Tallis Gomes

Fundador e mentor do G4 Educação. Fundador da Easy Taxi e Singu.

Por que big techs fazem conferências anuais e para que elas servem?

A tecnologia avançou, mas a lógica continua a mesma: quem controla a mesa de negociações, controla o jogo.

Tallis Gomes

Eventos como o Congresso de Viena (1814-1815), que redesenhou o mapa da europa após as guerras napoleônicas e as reuniões da Royal Society de Londres, fundada em 1660, entre a comunidade científica, são exemplos claros de como encontros estratégicos foram utilizados (e ainda o são) ao longo da história para discutir o futuro. 

Ambos tinham o propósito de reunir as melhores mentes de suas áreas para gerar impactos concretos

Tradições herdadas que, agora, contam com a expertise de devs, investidores, parceiros, jornalistas… A tecnologia avançou, mas a lógica continua a mesma: quem controla a mesa de negociações, controla o jogo.

Não é à toa que os encontros anuais das big techs — como Apple, Google, Microsoft e Amazon — são hoje uns dos principais marcos da agenda global.

De acordo com um report da Freeman 2024, esses espaços não são apenas momentos de confraternização e update, mas de geração de resultados concretos e palpáveis, como fechamentos de negócios, validação de ideias e formação de alianças. 

Mais que isso, eles marcam o tom para as direções estratégicas das organizações nas próximas décadas e quem está presente sai com uma vantagem competitiva real.

De fato, desde que deixei de ocupar a cadeira de CEO e chairman, tenho me permitido um deep dive no estudo das companhias centenárias que sobreviveram a, pelo menos seis gerações, e cada vez fica mais claro que todo business que prospera passa por pelo menos 4 fases distintas: 

  • pessoas, 
  • processos, 
  • tecnologia e 
  • escala. 

Não adianta ter o melhor plano se você não tem uma equipe AAA para colocá-lo em prática. 

De nada vale gente boa, se o seu time vive apagando incêndio. Foque no que realmente importa e automatize o seu Pareto (20% dos processos trazem 80% dos resultados). 

Escalar é só para quem tem cada um desses vetores alinhados e rodando sem atrito.

Digo isso, porque a longevidade no topo depende tanto de inovação quanto de consistência. Ou seja, de nada adianta apenas acompanhar as tendências, sem entender o campo onde tradição e inovação colidem para dominar o racional do que veio antes e aprender as guidelines do que está por vir. 

Acredite, a maioria dos insights para direcionar esses componentes e encontrar uma nova curva de crescimento raramente está atrás da mesa de um escritório – elas estão lá fora, no out of home. 

Portanto, tais conferências não são apenas vitrines para mostrar o que há de mais moderno em termos de software, hardware e serviços. 

Pelo contrário, enquanto grande parte da manada se deslumbra com o glamour das últimas disrupções, gestores verdadeiramente paranóicos com o crescimento dos seus negócios estão atentos ao que é discutido nesses palcos.

Analisando como esses avanços impactarão os mais diversos setores (de saúde a entretenimento, de educação a infraestrutura digital), para entender como as grandes companhias estão respondendo às mudanças do mercado e como pretendem manter sua relevância no longo prazo. 

Big techs não fazem apenas produtos, elas constroem ecossistemas, através de:

#1 - Networking estratégico: onde as (melhores) conexões são feitas

Muitos profissionais esperam até que precisem de algo — como levantar capital ou contratar — para construir suas redes de contato. 

Não caia nessa armadilha e comece a gerar valor o quanto antes! Dificilmente você conquistará algo relevante simplesmente pedindo.

O networking eficaz (e não aquele buzzword da moda) começa antes que as necessidades surjam. E é aqui que grandes colaborações nascem, oportunidades únicas de parceria se concretizam e um capital humano valioso passa a estar ao seu acesso. 

#2 - Validação e feedback direto: projetos testados no campo de batalha

Esses eventos também servem como laboratórios ao vivo. Se você tem uma ideia, um produto ou uma tecnologia nova, não há lugar melhor para colocá-los à prova do que ali, em frente aos grandes players e especialistas

A conferência funciona como um campo de batalha onde sua proposta vai ser questionada, analisada, pivotada e – se tiver sorte – até validada. Ou vai para o lixo, dependendo da resposta que receber.

Só quem expõe suas ideias ao verdadeiro teste de mercado é que consegue afiar suas soluções ao nível necessário para realmente competir.

#3 - Obsessão para estar na linha de frente

O que realmente importa é o timing. Estar presente nesses eventos coloca você um passo à frente da concorrência

Quer saber onde o mercado vai estar em cinco anos? Observe as discussões que estão acontecendo nas entrelinhas, nos fóruns paralelos, nas conversas de corredor. 

Quem sabe ouvir, sabe prever. E quem sabe prever, pode lucrar.

Enxergue o que vai acontecer antes que o mercado inteiro. Não importa se o tema principal da conferência é um novo sistema operacional ou o último gadget de realidade aumentada. É nessa antecipação que está o ouro. 

#4 - Consolidação de parcerias: jogue xadrez, não damas

Companhias top of chain entendem que não se cresce sozinho. Por isso, conferências são o terreno fértil para acordos bilionários que começam com um simples aperto de mão. 

Quer um exemplo? Vários dos serviços que você usa no seu celular são resultado de parcerias que começaram nesses contextos. 

Google com Samsung, Microsoft com OpenAI, Amazon com uma infinidade de startups emergentes.

E não adianta só “querer participar”. Não é sobre você, é sobre o que você pode trazer à mesa.

#5 - Formação de narrativas de mercado

Por último, mas não menos importante: essas conferências definem como a sua indústria e o seu mercado serão contados nos próximos meses e anos

Não subestime o poder dessas narrativas. Elas são o pano de fundo das decisões estratégicas.

Estar inserido nesses diálogos permite não só entender para onde a indústria está caminhando, mas também ter a oportunidade de moldá-la, ao invés de apenas reagir ao que é anunciado.

O que está em jogo, de verdade, é o controle do mercado para os próximos cinco, dez, vinte anos

As conferências atuais servem a muitos propósitos, mas são, acima de tudo, o "Vale de Galt" do mundo real, onde os maiores gênios e mentes se encontram para criar e decidir os rumos de seus setores sem as amarras da mediocridade e sem carregar nas costas aqueles que só sabem sugar os frutos do seu trabalho, como descrito por Ayn Rand em A Revolta de Atlas.

No romance, o Vale do Galt é um refúgio secreto onde os maiores talentos do mundo — os verdadeiros motores da sociedade — se isolam para criar e prosperar, livres dos parasitas que dependem de seu gênio.

Então, se você não estiver lá — ou pelo menos acompanhando de perto — pode já se preparar para jogar um jogo que outros já estão vencendo.

As big techs sabem disso e é por isso que essas conferências são o playground dos grandes cases.

Se você não estiver presente ou acompanhando de perto as discussões, certamente as oportunidades passarão despercebidas e a sua empresa ficará para trás. 

E você vai continuar preso aos mesmos problemas, usando as mesmas soluções que já não funcionam.

Felizmente, temos G4 Valley 2024 no Brasil. Sem dúvidas, um dos maiores eventos de negócios do país e um ponto de inflexão que pode acelerar o crescimento de qualquer empresa através de talks direcionados, networking de alto nível e a chance de se encontrar no epicentro da inovação. 

No final do dia, não adianta reclamar que a concorrência está ganhando terreno se você não está disposto a sair da bolha, conectar-se com quem faz a diferença e trazer de volta para sua empresa o que realmente importa: resultados. 

O mercado não espera por quem hesita, seja lá quem você for.