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Como foi a guerra de Reconquista da Península Ibérica?

História
Cristianismo
Guerra de Reconquista da Península Ibérica
-
Redação Brasil Paralelo

Os cristãos reconquistaram a Europa das Astúrias até Granada. Neste artigo completo, veremos a história de Portugal e como esta guerra está relacionada com as Cruzadas, com as Grandes Navegações e com o descobrimento do Brasil. Só assim será possível compreender como se deu a Reconquista da Península Ibérica e a expulsão dos mouros.

Brasil – A Última Cruzada: Entre a Cruz e a Espada

Neste artigo, você terá um resumo do primeiro episódio da série Brasil – A última Cruzada. Contudo, não deixe de assistir ao episódio completo para conhecer sua própria história como brasileiro.

Sim, nossa história está diretamente ligada a estes acontecimentos tão longínquos.

O que você vai encontrar neste artigo?

Contexto histórico: resumo da Reconquista Ibérica

Veja abaixo um resumo com as principais informações sobre a reconquista da península ibérica.

A Guerra de Reconquista da Península Ibérica

A “Reconquista Ibérica” ou “Retomada Cristã” foi um processo histórico, militar e religioso no qual os reinos cristãos retomaram os territórios da Península Ibérica que haviam sido tomados pelos muçulmanos. O processo ocorreu aproximadamente entre os anos 718 e 1492, com a conquista do reino de Granada.

Os muçulmanos perceberam as fraquezas dos visigodos e tomaram a Península Ibérica até conquistarem quase todo o território. Havia um foco de resistência nas Antilhas e de lá os cristãos começaram a reconquistar todos os territórios novamente, guiados por Dom Pelágio.

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Iluminura das tropas cristãs marchando rumo à Reconquista da Península Ibérica.

Quem venceu a Guerra de Reconquista e onde ela terminou?

Foi em Granada que ocorreu a última batalha de reconquista dos cristãos contra os muçulmanos. A batalha foi comandada por Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Com a ajuda do Papa e da Ordem de Cristo, a Reconquista da Península Ibérica terminou em 2 de janeiro de 1492 às 15h.

Para entender todos os detalhes deste acontecimento e como ele impacta até mesmo a nossa história como brasileiros, leia agora nosso artigo completo.
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Quais foram as principais características da Guerra da Reconquista?

As principais características da Reconquista da Península Ibérica foram:

  • A motivação dos cristãos era retomar o território invadido pelos muçulmanos;
  • Estas guerras de reconquista duraram aproximadamente oito séculos;
  • Houve evolução de estratégias militares e de equipamentos de combate;
  • Os ataques mais comuns envolviam a infantaria cristã sobre os mouros;
  • Mais tarde, a infantaria leve se viu equipada com cotas de malha, elmos e capacetes de ferro;
  • Os muçulmanos foram expulsos, mas aqueles que aceitaram a fé católica continuaram habitando Portugal e Espanha;
  • As guerras de reconquista acenderam um ardor missionário que está diretamente ligado às Grandes Navegações.

O contexto português antes dos mouros

A terra que hoje abriga Portugal era considerada o fim do mundo, sendo a fronteira com o oceano desconhecido. Vários povos viveram ali, até a ascensão do Império Romano e a entrada de tribos germânicas, como os suevos e visigodos.

Os visigodos formaram cidades na Europa Ocidental e durante três séculos ocuparam grande parte da Península Ibérica, preservando e absorvendo a cultura de seus antepassados.

Em vista disso, é importante pensar:

  • Como esta cultura chegou ao Brasil?
  • O que as guerras entre diferentes visões de mundo têm a ver com nossa história?

Para compreender como foi a Reconquista da Península Ibérica, precisamos voltar no tempo.

O surgimento da fé muçulmana

A fé muçulmana surgiu por volta do ano 700 d.C. e se espalhou por todo o Oriente Médio e Norte da África. Ela nasceu em Meca, na Arábia Saudita, com Maomé, o profeta que afirmava ter recebido a revelação de ser um enviado de Deus.

Nesta revelação, sua missão seria resgatar ensinamentos que foram trazidos por profetas, como Abraão, Moisés e Jesus, que com o tempo teriam sido distorcidos.

Ele reuniu adeptos que, após sua morte, compilaram seus ensinamentos no Alcorão, livro que embasa a fé islâmica e estabelece uma ruptura com as crenças judaicas e católicas.

Também criaram a Jihad, a guerra para manter o islamismo pleno dentro de si e levá-lo ao maior número de pessoas possível.

Os muçulmanos queriam alargar os horizontes do território islâmico, inicialmente tomando o Oriente Médio e o Norte da África, para depois entrar na Europa Ocidental.

A estratégia era longa em duração e rápida na conquista. Em menos de uma década, os mouros dominaram a maior parte do território europeu.

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Mouros e cristãos em combate.

A relação dos visigodos com os muçulmanos e o início da Conquista

A invasão começou em 711 d.C. e três anos depois os muçulmanos já habitavam a maior parte da Península Ibérica. O curioso é que esta ocupação foi incentivada pelos mesmos povos que habitavam a região.

Os visigodos estavam envolvidos em disputas internas e, por causa desta rivalidade, uma facção de visigodos pediu a ajuda de um líder muçulmano do Norte da África, conta Dom Rodrigo Jiménez de Rada, Bispo contemporâneo dessa época, no livro Historia de rebus Hispaniae.

Ao apoiá-los, os muçulmanos se deram conta da riqueza do território e aproveitaram para se apropriar dele.

Como os muçulmanos tomaram a Península Ibérica?

Comandados pelo general do Império Islâmico, Tarik ibn-Zyiad, os muçulmanos entraram na Península Ibérica através de Gibraltar, cruzando a linha do Marrocos e chegando à Espanha. Eles tomaram as vilas, cidades e gradualmente toda a Península foi sendo conquistada.

A conquista moura chegou até onde hoje é Portugal.

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Mapa da conquista islâmica na Península Ibérica.

Mas por que os muçulmanos conquistaram a Península Ibérica tão facilmente?

Segundo explica o pesquisador Rafael Vitola Brodbeck, foi porque, em primeiro lugar, o reino visigótico não permitia que as populações de origem romana tivessem acesso às armas ou ao exército. Este processo de desarmamento facilitou a queda de seu próprio Estado.

Nem todos foram derrotados pelos muçulmanos

Os cristãos que escaparam fugiram para o alto das grandes montanhas no norte da Península Ibérica. Lá estabeleceram o chamado Reino das Astúrias e aclamaram Dom Pelágio como seu novo rei em 718.

Dom Pelágio das Asturias
Estátua do rei cristão Pelágio em Covadonga, Astúrias.

As Astúrias tornaram-se um foco da resistência cristã. Nunca foram conquistadas e a partir de aí Dom Pelágio organizou a resistência ao invasor muçulmano, conta.

Os mouros continuaram a conquista da Península Ibérica para o leste da Europa, até se depararem com o reino dos francos

Uma tropa de 50.000 soldados mouros cruzou a fronteira para atacá-los.

Foi o prenúncio do fim do Ocidente.

A vitória de Carlos Martel

Carlos Martel, comandante do exército franco, soube segurar em suas mãos a história de uma civilização para defender com praticamente nenhum soldado.

Convenceu a Igreja a financiar o treinamento de cavaleiros, estudou as formações dos antigos gregos para resistir pela disciplina e pela aceitação de morrer pela causa.

Ele passou um ano inteiro treinando bárbaros, que nunca haviam sido soldados, para enfrentar um exército maior e mais poderoso.

Em 10 de outubro de 732, milhares de soldados estavam na linha de frente de uma guerra santa.

A Batalha de Poitiers

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Quadro representando a Batalha de Poitiers, por Charles de Steuben.

Foi na Batalha de Poitiers, em 732, que Carlos Martel lembrou os antigos espartanos em sua resistência e coragem, saindo vitorioso.

Para a maior parte dos historiadores esta era a última chance de resistência do Ocidente.

“E no abalo da batalha, os homens do Norte pareciam um mar que não podia ser movido. Eles permaneciam com determinação, um junto do outro, numa formação que era como um castelo de gelo; e com grandes golpes de suas espadas derrubavam os árabes”. (Descrição árabe da batalha)

A vitória significou um suspiro de esperança para os inimigos do Islã. Com isso, os cristãos das Astúrias iniciaram o processo de Reconquista da Península Ibérica.

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Brasil Paralelo

A Brasil Paralelo é uma empresa de entretenimento e educação cujo propósito é resgatar bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros. Em sua história, a empresa já produziu documentários, filmes, programas e cursos sobre história, filosofia, economia, educação, política, artes e atualidades.

A Batalha de Covadonga – O início da Reconquista Cristã

A Batalha de Covadonga, em 722, foi considerada o início da Reconquista Cristã da Península Ibérica, porque os cristãos não estavam mais defendendo ou fazendo pequenas guerrilhas, mas enfrentando diretamente o inimigo em um processo de expansão do Reino das Astúrias.

Esta foi a razão da Guerra de Reconquista da Espanha. Era preciso recuperar o território que os mouros tinham ocupado.

Covadonga foi um evento importantíssimo para a cultura católica espanhola.

Dom Pelágio é considerado um grande herói não só porque resistiu e se organizou nas Astúrias, mas porque foi o herói vencedor em Covadonga.

Várias batalhas e guerrilhas que estavam sendo travadas, foram vencidas pelos asturianos pela moral que eles ganharam na vitória em Covadonga.

A organização militar cristã era a de um cavaleiro que queria tornar-se digno, que queria se destacar e sacrificar-se por uma causa maior no campo de batalha.

Os islâmicos, por outro lado, tinham uma visão mais coletivista, mais organizada. Portugal e Espanha aprenderam com isso, sem perder o heroísmo cristão.

Eles aprenderam as técnicas islâmicas.

Vários reinos cristãos surgiram, como o Condado Portucalense, o Reino de Aragão, de Castela, de Navarra e de Leão.

A reconquista de Portugal aconteceu em 1147, quando a cidade de Lisboa foi retomada.

Reconquistar a cidade de Faro permitiu o repovoamento da região sul, consolidando a Dinastia de Borgonha. Ali governou o primeiro Estado nacional europeu até 1383.

Situação da Península Ibérica durante as guerras

Quatro séculos haviam passado desde que os muçulmanos haviam tomado a cidade de Jerusalém, impedindo a população cristã de visitar o túmulo de Cristo.

A vida ocidental naquela época parecia derrotada e sem esperanças.

“Em cada volta que dá a Terra a fé deixa de existir. O temor ao Senhor não mais prevalece entre os homens. A justiça desapareceu do mundo e a violência toma conta das nações. A mentira, a traição e a perfídia pairam sobre nós. A virtude não existe mais e hoje é algo sem valor, o mal reina em seu lugar”.

Se voltássemos no tempo, para o século XI, seria difícil acreditar em nossos olhos.

A Europa parecia uma região amaldiçoada, os governos centrais não estavam organizados e as monarquias ainda resistiam repletas de grandes castelos que guerreavam entre si.

Em uma terra devastada e sem lei, o contexto da Reconquista da Península Ibérica está situado.

O surgimento das Cruzadas

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A tomada de Jerusalém pelos cruzados, quadro de Émile Signol.

Em uma decisão sem precedentes, o Papa prometeu um lugar no céu para as almas daqueles que aceitaram marchar até Jerusalém para retomar a Terra Santa.

Para o Papa, era a oportunidade perfeita para unificar os cristãos ocidentais e orientais, além de colocar a Igreja novamente no centro do cenário político mundial.

Se não era possível viver em paz na Europa, seu povo decidiu buscar uma vida melhor neste mundo ou no próximo.

Estava inaugurada a Era das Cruzadas. Agora milhares de cristãos vindos de toda a Europa marchavam para retomar Jerusalém das mãos dos seguidores de Maomé.

O que foram as Cruzadas?

Nas palavras do professor e filósofo, Olavo de Carvalho, as Cruzadas:

“Foram a resposta parcial e tardia à maior agressão imperialista que a Europa já viu, que nem os romanos fizeram tanta devastação quanto os muçulmanos fizeram. Quando os romanos invadiam um lugar, invadiam um país, imediatamente transformavam todo mundo em cidadão romano e você tinha todos os direitos. E os romanos se adaptavam às religiões locais.
Ao contrário, você tem a sua religião local, uma divindade esquisita, um romano pegava e botava aquilo no panteão em Roma e falava: ‘bom, essa aí é mais uma religião que tá valendo”.

Com os muçulmanos não era assim.

Quando eles invadiam, você tinha a opção de se converter imediatamente e aceitar a autoridade islâmica ou uma entre outras duas opções:

A primeira era morrer.

A segunda era você se tornar um cidadão de segunda classe que não podia praticar sua religião em público, nem mesmo falar sobre ela ou exercer determinados cargos na sociedade, afirma o historiador Bernard F. Reilly no livro The Contest of Christian and Muslim Spain, 1031-1157.

Além disso, qualquer quantia que ganhasse teria pelo menos a metade consumida em impostos.

A razão para as Cruzadas

Para o cientista político, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, as Cruzadas começaram para resgatar a terra de Canaã, porque ela tinha se tornado uma fé hegemônica na questão islâmica.

"As Cruzadas foram um grande sucesso no início, conseguiram expulsar os exércitos sarracenos e libertar Israel, libertar Jerusalém”.

Com a Terra Santa reconquistada, multidões de peregrinos marcharam em busca da paz espiritual, mas o caminho para Jerusalém era para poucos.

Além de frequentes assaltos, havia constantes ataques de exércitos muçulmanos ao longo do caminho.

A jornada era perigosa e o risco de perder a vida era real.

Diversas ordens militares surgiram para proteger os cristãos nesta jornada, para acompanhá-los na viagem.

Um grupo de nobres da França reuniu-se e formou uma ordem para proteger os peregrinos em sua caminhada. Esta ordem era a Ordem dos Templários.

Se você estiver gostando deste conteúdo, não deixe de acompanhar nossa produção. O primeiro episódio relata todos esses detalhes e contém entrevistas com alguns dos melhores professores e pesquisadores brasileiros.

Os Cavaleiros Templários

A Ordem seria oficialmente reconhecida pelo papado, ganhando isenções e privilégios, como a possibilidade de se comunicar diretamente com o Papa.

Quando admitidos como cavaleiros, eles deveriam jurar viver em castidade e pobreza, ser obedientes ao mestre do templo e nunca recuar no campo de batalha.

Os Cavaleiros Templários conquistaram grande popularidade e cresceram rapidamente, tanto em membros como em poder.

Para defender as riquezas dos peregrinos durante as Cruzadas, eles criaram o mecanismo de depósito e saque que se tornou o embrião do sistema bancário.

O movimento templário ajudou na reconquista de Portugal principalmente em dois pontos:

  • Ajudou a expulsar os mouros;
  • Ajudou a defender as Cruzadas.

Qual foi o papel de Afonso Henriques na Guerra da Reconquista?

Em uma das incursões que os cristãos fizeram nas terras tomadas pelos mouros, um pequeno exército comandado por Afonso Henriques foi surpreendido e encurralado pelos muçulmanos. Apesar de estarem em menor número, eles conseguiram vencer e sentiram-se encorajados a continuar lutando.

O conflito era inevitável e a chance de sobrevivência era quase inexistente.

A visão divina de Dom Afonso

Segundo os documentos da época, foi neste momento que o comandante Afonso Henriques jura ter tido uma visão onde Cristo aparece e profetiza sua vitória, entregando a missão de difundir a fé pelos quatro cantos do mundo, conta o historiador João Ameal no livro História de Portugal.

Isto foi fundamental para a Reconquista da Península Ibérica.

Fato ou lenda, em 1139 o Milagre de Ourique marcou de tal forma o imaginário português que se fez presente na bandeira de Portugal e no espírito aventureiro dos próximos séculos.

Este evento foi tão importante que é considerado a certidão de batismo de Portugal.

Afonso Henriques venceu a batalha e foi aclamado o primeiro rei de Portugal, em 1140.

As interferências do rei francês Filipe IV, o Belo

O monarca Filipe IV, o Belo, reinava na França e que queria expandir seu poder a qualquer custo para enfrentar a Inglaterra. Foi quando ele teve uma ideia inédita: cobrar impostos da Igreja.

Por causa disso, ele foi excomungado pelo Papa.

Contudo, o Pontífice não esperava que a campanha difamatória de Filipe, o Belo, pudesse ser tão forte a ponto de ele mesmo acabar sendo espancado e morto pela população.

O novo Papa que o sucedeu também morreu em menos de um ano, de causas até hoje desconhecidas.

Assume, então, o Papa francês Clemente V, que reverteu as decisões da Igreja em favor de seu rei.

Para aumentar seu poder, Filipe IV continuou expropriando judeus e bancos, gerando inflação, dando calotes e contraindo imensas dívidas.

A população revoltou-se com a imensa crise e o rei recorreu à Ordem Templária que lhe emprestou dinheiro para pagar suas dívidas.

O problema é que o empréstimo foi indevido. O dinheiro deveria ser usado para as Cruzadas. Quando o Grão Mestre da Ordem, Jacques de Molay, soube do fato e expulsou o tesoureiro, iniciou uma disputa com o rei francês, narra Joseph Strayer em The Reign of Philip the Fair.

O fim dos Cavaleiros Templários

Filipe, o Belo, usou novamente a mesma estratégia mentirosa. Começou uma campanha difamatória contra os Templários e usou o Papa sob seu domínio para proibir a Ordem e confiscar seus bens.

Na noite de sexta-feira 13 de outubro de 1307, centenas de Cavaleiros Templários por toda a França foram capturados pelos soldados do rei e, segundo alguns historiadores, submetidos a torturas para confirmar seus crimes.

Até hoje não temos todas as conclusões sobre esta história, mas para muitos aquela noite seria o motivo da superstição da sexta-feira 13 ser um dia sombrio.

Todo este processo aconteceu de forma sangrenta.

Os Cavaleiros Templários foram todos considerados hereges e várias armadilhas foram armadas contra eles.

A Ordem que poderia ter trazido grandes avanços para a Europa foi sufocada pela ganância e tirania de um de seus soberanos.

Após a prisão dos Templários na França, o Papa Clemente V solicitou a Dom Dinis que fizesse o mesmo com os Templários portugueses. Mas o rei não atendeu ao pedido do Papa.

O surgimento da Ordem de Cristo em Portugal

O Padre Cleber Eduardo, filósofo, teólogo e historiador, explica que o rei de Portugal, Dom Dinis, apressou-se em criar novas ordens e em pedir ao Papa que transferisse os bens dos Templários para seu governo, isto é, para os governos dessas ordens.

Então, o rei Dom Dinis cria a Ordem de Cristo.

A Ordem dos Cavaleiros Templários continuou viva em Portugal sob o nome de Ordem de Cristo, com um importantíssimo papel na Reconquista da Península Ibérica.

A firme postura do rei de Portugal levou o Papa a incluir uma cláusula em sua bula, abrindo exceção para Portugal e seus aliados sob a transferência dos bens da Ordem.

Se você estiver interessado neste assunto, assista ao primeiro episódio de Brasil – A Última Cruzada.

Como a Ordem de Cristo ajudou tanto Portugal?

Luiz Philippe de Orleans e Bragança explica:

“E é aí é que se explica um monte de coisa da nossa história. Como que um país tão pequeno que era Portugal, como que esse país de repente avançou e se tornou um grande conquistador dos mares? Como que esse país de repente era ‘O País’, era o país do qual saíam todos os maiores navegadores durante um bom período.
Este corpo de elite resolvia uma necessidade vital para a consolidação e o fortalecimento do Estado Português. Entrosada com a esfera política da coroa, alargaria os horizontes do reino conduzindo a expansão de Portugal pelos mares.”

Logo, vemos que a Ordem de Cristo está diretamente ligada às Grandes Navegações Portuguesas.

Como a Guerra dos 100 Anos afetou Portugal?

A vida política em Portugal também não seria tranquila. Os herdeiros de Dom Afonso Henriques não perpetuariam o governo da Dinastia Afonsina. Outra grande guerra eclodia na Europa entre Inglaterra e França, chamada Guerra dos 100 Anos.

Muitos reinos se dividiram de acordo com o lado que apoiavam.

Em 1383, o último rei da Dinastia Afonsina, Dom Fernando I, morreu sem deixar herdeiros.

Este rei tentou invadir o Reino de Castela três vezes durante a Guerra dos 100 Anos, perdendo em todas as investidas, sendo que na última foi obrigado a casar com a princesa de Castela para estabelecer a paz.

A ausência de descendentes reais lançou Portugal em uma séria crise monárquica. Uma eventual união entre os reinos poderia ser desastrosa para a economia portuguesa.

Castela ainda vivia sob uma economia feudalista, enquanto os portugueses já apresentavam o desenvolvimento da burguesia que logo colocaria a nação como a mais poderosa conhecida no mundo.

O conflito só terminou com uma guerra armada quando, em 1385, Dom João, o mestre de Assis, enfrentou as tropas castelhanas na batalha de Aljubarrota e foi proclamado o novo rei de Portugal.

A glória de Portugal: A Dinastia de Aviz

O professor Sidney Silveira nos explica no documentário da Brasil Paralelo que esta foi uma nova etapa na gloriosa história de Portugal, que é a etapa da Dinastia de Aviz, com Dom João I e seus filhos, a chamada Ínclita Geração.

Ao longo do século XV, o que vemos é o crescente esplendor de Portugal.

Foi desta Ínclita Geração que nasceu o grande império dos descobrimentos.

Um dos filhos de Dom João I, o infante Dom Henrique, lançou Portugal nesta grande aventura de descobrimentos marítimos.

Lembre-se, todas estas etapas da história de Portugal estão relacionadas à Reconquista da Península Ibérica. Ao continuar lendo, você entenderá como tudo isso está relacionado entre si.

Dom Henrique, o Navegador

Nenhum dos filhos da Ínclita Geração se destacava mais do que o infante Dom Henrique, o Navegador.

Portugal era, e continuava sendo, a extremidade ocidental da Terra, o fim do mundo conhecido pelos europeus com a forte convicção de que era impossível navegar pelo Oceano Atlântico.

Tudo isso costumava ser atribuído à vontade divina. Parecia ser impiedade a mera audácia de se aventurar naquelas águas.

Um dos mais influentes destes mitos era a história de São Brandão, monge irlandês que, segundo um relato muito popular a partir do século X, teria navegado pelo Atlântico Norte e descoberto várias terras fantásticas e paradisíacas.

Com a Europa imersa no caos, a ideia de haver uma ilha em paz, para além do oceano, trazia esperança para os povos que circulavam estes mitos.

Ilhas lendárias apareciam em mapas da época, como uma ilha chamada Hy Brazil, que significava Terra Prometida.

Isso pode ter influenciado o nome do nosso país!

Procurar a Ilha Brasil, a Antilha, o Purgatório ou Atlântida não era mais fantasioso do que procurar a China, a Índia, o Japão ou as Américas.

Pouco a pouco, proezas impressionantes estavam acontecendo. Primeiro ultrapassando lugares nunca antes visitados, depois descobrindo pequenas ilhas.

No ano de 1485, o infante Dom Henrique foi nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo, cujos amplos recursos e os imensos privilégios acumulados seriam bem aproveitados nas nações.

Ele transformou muitos de seus cavaleiros em navegadores e muitos de seus navegadores em cavaleiros.

A Queda de Granada

Finalmente, entenderemos como ocorreu a Reconquista da Península Ibérica. Com toda a história de Portugal tendo sido resumida em suas etapas cruciais, veremos como os últimos dos mouros foram expulsos pelos cristãos.

Quem nos conta detalhadamente sobre a Guerra de Granada é o pesquisador Rafael Vitola Brodbeck, cuja entrevista está no episódio Entre a Cruz e a Espada.

O Emirado de Granada tornou-se o último bastião muçulmano na Península Ibérica e caiu sob o domínio de Isabel, a Católica.

Era uma mulher de grande formação intelectual, que pensava ser sua missão reconquistar de vez a Espanha e terminar o que seus antepassados fizeram.

Os muçulmanos estavam em Granada, eventualmente guerreavam contra os cristãos e tinham planos de reconquistar toda a província.

Eles estavam em contato com os turcos e com os marroquinos para acertar uma grande invasão à Espanha e recomeçar a conquista.

Isabel conhecia toda a história da Reconquista e tinha uma noção de estratégias. Ela sabia que se não tomasse o Emirado de Granada rapidamente, toda a história de mais de 700 anos poderia ser perdida.

Isabel de Castela e o rei Fernando de Aragão entenderam que não poderiam atacar sozinhos os últimos muçulmanos da Península.

Eles lembraram que nas Cruzadas o Papa deu indulgências aos cristãos de outros países que quisessem lutar.

Conseguiram, então, que o Papa Inocêncio VII promulgasse uma bula convocando todos os cristãos de todos os países a se unirem para reconquistar a Península Ibérica, ganhando indulgências da mesma forma que ganharam nas Cruzadas.

Por causa disso, houve um acúmulo de tropas estrangeiras chegando à Espanha para ajudar os cristãos espanhóis a reconquistar a Península Ibérica: ingleses, irlandeses, franceses e alemães se juntaram ao exército castelhano.

A vitória dos reinos cristãos

Mais de 50 mil homens vindos do exterior passam a integrar o exército castelhano de Fernando e Isabel.

Isabel esteve pessoalmente presente nos acampamentos militares e eles partiram para novas conquistas até chegarem aos pés da cidade de Granada.

Os cristãos, naqueles 8 meses, permaneceram convictos de que Granada iria cair. Os mouros também sabiam que cairiam, continuaram lutando apenas por heroísmo, queriam ser fiéis ao que acreditavam.

Finalmente, Granada se rendeu!

Os reis católicos, os príncipes, os nobres, os sacerdotes, os grandes capitães cristãos, vestiram-se de gala e se posicionaram às portas da cidade.

Os tambores rufaram, bombardeios de honra foram feitos, a cruz foi alçada na torre mais alta junto com as bandeiras de Castela e assim terminou a Reconquista da Península Ibérica.

Os chefes mouros até tentaram beijar a mão de Fernando e de Isabel, reconhecendo sua soberania, mas Fernando não os deixou.

Ele disse:

“Eu sou rei, você é rei também. Ainda que inimigo, eu não quero sua humilhação”.

Era o dia 2 de janeiro de 1492 às 15h. Desde então os sinos das Igrejas de Granada tocam exatamente três vezes às 15h até hoje, em honra a este acontecimento.

Assim houve a unificação da Espanha como um Estado nacional.

As Grandes Navegações Portuguesas

Veja qual é a data novamente: 2 de janeiro de 1492.

Neste mesmo ano, Cristóvão Colombo empreendeu sua navegação para a descoberta da América.

E foi precisamente no acampamento de Santa Fé, onde Colombo estava e viu a queda de Granada, que ele convenceu Isabel a patrocinar a navegação.

Veja isso e muito mais na série Brasil. Se você está gostando deste conteúdo, não deixe de acompanhar os episódios completos.

A relação das Grandes Navegações Portuguesas com a Reconquista da Península Ibérica

O que as Grandes Navegações de Portugal e Espanha têm a ver com a Reconquista?

Estamos falando de um processo de mais de 700 anos de luta pela posse de território.

Os cristãos reconquistaram a Península Ibérica partindo das Astúrias e chegando a Granada, conquistando o território completamente.

Os portugueses foram formados, de geração em geração, na conquista e desbravamento de territórios. Mas já não havia mais territórios a serem conquistados. O que conquistar, então?

O mar.

Cristóvão Colombo conseguiu que Isabel e Fernando financiassem sua expedição. Era um objetivo antigo que já lhe havia sido negado por vários reis, inclusive o de Portugal.

Em 1492, Colombo descobriu o que chamou de Índias Ocidentais, que eram as ilhas da América Central. Esta descoberta tornava necessário dividir a zona de influência entre espanhóis e portugueses nas navegações.

Para isso, assinaram o Tratado de Tordesilhas, onde fora da Europa os portugueses ficavam com o território a leste do meridiano e os espanhóis com o território a oeste.

Até então, apenas uma pequena parte da área dividida pelo tratado havia sido vista pelos europeus, sendo dividida apenas no papel.

Imediatamente após a primeira viagem de Colombo, vários exploradores navegaram na mesma direção.

Para Dom Bertrand, os portugueses já tinham noção de que havia algo do outro lado do Atlântico. Por isso, eles insistiram que a linha demarcatória fosse 70 milhas mais a oeste, da qual surgiu o Tratado de Tordesilhas.

A importância de Portugal e o Descobrimento do Brasil

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Azulejos representando a viagem das caravelas da Ordem de Cristo rumo ao descobrimento do Brasil.

Para o jornalista Percival Puggina, é inaceitável desprezar o imenso valor que este país tem por ter nascido do esforço político e técnico de um povo. Portugal era um pequeno território que foi a primeira nação organizada da Europa.

Localizado em um canto da Península Ibérica, em uma determinada época de sua trajetória, dividiu o mundo em duas partes. Uma era a dele, a outra era da Espanha.

Portugal tinha poder, tinha cacife político para tanto, e conseguiu tal proeza por causa do empenho de seu povo.

Povos que nunca haviam se visto antes estavam prestes a se encontrar.

Em 1497 Portugal envia Vasco da Gama para encontrar uma rota para as Índias, contornando a África pela primeira vez.

Três meses após a partida, a frota no comando navegava até então em águas desconhecidas para os europeus.

Em Moçambique, tiveram que se passar por islâmicos e quase tiveram seus navios roubados até que, finalmente, dez meses depois, a frota alcançou o destino indiano e estabeleceu a Rota do Cabo, deixando o caminho aberto para a Índia.

Quando chegou a hora de regressar, navegaram contra o vento e trechos da viagem que duravam apenas 23 dias, agora demoravam 132.

Metade da tripulação pereceu. E das embarcações e dos 148 navegadores que estavam lá, apenas duas delas, totalizando 55 homens, retornaram a Portugal.

Vasco da Gama chegou um mês depois de seus companheiros, tendo que sepultar seu irmão mais velho no caminho. Ao retornar, foi recompensado como o homem que finalizou um plano que levou 80 anos para ser cumprido.

Recebeu o título de Almirante-Mor dos mares da Índia.

E, em 1499, espalhou-se a notícia de que os portugueses haviam descoberto as verdadeiras Índias.

A viagem realizada foi a mais longa até então, superior a uma volta completa ao mundo ao longo da linha do Equador e seria eternizada na epopeia “Os Lusíadas”, escrita por Luís Vaz de Camões.

Uma façanha inacreditável que seria superada logo no ano seguinte.

O Descobrimento do Brasil em 1500 por Pedro Álvares Cabral

Aqueles navegadores se lançaram ao mar aberto em uma época de superstições e receios, de medos e incertezas, navegando em águas nunca antes navegadas…

O professor de história, Thomas Giuliano, explica que a saída destes homens na expansão marítima tinha a característica fundamental do heroísmo.

Homens ficaram pelos caminhos ao longo de toda a tradição marítima. Portugal teve o privilégio de ter nos mares o seu maior cemitério.

É por isso que Fernando Pessoa tem versos em que diz:

“Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal”.

E no final, completa:

“Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

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A segunda armada portuguesa

Uma segunda grande armada portuguesa foi enviada para a Índia, desta vez com treze caravelas, cerca de 1500 homens e guiada por Pedro Álvares Cabral.

Cabral era Grão-Mestre da Ordem de Cristo e um nobre de fiel relacionamento com a Coroa, descrito como culto, prudente e tolerante com os inimigos.

Na véspera da partida, a tripulação recebeu uma despedida pública que incluiu uma missa e comemorações com a presença do rei, da corte e de uma imensa multidão.

Sua frota se afastou muito da costa africana até desembarcar no que chamaram de Porto Seguro.

A Ilha de Vera Cruz

Eles acreditavam que era uma ilha e o nome dado foi Vera Cruz. Cabral, tendo percebido que a nova terra estava ao leste da linha de Tordesilhas, logo enviou um emissário para Portugal com a importante notícia.

Alguns historiadores sustentam que os portugueses já sabiam da existência da América do Sul e, por esta razão, a rota de Cabral foi desviada e o rei Dom João II insistiu em mover para oeste a linha de Tordesilhas.

Outros defendem que o objetivo deste empreendimento era estabelecer relações comerciais na Índia e que os desvios se deviam a necessidades de navegação, tornando a descoberta algo acidental.

No entanto, este é um debate menor.

Para os portugueses fiéis à tradição católica, o que importava era a missão. Vemos isso na Carta de Pero Vaz de Caminha:

“Até agora, não pudemos saber se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro. Porém, o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar”.

Qual era, então, a intenção dos portugueses em suas navegações?

Mais do que simplesmente desbravar o mar para encontrar especiarias, os portugueses queriam encontrar a Terra Prometida, a Terra Abençoada. A intenção fundamental era missionária, não mercadora.

Para o professor de história e filosofia Rafael Nogueira, presidente da Biblioteca Nacional:

“Como é que vocês acham que de repente um povo que na Idade Média lutou por 8 séculos contra o inimigo islâmico vai do nada se tornar mercador, ‘só quero realizar comércio’. Não faz o menor sentido. Essa história, assim como ela é contada, de que o português saíram (sic) só para encontrar especiarias e ter um melhor acesso às rotas comerciais não se justifica de modo algum. É um desconhecimento completo do que era Portugal, do que era o mundo medieval, o mundo de grandes guerreiros”.

O fato é que em 22 de abril de 1500 os portugueses atravessaram o Oceano Atlântico e chegaram ao Brasil.

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