“Não se nasce mulher: torna-se mulher”. Quem foi Simone de Beauvoir? Sua biografia revela muitos aspectos que ajudam a compreender sua filosofia, tão marcante na Segunda Onda do Feminismo, principalmente com a obra O segundo sexo. Ela é responsável por provocar uma verdadeira revolução sexual ao lado de Sartre. Os efeitos são sentidos até hoje.
Suas contribuições mudaram a forma como se vê o feminismo no século XX. E para resumir a biografia de Simone de Beauvoir, a principal obra consultada foi Feminismo: perversão e subversão, da professora Ana Caroline Campagnolo, com revelações surpreendentes.
Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir foi escritora, filósofa existencialista, ativista e professora. Ela está entre as principais teóricas da segunda onda do feminismo e do existencialismo francês. Tradicionalmente, é conhecida por sua famosa frase: “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.
Seus pais eram Georges Bertrand e Françoise Brasseur, um casal descendente de família nobre, mas que viviam na pobreza. Simone de Beauvoir era a primogênita de duas irmãs, nascida em Paris, França, no dia 9 de janeiro de 1908.
Ela passou a infância e a juventude em um colégio católico. Posteriormente, estudou matemática no Instituto Católico de Paris. Apesar da criação religiosa, optou pelo ateísmo:
“Era-me mais fácil imaginar um mundo sem criador do que um criador carregado com todas as contradições do mundo”.
Fez faculdade de filosofia na Universidade de Sorbonne, onde conheceu Jean Paul-Sartre. Ele foi seu parceiro intelectual e sexual por toda a vida. Não se casaram ou tiveram filhos.
Durante as décadas de 30 e 40, Simone de Beauvoir lecionou em diversas escolas.
Ela também frequentava encontros filosóficos. Em 1945, ela, Sartre, Merleau-Ponty e Raymond Aron fundaram a revista Os Tempos Modernos (Les Temps Modernes), onde veiculavam suas ideias.
Sua obra de maior destaque é O segundo sexo, publicada em 1949.
Vítima de pneumonia, Simone faleceu aos 78 anos no dia 14 de abril de 1986 em Paris. Está enterrada no cemitério de Montparnasse, em Paris, ao lado de Jean Paul-Sartre.
A vida de Simone de Beauvoir foi um ícone entre os anos 1960 e 1990. Ela viveu por anos com Sartre, teve amantes, seduziu menores de idade e defendeu a pedofilia.
Carole Seymour-Jones foi a biógrafa de revelou cartas com detalhes da trajetória de Beauvoir e Sartre, detalhes raramente abordados quando se fala da autora.
“O casal Simone de Beauvoir/Sartre extrapolou as fronteiras de sua produção intelectual, influenciou gerações e para muitos se transformou em exemplo de liberdade e de emancipação feminina. A relação ideal seria aquela de Simone/Sartre. Como a arte de imitar contamina o ser humano de todos os cantos do universo, bastava ler uma linha acerca da suposta liberdade do casal famoso para tentar reproduzi-la. Esqueciam de analisar mais profundamente, esqueciam que liberdade e igualdade precisam andar de mãos dadas, do contrário será pura encenação. Os bastidores jamais serão insignificantes.” (Comentário de Luiz Horácio para o Jornal Rascunho. Http://rascunho.com.br/ilusao-biografica/.)
Antes de conhecer Sartre, Simone teve sonhos tradicionais. Como as outras moças, queria se casar. Ela descrevia o casamento como a maior felicidade que um homem e uma mulher poderiam ter.
Em partes, Beauvoir afastou-se desse sonho matrimonial por causa da pobreza de sua família.
Sartre nunca teve sonhos assim. Embora a propusesse o casamento inúmeras vezes, ela recusou todas.
Ele foi o responsável por uma drástica mudança na vida de Simone de Beauvoir. Suas ideias já apontavam para uma revolução sexual desde cedo. Com aproximadamente 14 anos, ele dizia sentir desejos sexuais pela mãe e espiá-la seminua.
“O que me atraía nessa ligação familiar não era tanto a tentação do amor, mas a proibição de fazer amor; eu gostava do incesto, com sua mistura de fogo e gelo, regozijo e frustração”. (Carole Seymour-Jones, Uma relação perigosa, 2014, pp.55-56)
Posteriormente, tanto ela quanto ele defenderam pedófilos condenados e relativizaram os pederastas e o incesto.
Com mais 67 intelectuais da época, Simone e Sartre assinaram uma carta, publicada no jornal Le Monde, pedindo a liberação de três criminosos condenados no Tribunal de Versailles.
O documento defendia a relação sexual com menores na faixa de 13 anos.
Ambos assinaram também uma carta aberta, publicada no jornal Libérration, defendendo a revogação da lei que punia, como estupro, os atos sexuais com menores de 15 anos.
Pediam o “reconhecimento do direito da criança e do adolescente para manter relações com as pessoas de sua escolha” em solidariedade “a todos os pedófilos presos ou vítimas de psiquiatria oficial”.
De acordo com Beauvoir, as crianças de 11 anos já eram consideradas sexuais mesmo que não tivessem alcançado a puberdade. Ela e Sartre fizeram parte da Front de libération des Pédophiles – FLIP (Frente de Liberação de Pedófilos).
Beauvoir também criou a Liga dos Direitos das Mulheres, que tinha como objetivo criar uma legislação antissexista. Ela foi a responsável pela palavra sexismo ser incorporada no dicionário francês.
Defendeu também o divórcio como forma de libertação das mulheres que queriam descobrir suas possibilidades.
A defesa do sexo praticado por menores condiz com alguns aspectos da vida de Simone de Beauvoir. Ela conta que aos 12 anos já mencionava ter desejos sexuais e se contorcer na cama por eles.
“Com 13 anos de idade, Simone se afastara da irmã às escondidas, numa tarde de calor, para descobrir seu próprio corpo, sozinha, recostada contra o tronco de um castanheiro […] ela tirou a casca de um pequeno galho e delicadamente esfregou a varinha suave entre suas coxas”. (Carole Seymour-Jones, Uma relação perigosa, 2014, p.97)
Aos 20 anos, registrou no diário que estava apaixonada pela governanta da casa de uma amiga. Seu comportamente era bissexual.
Seu companheiro, Sartre, achava-se feio, era vesgo e não conseguia esquecer o trauma das paqueras frustradas da adolescência.
Quando conheceu Simone, disse:
“Ela tinha a inteligência de um homem e a sensibilidade de uma mulher. Em outras palavras, ela é tudo o que eu poderia querer”.
Com pouco tempo, Simone de Beauvoir se apaixonou por ele e, antes de qualquer oficialização do caso, tiveram relações sexuais ao ar livre, sob os castanheiros de uma propriedade familiar.
Foram colocados para fora e tiveram de enfrentar os familiares.
De volta a Paris, conseguiu emprego de professora. Teve mais dinheiro do que o pouco com que vivia e pôde finalmente se vestir como queria, comprar creme, hidratante, pós de arroz e batom vermelho.
Além dos casos com Sartre, Beauvoir mantinha casos com Maheu, um antigo amor. E ele estava longe de ser seu único amante. Outro deles, Jacques-Laurent Bost, a considerava uma mentirosa compulsiva.
Ela mentia para os amantes, para os namorados, para a imprensa e para os biógrafos.
Mentiu também sobre o paradeiro das cartas que Sartre lhe enviava, cartas estas reveladas em 1983.
Quando Sartre lhe disse que a monogamia não lhe interessava, ela aceitou viver sob o regime de não exclusividade.
A amante de Sartre conhecida por Simone chamava-se Marie Ville. Em muitos momentos, Sartre tratava Simone mais como um amigo por causa de suas características masculinas. Em suas amantes, ele buscava afetos mais femininos.
Durante toda a vida, ambos se referiram um ao outro pelo pronome “vous”, significando um casamento entre pessoas de posição social desigual, como entre alguém da realeza com um plebeu.
O casamento foi, na verdade, um pacto e, após a simulação de uma Lua-de-mel, ela voltou a se encontrar com seu amante Maheu.
Sartre mudou-se para longe e este foi um período em que se viam pouco. Ele não a satisfazia e ela queria sempre mais. Por isso, buscava sua satisfação em outros corpos.
Simone de Beauvoir confessava ter desejos sexuais mais fortes do que gostaria. Olhava para os homens, não importando onde estivessem, e cogitava que o desejo deles era tão forte quanto o dela.
Não se bastando com Sartre e com seus amantes, ela também seduziu meninas menores de idade.
Olga Kosackiewicz foi uma adolescente que Simone de Beauvoir conheceu em 1932. Olga era filha de um imigrante perseguido pela Revolução Russa e Beauvoir a convidou para morar em sua casa com despesas pagas.
Olga foi envolvida nas relações sexuais de Simone, que articulava encontros de suas alunas com Sartre. Em 1943, foi demitida por comportamento que “levara a corrupção de menor”.
Beauvoir não parou. Olga chegou a criar dependência com Simone por causa do envolvimento sexual, ainda que precoce.
Mas bastou a filha começar a ir mal nos estudos para que os pais a chamassem de volta para casa. Isso, porém, não aconteceu, porque Sartre e Beauvoir insistiram que garantiriam proteção e estudos caso Olga continuasse com eles.
A intenção não era essa, mas sim sexo a três. O problema é que Olga repudiava Sartre e ele começou a achar isso intolerável.
Com o tempo, a menina começou a se ferir e a se queimar. Ela se sentia angustiada porque sabia que estava sendo abusada e era mantida sob falsas promessas de um futuro brilhante.
Como nada quis com Sartre, ele se vingou seduzindo a irmã de Olga, Wanda, também aluna de Simone de Beauvoir.
Wanda ficou conhecida por ter vomitado após o primeiro beijo de Sartre.
Por causa desses dados biográficos, Ana Campagnolo ressalta que Simone de Beauvoir, ícone do feminismo, não tinha compaixão pelas mulheres e não mediu esforços para agradar a Sartre, um devorador de corações femininos. Ela fez propaganda de um estilo de vida que sequer a fazia feliz.
Olga não foi a única menor de idade que Simone seduzia para entregar a Sartre. Bianca Bienenfeld Lamblin tinha 17 anos quando Simone a cooptou. Tudo indica que Sartre tirou a virgindade de Bianca e de outras moças.
“Lá dentro, Sartre tirou a roupa e lavou os pés sujos em uma bacia. Timidamente, Bianca pediu que as cortinas fossem fechadas, mas seu companheiro se recusou, dizendo que o que iam fazer deveria ser feito à luz do dia. Quando ela enfim ficou diante dele, envergonhada, nua, mas ainda usando o colar de pérolas, ele riu do ornamento “burguês”. O homem cortês e generoso que ela conhecia havia desaparecido: “Era como se quisesse brutalizar alguma coisa em mim e fosse governado por um impulso destrutivo […] ele queria brutalizar a feiúra que havia em si próprio. Não tinha nenhuma sensualidade. Era por causa da sua feiúra que tinha aquela necessidade por mulheres; uma necessidade de provar alguma coisa”. (Carole Seymour-Jones, Uma relação perigosa, 2014, p.219)
Essas adolescentes eram descartadas e novas vítimas tomavam seus lugares. Após um tempo, Simone alegava ciúmes e Sartre as deixava. O mesmo aconteceu com Natalie Sorokine. A lista de adolescentes abusadas aumentava quase no mesmo ritmo da lista de amantes de Simone de Beauvoir.
Carole Seymour-Jones relata que uma das amantes de Sartre e Simone se suicidou e outra se viciou em drogas.
Esse sistema no qual Simone fazia a ponte entre adolescentes e Sartre tomava muito tempo. Ele se considerava feio demais para fazer isso por si mesmo, razão pela qual precisava de ajuda.
Com todo esse esforço sexual, o casal ignorava muito do que estava acontecendo na época.
Quando Simone visitou a Alemanha nazista, comentou que as ruas estavam alegres e animadas. Eles não faziam nada em relação à perseguição imposta pelos alemães, que os consideravam amigáveis.
Atualmente, ao se responder quem foi Simone de Beauvoir, esses detalhes de sua vida não são revelados. Apenas sua tese feminista é apresentada, mesmo assim, mitigada.
Na época em que Simone de Beauvoir publicou a obra que marca a Segunda Onda Feminista, os ares eram sexualmente revolucionários.
O livro O segundo sexo é considerado a bíblia feminista. Por causa dele, Simone foi chamada de “mãe” da segunda onda do feminismo.
Ela inicia o primeiro volume com uma lista da divisão sexual de muitas espécies no reino animal. Sem esconder uma dose de sadismo, ela ressalta aquelas em que os machos são mais descartáveis.
Apresentou também espécies nas quais o macho e as fêmeas não se distinguem nitidamente.
Na primeira etapa, Beauvoir buscou amparo na natureza para justificar sua tese sobre homens e mulheres, reforçando a tese de muitas feministas de que seu sexo é indispensável para a humanidade, enquando os homens são dispensáveis e até detestáveis.
Nesse momento da argumentação, ela também reconhece a fraqueza natural das mulheres:
“A mulher é mais fraca que o homem; ela possui menos força muscular, menos glóbulos vermelhos, menos capacidade respiratória, corre menos depressa, ergue pesos menos pesados, não há quase nenhum esporte em que possa competir com ele; não pode enfrentar o macho na luta. A essa fragilidade acrescentam-se a instabilidade, a falta de controle e a fragilidade de que falamos: são fatos. Seu domínio sobre o mundo é portanto mais estrito; ela tem menos firmeza e menos perseverança em projetos, os quais é também menos capaz de executar. Isso significa que sua vida individual é menos rica que a do homem. Em verdade, esses fatos não poderiam ser negados, mas não têm sentido em si.” (O segundo sexo: fatos e mitos. Nova Fronteira, p.62)
Da biologia, Simone de Beauvoir parte para uma análise histórica e sociológica da condição feminina.
Desde que O segundo sexo entrou em circulação, passou a ser recorrente uma acusação contra os homens: a de que eles se consideram uma padrão a ser seguido por todos, incluindo mulheres.
Beauvoir declarou que o homem se fez de sujeito principal, exemplar universal da espécie. Na visão da autora, a mulher foi relegada à marginalidade, como “um outro” sempre secundário.
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Simone depreciou o corpo, odiou a maternidade, recriminou o curso biológico e buscou acabar com todos os valores femininos. Ela negou a profundidade do sexo biológico na feminilidade e na identidade humana.
Ao ser perguntada “o que é uma mulher?” sua resposta é:
“Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornar-se um ser humano na sua integridade”. (O segundo sexo, São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1970)
O feminismo de Simone de Beauvoir consiste em negar que existam sexos diferentes. Essa é a explicação para sua frase de que ninguém nasce mulher, mas se torna. Ela defendeu a tese de que a sociedade criou a “mulher” para que a oprimisse.
Seu livro O segundo sexo prefigurou a teoria de gênero. Carole Seymour-Jones, biógrafa de Simone de Beauvoir, chamou a obra de Bíblia de feminismo.
Sem usar a palavra gênero, ela já desenvolvia essa noção de forma conceitual:
“Nenhum destino biológico, físico, econômico, define a figura da fêmea humana que se reveste no seio da sociedade: é a civilização como um todo que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado, que qualificamos de feminino”. (O segundo sexo, São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1970, p.9)
Analisando os papéis de esposa, mãe e prostituta, a feminista argumentou que as mulheres seguem vidas monótonas, fruto do cuidado da casa e dos filhos e que elas são apenas objetos da saciedade sexual e psicológica dos homens.
Beauvoir comparou os maridos aos senhores de escravos e as mulheres às escravas. Se bem que, considerou que a mulher era tão infeliz junto aos homens que a vida dos negros escravizados, judeus e proletários era melhor.
Dentro do escopo de seu pensamento, uma de suas teses se destaca envolvendo o corpo.
Do pensamento de que a mulher foi deixada de lado pelos homens, surgiu a teoria da corporificação de Simone de Beauvoir. Neste caso, o corpo masculino possui liberdade ostensiva.
A mulher, por sua vez, possui um corpo que não é livre, que é uma prisão. A mulher é limitada pela puberdade, menstruação, gravidez e menopausa.
Em suas cartas, Simone de Beauvoir demonstrava muita insatisfação com a velhice, o que a levou a acusar a vida, a natureza e o próprio corpo feminino de traição:
“O próprio uso que o homem faz da mulher destrói suas virtudes mais preciosas: gasta pela maternidade, ela perde sua atração erótica; mesmo estéril, bastasse os anos para alterar-lhe os encantos. Enferma, feia, velha, a mulher causa horror”. (O segundo sexo: fatos e mitos. Nova Fronteira, p.223)
Segundo Simone de Beauvoir, o corpo é um fardo e o início da liberdade é livrar-se dele. Ela via a gravidez como uma aceitação da escravidão de ser mãe.
Beauvoir também comentou a virgindade de Maria, mãe de Jesus:
“A virgindade de Maria tem principalmente um valor negativo […] pela primeira vez na história da humanidade, a mãe ajoelha-se diante do filho; reconhece livremente a própria inferioridade”. (O segundo sexo: fatos e mitos. Nova Fronteira, p.236-237)
A autora rejeitou a moral cristã, bem como considerou a Bíblia como responsável, em partes, por colocar a mulher em uma condição de humilhação em relação aos homens. Ela viu um sinal secundário na criação da mulher depois do homem.
Em resumo, Simone de Beauvoir defendeu a pedofilia, pederastia e as relações sexuais múltiplas. Era contrária ao casamento, à maternidade e à feminilidade. Adepta à teoria existencialista, concordava que não existe uma essência.
Primeiro o ser humano existe, depois se constrói da forma como desejar. Isso teve papel preponderante nas ideologias feministas do século XX.
Suas obras versam sobre filosofia, política e sociologia. Também escreveu romances, novelas, peças de teatro, ensaios e autobiografias.
Seu primeiro livro foi um romance, A Convidada, aceito para publicação pela editora Gallimard em 7 de maio de 1940. Quando sua mãe, Françoise, morreu, ela escreveu Uma Morte Muito Suave.
Após a morte de Sartre, um ano antes da sua, escreveu A Cerimônia do Adeus.
Por muitos anos, Simone morou em hotéis em Paris e escrevia em cafeterias, como a Les Deux Magots. Somente quando ganhou o prêmio Prix Goncourt, por seu romance Os Mandarins, comprou um flat, em 1955.
Essa é a lista das principais obras de Simone de Beauvoir:
Em 1980, surgiu na França o primeiro ministério das mulheres. Beauvoir manteve-se próxima à primeira ministra da mulher, Yvette Roudy.
Ela esperava que o ambiente cultural mudasse e dizia que os homens eram violentos pois isso estava enraizado em sociedades sexistas e que toleravam a discriminação.
Essas ideias deixaram marcas tão profundas na sociedade que Eric Zemmour escreveu um livro para contrapor as ideias feministas de Beauvoir.
O ensaísta Eric Zemmour escreveu o livro O primeiro sexo para contrapôr a visão de Simone de Beauvoir. Suas primeiras palavras foram categóricas:
“Há homens e mulheres, não o Homem, nem a Mulher”.
O autor analisa a sociedade e não os universais filosóficos e constata impactos sociais vividos por causa da queda dos valores masculinos.
Ele notou a prevalência dos valores femininos nos debates nacionais e internacionais. Prefere-se paz à guerra, diálogo à autoridade, tolerância à violência, precaução ao risco.
A primeira edição de seu livro foi em 2006 e ele já constatava homens com trejeitos predominantemente femininos se comparados aos homens de outras épocas. Hábitos como depilação, que não eram adotados, tornaram-se comuns entre rapazes, bem como cuidados com a pele e outros tipos de atenção estética.
O autor notou uma queda na virilidade. Notou igualmente que parte da culpa masculina vem do medo de uma acusação, a de ser machista. Homens passaram a ter medo das próprias características para não serem acusados.
O temor de parecer agressivo ou violento afetou também a classe política. Candidatos não se portavam com virilidade, mas eram verdadeiras figuras femininas com muitos traços de delicadeza, o que remete às acusações sexistas que Beauvoir fazia.
Entre adolescentes, cada vez mais, meninos e meninas foram ficando indiscerníveis, pois tanto um sexo quanto o outro passaram a usar as mesmas roupas, cortes de cabelo e modos comportamentais. A tendência à bissexualidade também foi algo propagado.
A feminização da sociedade, para Zemmour, veio acompanhada da perda geral da autoridade, porque os homens responsáveis por isso pararam de se impor, aceitando ordens de quem deveria ser comandado.
Finalmente, essa frase de Simone de Beauvoir popularizou-se no Brasil por ter se tornado tema de uma questão do Exame Nacional do Ensino Médio, prova feita por adolescentes de todo o país.
Eis a questão:
(ENEM-2015) Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a)
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.|
c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.
A questão levantou polêmica por defender a ideologia de gênero, o que incomodou milhares de famílias que se recusam terminantemente a permitir que seus filhos tenham esse tipo de ensinamento nas escolas.
Infelizmente, os professores não contam o que Simone de Beauvoir realmente fazia, e a apresentam apenas como uma defensora dos direitos das mulheres.
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