Foi a partir da segunda onda feminista que o movimento tomou a forma que possui hoje. De índole mais radical, os principais intelectuais do movimento iniciaram uma verdadeira batalha contra os valores da tradição ocidental, iniciando o feminismo militante moderno. O movimento não foi algo isolado, influenciou e foi influenciado por muitos dos principais marcos históricos do século XX.
Desenvolvendo ainda mais os pressupostos do protofeminismo, a segunda onda feminista deu seguimento à primeira onda e foi além nas reivindicações políticas e sociais. As principais demandas eram:
As 3 principais teóricas do movimento foram:
Como exposto no artigo sobre a 1ª onda, a 2ª onda é um desenvolvimento natural do feminismo, que já tinha essas pautas de forma incipiente desde o início do movimento.
Jacqueline Pitanguy e Branca Moreira Alves explicam a dificuldade de segmentar as fases do movimento em seu livro O que é FEMINISMO:
"É difícil estabelecer uma definição precisa do que seja feminismo, pois esse termo traduz todo um processo que tem raízes no passado, que se constrói no cotidiano e que não tem um ponto predeterminado de chegada".
Um dos principais marcos iniciais da segunda onda feminista é o período pós Segunda Guerra Mundial. Após muitas mulheres terem ido trabalhar fora de casa, ideólogas feministas como Kate Millet, Betty Friedan outras feministas passaram a militar para que fossem criadas mais oportunidades de emprego fora de casa para mulheres.
A pílula anticoncepcional, popularizada nos anos 1960, também foi importante para que as ideólogas feministas passassem a defender uma vida sem filhos e família, fortalecendo o feminismo.
Alguns autores defendem que a gestão de John F. Kennedy foi um dos marcos da segunda onda feminista no mundo por ter criado comissões para proteção das mulheres e ter empossado mulheres em cargos elevados do governo dos Estados Unidos. Contudo, outros autores, como Ana Campagnolo e Thaís Azevedo, diferenciam cuidado com as mulheres do feminismo.
Assim como o movimento feminista como um todo começou com homens, a 2ª onda começou com as obras de Alfred Kinsey, publicadas em 1945.
As ideias de Simone de Beauvoir, principal representante da 2ª onda, são baseadas nas de Kinsey.
Ele era um biólogo estadunidense conhecido por ensinar que toda prática sexual é lícita. O biólogo era militante ateu contra os valores tradicionais sobre matrimônio e família.
Ele criou um instituto para estudos sobre sexo e reprodução (existente até hoje) através de patrocínios promovidos pela fundação Rockefeller.
A primeira obra feminista de Simone de Beauvoair foi publicada em 1949.
Simone defendia a não existência do sexo feminino, sendo a feminilidade uma criação humana para aprisionar as pessoas.
Ao ser perguntada: “O que é uma mulher?”, sua resposta foi:
“Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas.
Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornar-se um ser humano na sua integridade” (O segundo sexo, Simone de Beauvoir. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1970).
Para ela, as pessoas deveriam ser livres para fazer o que quisessem. A moral era apenas uma estrutura de poder, como pode se observar na obra Gênero e Desigualdade, de Nalu Faria e Miriam Nobre e no livro já citado, O que é FEMINISMO, de Jacqueline Pitanguy e Branca Moreira Alves.
Contudo, Simone de Beauvoir defendia que as mulheres não pudessem escolher cuidar dos seus lares e filhos. Segundo ela, em uma conversa com Betty Friedan, publicada na revista Saturday Reviews, em 1975:
“Enquanto a família, o mito da família, o mito da maternidade e o instinto maternal não forem destruídos, as mulheres continuarão a viver sob pressão[...]. Nenhuma mulher deveria ter autorização para ficar em casa e cuidar de crianças. A sociedade deveria ser totalmente diferente.
As mulheres não deveriam ter essa opção precisamente porque se tal escolha existir, demasiadas mulheres a seguirão. Isso é uma forma de forçar as mulheres numa certa direção”.
Algumas das principais pautas de Simone envolviam:
Com mais 67 intelectuais da época, Simone e Jean Paul Sartre assinaram uma carta, publicada no jornal Le Monde, pedindo a liberação de três criminosos condenados no Tribunal de Versailles.
O documento defendia a relação sexual com menores na faixa de 14 anos.
Ambos assinaram também uma carta aberta, publicada no jornal Libération, defendendo a revogação da lei que punia, da mesma forma que o estupro, os atos sexuais com menores de 15 anos.
Pediam o “reconhecimento do direito da criança e do adolescente para manter relações com as pessoas de sua escolha” em solidariedade “a todos os pedófilos presos ou vítimas de psiquiatria oficial”.
De acordo com Beauvoir, as crianças de 11 anos já eram consideradas sexuais mesmo que não tivessem alcançado a puberdade. Ela e Sartre fizeram parte da Front de Libération des Pédophiles — FLIP (Frente de Liberação de Pedófilos).
Essas pautas foram desenvolvidas posteriormente, gerando a 3ª onda do movimento feminista: a ideologia de gênero.
Outra característica marcante da segunda onda feminista é a união do movimento com causas políticas. Foi nesse período que o slogan “o pessoal é político” foi criado pela feminista Carol Hanisch.
A segunda onda feminista influenciou os seguintes marcos históricos:
A influência feminista ocorreu através da influência intelectual e política dos membros do movimento.
Um exemplo é a participação ativa de Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir nos protestos de maio de 68, na Universidade de Paris.
Maio de 68 é considerado um dos principais marcos da revolução sexual. Os protestos exigiam a renúncia do presidente conservador em prol de uma França com valores progressistas.
A revolução sexual mudou quase todas as esferas da vida no Ocidente.
Antes dela, as músicas, filmes e livros, em sua maioria, não continham conteúdo explícito no âmbito sexual.
O corpo e o sexo eram vistos como algo sagrado.
O objetivo da família era a união afetiva dos esposos e a garantia da proteção e educação dos filhos.
Nesse contexto, as famílias só poderiam ser monogâmicas, para que os cônjuges se dedicassem totalmente um ao outro e à sua família.
Embora nem todos os casos atingissem este ideal, a definição e a meta eram essas.
Após a revolução sexual, o sexo passou a ser visto como algo a ser feito apenas por prazer e em qualquer circunstância.
A família passou a ser qualquer união entre duas ou mais pessoas que sentem prazer umas com as outras e que podem se separar quando quiserem.
As principais características da segunda onda feminista são:
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