Fundador e mentor do G4 Educação. Fundador da Easy Taxi e Singu.
Como ávido defensor da educação aristotélica, o esporte sempre foi um dos alicerces da minha vida. Um ano antes de fundar a Easy Taxi, por exemplo, cheguei a ser vice-campeão carioca de Muay Thai.
Isso porque, para além da parte intelectual, para ser um homem virtuoso, sempre acreditei nos fundamentos de se incluir dieta e atividade física na agenda, já que se você não é capaz de se defender e defender quem ama, tornar-se-á um potencial escravo.
Há cerca de quase oito anos, no entanto, passei a concentrar meus esforços em aperfeiçoar técnicas no jiu-jitsu e confesso que, em nenhum outro treino, encontrei um emulador tão perfeito para a vida e para os negócios.
O jiu-jitsu brasileiro, também conhecido como Brazilian Jiu-Jitsu (BJJ), ganhou sua forma atual e popularidade graças à família Gracie que se estabeleceu no nosso país no início do século XX. E, desde que foi apresentado ao mundo pelo Ultimate Fighting Championships (UFC), deixou o patamar de subcultura para se tornar mainstream.
Enquanto o formato tradicional japonês enfatizava golpes de alavanca e projeções, os irmãos Gracie concentraram-se no aspecto de grappling (luta agarrada) e desenvolveram estratégias de controle, imobilização e finalização no solo para que lutadores menores pudessem derrotar oponentes maiores e mais fortes.
No caminho para conquistar a minha atual faixa roxa, treinei o suficiente para ver muitas pessoas começarem e desistirem. De fato, esse não é um esporte para os fracos. E eu não quero dizer fisicamente fraco, mas mentalmente fraco.
Quando você pisa no tatame, ninguém sabe quem você é ou o que você faz fora da academia: etnia, origem e status são irrelevantes. E quando alguém repetidamente passa a sua guarda e expõe uma fraqueza no seu game, não há espaço e nem valor para lamentações - relembrar os velhos tempos é desperdício de energia. A única coisa que realmente importa é o que você faz agora. É tudo sobre movimento.
De fato, nos momentos em que paro de me mover é quando sou pego no contragolpe e, de igual modo, em minha carreira, nas vezes em que me acomodei, foi quando perdi grandes oportunidades.
Ação é a chave para sobrevivência. Se um lutador precisa ser criativo e utilizar as forças do oponente a seu favor para vencer, os empreendedores também precisam identificar as tendências do mercado e aproveitar esses insights para dar tração à companhia.
Um exemplo prático é a história da Havaianas, que transformou um simples chinelo de borracha em um ícone da moda mundial, conquistando consumidores em todos os continentes.
Ou da Natura, que soube adaptar seu modelo de venda direta para o mundo digital, incorporando novas tecnologias e tendências de consumo.
E por isso eu sempre digo que uma empresa rica se constrói com cabeça de empresa pobre. Da mesma forma que para se conquistar o black-belt é crucial entrar no dojo com o mindset de faixa branca: a prática e a humildade aumentam a confiança e diminuem o ego em iguais proporções.
Não é à toa que a adrenalina desse esporte é tão diferente dos outros, além da disputa interna contra os seus próprios pensamentos, existe toda uma simbologia tribal da sensação de se lutar pela própria honra.
Então, no fim, é mais do que um treinamento físico; é moral, ético e intelectual. Ou você vai desistir e “bater” ou ficará casca grossa e acabará se acostumando com o sufoco para suportar o calvário de um confronto.
O conforto, por outro lado, pouco a pouco, rouba a fome que constrói e estrutura o sucesso. Seja na sala de reuniões, seja em um combate, ou você aprende a ficar confortável no desconforto ou será engolido pelos problemas.
A filosofia por trás do sucesso
Mais do que uma arte marcial, o jiu-jitsu é uma filosofia de vida que proporciona uma metáfora poderosa para estratégias, resiliência e liderança em business de alto nível.
O treinamento é um investimento a longo prazo. Não se trata apenas de ganhar uma luta, mas de se melhorar a cada treino, a cada competição.
Concluir apenas uma tarefa aparentemente insignificante te deixa muito mais perto de alcançar o resultado desejado. E essa visão de futuro é crucial para se manter um efeito sustentável.
Sabe aquele velho ditado que diz que uma jornada de mil milhas começa com um único passo? Sim. É verdade.
Além disso, uma das técnicas mais eficazes no jiu-jitsu é a utilização do conceito de alavancagem. No contexto empresarial, isso pode ser comparado ao uso eficiente de recursos, sejam eles financeiros, humanos ou tecnológicos.
Organizações que sabem maximizar seus recursos, por meio de parcerias estratégicas ou inovação, podem alcançar resultados muito superiores aos seus concorrentes. Como no princípio de Pareto, que afirma que 80% dos seus resultados vêm de 20% dos seus esforços.
Pense, qual é o movimento aparentemente contra-intuitivo a ser executado hoje que produzirá resultados máximos com esforço mínimo?
Jiu-jitsu é growth hacking na veia. Por isso, entre os principais takeaways desse sistema que foram game changer na realidade dos meus negócios (e podem ser na sua), estão:
Fortaleça as suas habilidades de gestão e liderança e, de quebra, ainda ganhe um corpo mais definido, diminua a ansiedade e melhore aspectos críticos da sua saúde cardiovascular.
O BJJ, como o empreendedorismo, te mastiga e cospe, trazendo o abandono à superfície e te expondo para todos verem. Mas o mais curioso é que por mais que o cenário possa parecer crítico e caótico, sempre há uma saída.
Respire, pense e reaja. Como aprendi com o mestre Fábio Gurgel, “o oposto de coragem não é medo, é covardia” e o que torna esse esporte tão poderoso é que ele mostra técnicas e estratégias para tornar o impossível fácil.
Se você é um empreendedor, líder ou founder que ainda não treina, recomendo que você comece agora. Uma coisa é olhar para a tela, outra bem diferente é ser produtivo de verdade. Que tipo de gestor você quer ser?