Alexandre Magno Fernandes Moreira é pai educador, advogado público, professor e escritor. É procurador do Banco Central e especialista em Direito da Educação e em Direitos da Família. Em 2010 se tornou diretor jurídico da Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED). Foi Conselheiro da Global Home Education Exchange por 8 anos. É autor de livros e cursos sobre Direito das Famílias.
O que é família? Qual a sua importância? Vejamos: a Constituição Federal do Brasil afirma que a família é a "base da sociedade" (artigo 226). Já a Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que a família é o elemento natural e fundamental da sociedade. Perceba a seriedade dessas qualificações.
As famílias são naturais e não foram criadas por qualquer determinação estatal ou algum conceito cultural, são, digamos assim, pré-estatais e pré-jurídicas.
Na prática, significa que a família é a única instituição social regida primeiramente pelo Direito Natural, e não pelo Direito Positivo que é imposto pelo Estado — trata-se de um bom senso consolidado através das eras.
Note que não apenas a família vem antes do Estado e da sociedade, como lhes dá fundamento, o que na prática significa o seguinte: existem diversos estudos explicando que o bem-estar da família é fundamental para o bem-estar da sociedade, por isso famílias disfuncionais produzem abundantes males sociais, ou seja, famílias doentes geram uma sociedade em crise.
A ética aristotélica mostra a importância da família. Segundo Aristóteles, o ser humano deveria viver da maneira mais plena possível, de acordo com o desenvolvimento de determinadas qualidades que estão em cada pessoa e de acordo com sua natureza social.
As virtudes têm como fundamento a sabedoria prática da vida, então podemos dizer que honestidade, coragem, sinceridade, moderação e prudência são virtudes.
Acontece que a família é, por excelência, o local para o aprendizado das virtudes, de modo que sem família não haveria possibilidade para uma educação virtuosa. Uma criança criada pelo Estado não teria acesso a uma educação baseada nas virtudes.
A família exerce atribuições de várias instituições:
A família também é um lugar que provê afeto e carinho, sendo que nós, seres humanos, somos extremamente frágeis e precisamos desesperadamente de afeto e carinho. O maior núcleo de amor da nossa sociedade é a família.
Por exemplo, eu posso destacar a situação extrema em que a pessoa sofre um acidente grave ou tem uma doença muito séria, quem fica ao lado nessas horas é sempre a família.
O sujeito que cresce sem afeto e carinho desenvolve diversos problemas psicológicos na vida adulta, e este amor só pode ser dado pela família.
Também é a família quem dá um senso de identidade à criança, por isso a família é fundamental para que se defina quem é a pessoa e qual o seu papel no mundo, pois antes de tudo somos filhos dos nossos pais.
Nossas famílias têm um conjunto de tradições e de hábitos, assim, é da família que vem a primeira transmissão cultural de costumes, hábitos, crenças, modos de viver e conhecimentos.
Podemos dizer que cada família é uma pequena unidade cultural e este conjunto de coisas é transferido de geração em geração, afinal de contas, nenhum ser humano nasce com a identidade pronta, sendo plenamente racional e sabendo o que deve fazer em cada situação.
Cada novo membro aprende com a família a sabedoria de como viver, o que é essencial para o desenvolvimento da personalidade
Outro ponto essencial é a religião, pois cada família tem o seu modo de ver o mundo, inclusive as famílias ateias. Sua visão de mundo específica será transmitida às crianças.
Quando ensinamos a nossa religião aos nossos filhos, não é para produzir novos convertidos, mas para ensinar-lhes como é a realidade e como viver neste mundo. E finalmente a família também é lugar de ócio, lazer e recreação.
Eu gostaria que você pensasse por um momento sobre quantas instituições sociais seriam necessárias para realizar o trabalho de uma família.
Estamos falando de hospitais, delegacias de polícia, tribunais de justiça, parques de recreação, igrejas e grupos de amigos.
Então podemos perceber que a família realiza atribuições de todas as instituições sociais que beneficiam as crianças, e, por mais que possa receber a colaboração dessas instituições, somente ela é o centro em que essas atribuições são executadas.
Mas, afinal de contas, o que é uma família? Hoje existe uma tendência de esticar o conceito de família, de modo que qualquer coisa possa caber no conceito.
Por mais que a família seja lugar de afeto, o afeto por si só não basta para transformar um grupo de pessoas em uma família.
É preciso que exista mais de uma geração para que se forme uma família, pois a família é uma instituição multigeracional, então estamos falando no mínimo da existência de pais e filhos, podendo estender-se para avós e outras gerações acima.
Façamos a diferenciação entre o conceito progressista de família e o modelo tradicional:
Porém, o casamento em si ainda não é uma família, mas um projeto de família, pois é necessário que haja filhos consanguíneos aos pais. Então sempre que me referir a família, estarei falando basicamente em pais e filhos, pois é aquilo que o Estatuto da Criança e do Adolescente define por família natural ou nuclear.
Mas outras vezes eu posso falar em família extensa ou ampliada, que inclui avós, tios e primos — pessoas com as quais existe uma relação de consanguinidade e afetividade.
Há situações excepcionais em que a criança é colocada numa família substituta e os pais não podem exercer o seu poder sobre os filhos, pois estes foram colocados sob a guarda e tutela de outros adultos.
O mais importante é que há família quando existem pais e filhos, especialmente quando são crianças com menos de 18 anos. Você deve ter notado que a maior função da família é criar e educar os filhos, por isso ela tem mais importância quando os filhos são menores de idade e estão submetidos ao poder dos pais.
A família surge no exato momento em que a criança é concebida e os direitos do nascituro já estão preservados desde então, mas a família também pode ser iniciada com a adoção.
Uma família é extinta quando morrem todos os membros de uma geração — tanto pais quanto filhos —, pois é necessário que haja mais de uma geração para termos uma família.
Um detalhe importante é que os pais podem se casar, ter filhos e se divorciarem, mas o divórcio dos pais não extingue a família, mesmo que o pai ou a mãe se casem com outro cônjuge e tenham filhos, pois a unidade constituída pelos pais e filhos continua existindo e os pais continuam tendo poder familiar sobre os filhos.
Em sua experiência pessoal e profissional, o Dr. Alexandre Magno conheceu diversas famílias que não sabem quais são seus direitos sobre os filhos e como proteger-se de interferências externas, como possíveis ações do Estado.
Por isso, a Brasil Paralelo apresenta o primeiro curso do Brasil em direito dos pais e das mães. Nele, o professor Alexandre Magno usa sua experiência de mais de uma década de defesa intransigente da autonomia das famílias para mostrar quais são seus direitos, como exercê-los e como defender sua autonomia perante terceiros, a escola e o Estado.
A área de assinantes da Brasil Paralelo possui áreas específicas para quem quer aprender como formar uma família forte e feliz. Toque aqui para conhecer a Escola da Família.
Diversas famílias relataram beneficiadas com os cursos da Escola da Família: