Produtora rural, empresária, comunicadora e defensora do agro brasileiro. Formada em Relações Públicas com especialização em Marketing Estratégico, usa sua voz para combater inverdades sobre o setor.
Já é comum afirmar que os ativistas de internet só lembram do Pantanal quando ele está no período seco, com vários focos de incêndio e chamando mais atenção do que o normal.
E sim, as queimadas seguem acontecendo mesmo após a Marina Silva assumir o Ministério do Meio Ambiente!
Só este ano, os incêndios no Pantanal já destruíram o equivalente a 694 mil campos de futebol, quase 5% do bioma.
Não é surpresa para ninguém sobrar para os produtores rurais, nesse caso, pecuaristas. Mas devo dizer que quem acredita que eles são os culpados por essas ocorrências, não conhece e não sabe nada sobre o Pantanal.
O Pantanal é um dos biomas mais ricos e fascinantes do planeta, conhecido por sua biodiversidade exuberante e por ser a maior planície alagável do mundo.
É um verdadeiro tesouro natural que abriga uma infinidade de espécies de flora e fauna, muitas das quais são endêmicas e raras.
Tá, Camila, e onde fica a pecuária nessa história?
Historicamente, a pecuária tem sido uma atividade econômica crucial no desenvolvimento do bioma Pantanal.
Desde a introdução do gado na região, no século XVIII, os produtores pantaneiros têm desempenhado um papel vital na economia local e na manutenção do equilíbrio ecológico do bioma.
A criação extensiva de gado, adaptada às condições naturais do Pantanal, tem contribuído para a preservação de grandes áreas de vegetação nativa, que poderiam ter sido desmatadas para outros tipos de uso.
O produtor pantaneiro, com seu conhecimento tradicional e práticas sustentáveis, é um verdadeiro guardião do Pantanal.
Eles adotam métodos de manejo que respeitam os ciclos naturais de cheias e secas, permitindo que a vegetação nativa prospere e forneça abrigo e alimento para uma vasta gama de espécies.
Além disso, a criação de gado de forma extensiva ajuda a manter a estrutura do solo e a vegetação, prevenindo a erosão e mantendo a saúde dos ecossistemas aquáticos.
A pergunta é: Por que, em sã consciência, o pecuarista colocaria fogo no Pantanal? E aí eu entro em um ponto importantíssimo.
Um dos aspectos mais notáveis da pecuária no Pantanal é o papel do chamado "boi bombeiro".
Esse conceito se refere à prática de usar o gado para controlar a vegetação densa e seca, que pode servir de combustível para incêndios de grandes proporções.
Durante as épocas de seca, o gado se alimenta da vegetação mais seca e inflamável, reduzindo assim a quantidade de material combustível disponível e, consequentemente, diminuindo o risco de queimadas devastadoras.
Essa estratégia natural de manejo do fogo tem se mostrado eficaz na prevenção de incêndios que podem causar danos irreparáveis ao bioma.
Ou seja, o bioma Pantanal é uma joia natural de importância global, cuja preservação depende fortemente das práticas sustentáveis de pecuária desenvolvidas ao longo dos séculos.
O produtor pantaneiro, com seu papel essencial na manutenção do equilíbrio ecológico e na prevenção de queimadas através do uso do boi bombeiro, é um verdadeiro herói da conservação.
A combinação de tradição e inovação na pecuária do Pantanal é fundamental para assegurar que esse bioma único continue a florescer e a fornecer seus inestimáveis serviços ecológicos para as futuras gerações.
Convido você a conhecer o bioma economicamente sustentável onde o ecoturismo e a pecuária coexistem.