Camila Telles

Produtora rural, empresária, comunicadora e defensora do agro brasileiro. Formada em Relações Públicas com especialização em Marketing Estratégico, usa sua voz para combater inverdades sobre o setor.

O Agronegócio e as Catástrofes Ambientais

No último mês, o Rio Grande do Sul viveu a sua maior catástrofe ambiental da história e, como já era de se esperar, a culpa foi depositada por muitos no agronegócio.

Camila Telles

Me preocupo quando vejo que as pessoas que mais falam do agro não são do agro. Ouvimos muito falar em "lugar de fala", então acho que temos que nos posicionar muito claramente nesse lugar como produtores rurais que fazem mais e falam menos.

O AGRO brasileiro é responsável por criar um modelo competitivo e eficiente de agricultura. O que comprova isso é que, há quarenta anos, o Brasil importava diversos alimentos básicos

O que não te contam é que, de 1980 a 2020, a produção de grãos cresceu mais de 400%, enquanto a área plantada cresceu apenas 60%.

E foi assim que o agro brasileiro se tornou o segundo maior exportador mundial, abrindo áreas de forma legal e, inclusive, com incentivos de governos.

O agro brasileiro é responsável por criar um modelo competitivo de agricultura tropical COM MUITA CIÊNCIA! Como, por exemplo:

  • A transformação de solos ácidos e pobres em terras férteis: O Brasil é um exemplo de como a inovação e a tecnologia podem transformar desafios em oportunidades. A correção da acidez do solo com calcário, o uso de insumos químicos e a aplicação de bioinsumos são práticas que permitiram a transformação de solos ácidos e pobres em terras férteis, impulsionando a agricultura e contribuindo para a segurança alimentar global.
  • A "tropicalização" de plantas e animais: A tropicalização de plantas e animais refere-se ao processo de adaptação de espécies que não são nativas de regiões tropicais para prosperar em climas quentes e úmidos. Esse conceito tem sido essencial para o desenvolvimento agrícola e pecuário no Brasil, permitindo que cultivos como soja e trigo e espécies animais se tornem altamente produtivas em regiões tropicais. A tropicalização envolve avanços em genética, nutrição, fisiologia, saúde, produtividade e reciclagem.
  • O desenvolvimento de uma plataforma de produção sustentável: O desenvolvimento de uma plataforma de produção sustentável é um processo multifacetado que envolve a integração de diversas tecnologias, práticas de manejo e políticas voltadas para a preservação ambiental, a eficiência econômica e o bem-estar social.
  • O plantio direto: Além de ser sustentável, protege o solo, incorpora carbono e economiza água. É uma prática agrícola sustentável que envolve o cultivo de plantas sem a necessidade de revolver o solo. Essa técnica oferece uma série de benefícios ambientais, econômicos e agronômicos, tornando-se uma das mais importantes inovações na agricultura moderna.
  • Fixação biológica de nitrogênio na soja: A fixação biológica de nitrogênio (FBN) é um processo natural pelo qual bactérias presentes no solo convertem o nitrogênio atmosférico (N2) em formas que podem ser assimiladas pelas plantas. Este processo é particularmente importante para a soja, que possui a capacidade de estabelecer uma relação simbiótica com bactérias fixadoras de nitrogênio, principalmente do gênero Rhizobium.

Agora pensem comigo: se eu tenho todas essas opções tecnológicas e sustentáveis para produzir mais em menos espaço geográfico, por que eu vou querer desmatar, envenenar ou destruir o ambiente que permite que eu produza alimentos? 

Eu sei que não é mostrado, mas os ganhos de produtividade na produção de grãos evitaram desmatamentos. Ganhos de produtividade entre 1976 e 2020 pouparam 200 milhões de hectares de desmatamento.

Hoje, o Brasil tem 66,3% da sua área DESTINADA À PROTEÇÃO, PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA, dos quais 25,6% são áreas destinadas à preservação da vegetação no Cadastro Ambiental Rural (CAR). 

Vale destacar que a nossa área preservada equivale à superfície de 48 países e territórios da Europa!

A agropecuária ocupa 30,2% do território, sendo 8% pastagens nativas, 13,2% pastagens plantadas, 7,8% lavouras e 1,2% florestas plantadas.

Por isso, eu, como produtora rural que defende diariamente a sustentabilidade no agronegócio, peço aos que não têm contato com o setor que nos visitem antes de dar suas opiniões e que tenham muito cuidado com as matérias com viés ideológico que saem em vários canais conhecidos.

E para quem é do agro, vamos tirar as "laranjas podres" do cesto que estão queimando a nossa imagem? 

Nós temos que mostrar para o mundo o agro que verdadeiramente toca o Brasil, não o que a mídia mostra!

Nós temos que mostrar o agro que é contra o desmatamento ilegal, contra queimadas criminosas e contra qualquer coisa que esteja fora do nosso código florestal.

Não podemos deixar criminosos ambientais serem chamados de produtores rurais e, mais do que isso, não podemos deixar os produtores rurais serem culpados por catástrofes que estão acontecendo no mundo todo.