do ingresso no ensino formal".
Segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) e das pesquisas do programa Estudo de Progresso Internacional em Alfabetização (PIRLS), as crianças cujos lares apresentam um ambiente favorável à leitura possuem um desempenho três vezes maior do que crianças de lares com baixo estímulo literário.
Nadalim aponta o baixo nível de leitura nos lares como um dos principais fatores para o sistema educacional brasileiro estar classificado entre os piores do mundo. Na edição de 2016 da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), 55% dos alunos no fim do 3º ano do ensino fundamental demonstraram um baixo conhecimento em leitura.
No âmbito do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), 4 entre 10 alunos não eram capazes de ler uma palavra da avaliação. Clique aqui e leia a matéria completa.
O cenário apresenta desafios para a alfabetização no Brasil, mas há exemplos positivos que podem servir de modelo.
A união de esforços entre famílias, escolas e poder público é essencial para reverter a queda nos índices de alfabetização e garantir que o maior número de crianças tenha acesso a uma educação de qualidade. Investir em políticas públicas eficazes, infraestrutura adequada e formação de professores é fundamental para melhorar a educação e o futuro do país.
A promoção de hábitos de leitura nos lares e o apoio às comunidades vulneráveis estão diretamente relacionados ao aumento dos índices de alfabetização. A plena capacidade de ler e escrever é a condição básica para que qualquer pessoa tenha acesso à cidadania.
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