“Nós devemos dobrar os nossos esforços e continuar com a firme vontade para progredir a causa do socialismo com as características chinesas e continuar a realizar o grande renascimento da nação chinesa e o sonho chinês” (Xi Jinping, na cerimônia de celebração do centenário do PCC 01/07/2021).
Alguns afirmam que a China é uma ditadura comunista, outros que é um regime político socialista com a economia capitalista, portanto uma espécie de socialismo de mercado. Afinal, qual o regime político da China?
Nome oficial: República Popular da China
Língua oficial: Mandarim
Capital: Pequim (Beijing)
Presidente: Xi Jinping
Área: 9.596.961 km²
População: 1.419.257.177
Densidade demográfica: 146,29 hab/km²
Produto interno bruto: US$ 12,24 trilhões
Em outubro de 1949, Mao Tsé-Tung liderou uma revolta junto a um grupo de camponeses e, por meio de um golpe, proclamou a República Popular da China. A revolução e o novo regime eram pautados com base nas teorias de Marx e Lenin.
O Partido Comunista assumiu o poder na China, encerrando uma longa guerra civil. Este evento deu início a uma nova nação.
Mao implementou políticas com base nas ideias marxistas. Buscou industrializar o país e mudar a tradicional estrutura agrária chinesa. Para tanto, criou grupos de trabalho e fazendas coletivas, proibindo a agricultura particular e a propriedade privada.
A coletivização e a centralização da economia transformaram a sociedade. Os chineses foram obrigados a parar de cultivar alimento para se dedicar à metalurgia, por exemplo, já que no campo industrial, a China estava bem atrasada. Para reverter este problema, Mao Tse-Tung promoveu o grande salto para frente.
O novo modelo de agricultura e os esforços pela industrialização se mostraram ruins. A China enfrentou uma grande crise alimentar devido à escassez de alimentos produzidos.
A fome matou cerca de 45 milhões de pessoas entre 1958 e 1962, segundo estimativas de Frank Dikötter, autor do livro “A grande fome de Mao — A história da catástrofe mais devastadora da China”.
Dikötter é historiador, especializado em questões chinesas e presidente do instituto de Ciências Humanas de Hong Kong desde 2006.
O autor registrou até casos recorrentes de canibalismo em algumas vilas chinesas. Dikötter acessou os arquivos do PCC e identificou casos chocantes em que pessoas desenterraram seus parentes para se alimentar.
Na década de 60, Mao promoveu a Revolução Cultural. Uma campanha de perseguição contra partidários do capitalismo. Os apoiadores do novo regime promoveram uma verdadeira caça às bruxas.
Todos os inimigos de Mao Tse-Tung foram perseguidos. Principalmente os membros do partido que não eram alinhados e os defensores do antigo regime da China.
Milhões de pessoas foram aterrorizadas pela Guarda Vermelha. Grupo composto por jovens mobilizados por Mao para eliminar o que o líder chamava de "cultura burguesa".
O culto à personalidade de Mao foi estimulado e ele passou a ser tratado quase como uma divindade no território chines.
A imagem dele ainda está muito presente no cotidiano do país asiático. No entanto, a República Popular da China é muito diferente daquela concebida pela revolução.
No campo econômico, a China está a ponto de superar a economia dos Estados Unidos. Ela tem o potencial de se tornar a maior economia do mundo.
O PIB chinês é superado apenas pelo dos Estados Unidos. No entanto, em termos de paridade do poder de compra, já é o país mais rico do mundo.
A China também possui o setor bancário mais rico e a instituição com o maior total de ativos: o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC).
É o principal gigante comercial: ele produz e exporta mais que qualquer outro país, com 119 empresas na lista das 500 maiores do mundo. Segundo a lista de 2019 da revista Fortune.
Toda essa prosperidade não foi possível sem uma readequação da economia chinesa à economia de mercado. Em 1978, iniciou-se o processo de industrialização chinesa. Deng Xiaoping, presidente da época, foi o grande idealizador da mudança. Ele promoveu a reforma e abertura da China.
Deng Xiaoping criou o programa “portas abertas”, convidando empresas estrangeiras para o país. Poucos dias depois, as garrafas de Coca-Cola chegaram. Oito presidentes americanos, de Richard Nixon a Barack Obama, injetaram dinheiro na economia chinesa.
A estratégia era o cálculo de que a prosperidade e os bens de mercado ajudariam a China a tomar uma via mais inclinada aos valores liberais.
O resultado foi a maior transferência econômica do mundo. Em 1995, a economia da China era menor que a da Itália. Hoje é 24 vezes maior, perdendo apenas para a dos Estados Unidos.
O maior laboratório da Microsoft fora dos Estados Unidos fica na China. Em apenas 35 anos a cidade de Shenzhen passou de uma aldeia de pescadores a rival do Vale do Silício em inovação tecnológica.
As empresas chinesas Huawei, Tencent e Alibaba têm a mesma estatura que a Google, Facebook e Amazon. A China registrou quase metade das patentes no mundo em 2019.
O Ocidente aceitou o modo chinês de fazer negócios, esperando uma mudança de atitude do regime, o que não veio.
A fórmula de abertura foi bem-sucedida e permitiu à China crescer de forma sustentável em níveis recordes, por três décadas.
O Banco Mundial estima que mais de 850 milhões de chineses saíram da pobreza graças às reformas, como parte de um desenvolvimento sem precedentes.
Os líderes posteriores — Jiang Zemin, Hu Jintao e o atual presidente do país, Xi Jinping — mantiveram os planos de reforma e abertura.
A China modernizou-se, e hoje não apenas domina a fabricação de roupas, têxteis e eletrodomésticos, mas é também um gigante tecnológico.
A multinacional Huawei, a maior empresa privada da China, é líder no desenvolvimento da tecnologia 5G e é a segunda maior fabricante de telefones celulares do mundo.
Outra empresa privada, a Lenovo, vende mais computadores pessoais que qualquer outra empresa. Mais de 70.000 empresas americanas têm negócios na China, gerando uma receita de mais de 100 bilhões de dólares anuais.
A General Motors já vende mais carros na China que nos Estados Unidos. E empresas como Apple dependem do país para a manufatura de seus produtos.
O enriquecimento da China é herança da abertura econômica e dos investimentos americanos.
A China iniciou um projeto de infraestrutura global para criar corredores comerciais e unir mais de 100 países. As obras já se multiplicam pela Ásia, África e Europa, formando a espinha dorsal da agenda chinesa.
Xi Jinping quer uma nova globalização que deixe de lado as antigas regras ocidentais. No passado, nações do sudeste asiático recorriam aos Estados Unidos para financiar sua infraestrutura. Em troca, eram obrigadas a manter uma fachada de democracia.Agora, o financiador não é mais democrata, e a ditadura não é um empecilho.
Agora, o financiador não é mais democrata, e a ditadura não é um empecilho.
Após receber financiamento chinês, o Camboja fechou rádios e jornais no país e expulsou instituições de fomento à democracia, que eram financiadas pelos Estados Unidos.
Países como Malásia, Burma, Maldivas, Paquistão, e muitos outros, estão seguindo o mesmo exemplo.
A China concede empréstimos para países pobres, sabendo que eles não têm como pagar. Esses países se vêem forçados a ceder aos interesses geopolíticos do Partido Comunista. Aos poucos, todos esses países se tornam ferramentas do interesse geopolítico chinês.
O impacto da revolução não é somente econômico ou político. Diversas questões culturais e sociais passaram por mudanças.
Desde a Revolução Cultural, a China passou por uma reformulação de sua identidade. Os valores comunistas passaram a ditar os cânones da arte e da cultura chinesa. Em muitos aspectos, a sua cultura milenar se perdeu.
Resta aquilo que o partido permite e as manifestações artísticas e culturais que financia.
A obediência e a deferência à hierarquia estão entre os costumes mais rígidos na sociedade chinesa. A ordem é colocar em primeiro lugar os homens mais velhos, depois os homens mais jovens e depois as mulheres mais velhas, seguidas das mulheres mais jovens.
A interação social prevê a honra, a dignidade, a lealdade e o respeito à antiguidade. Estes valores são herança do confucionismo. Aos poucos, ele foi sendo substituído pelo respeito ao partido.
A culinária está entre os pontos de maior diversidade na China. Os pratos típicos reúnem ingredientes dos mais variados e refletem a disponibilidade de produtos agrícolas em cada área geográfica.
No norte do país, o principal ingrediente é o trigo, e no sul o arroz: as receitas são montadas com base nisto. Além dos produtos, a maneira de temperar e cozinhar os alimentos é diferenciada.
Há pelo menos oito estilos característicos de cozinha na China, representando suas 22 províncias.
A caligrafia está entre as artes tradicionais chinesas e começou na dinastia Shang, há 3,6 mil anos. É uma tradição milenar, dividida em cinco categorias: selo, oficial, formal, corrida e cursiva. Cada um dos estilos reflete um momento histórico e político chinês.
A base dessa caligrafia são pictogramas e ideogramas. Eles contêm pelo menos 60 mil caracteres que são usados ainda hoje.
Escrevê-los é considerado uma obra de arte que exige disciplina mental e concentração. Cada pictograma resulta de diferentes origens e dinastias. Eles representam conceitos, e não sons, em comparação com o alfabeto ocidental.
Alguns palácios das antigas dinastias e a Grande Muralha da China são exemplos de arquitetura tradicional chinesa que ainda foram preservadas.
Os chineses são uma das civilizações mais antigas, remanescentes da planície ao norte do país, nas proximidades do Rio Amarelo. A formação do povo chinês sofreu influência de diversos outros povos da região.
A China atualmente é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1.419.257.177 habitantes, representando um quinto da população mundial.
A população chinesa divide-se em grupos étnicos, especialmente a etnia han, maior grupo étnico do mundo. Os estrangeiros que vivem no país são de países como a Coreia do Sul, os Estados Unidos e o Japão.
Devido ao grande contingente populacional, o Estado controla com mão de ferro sua taxa de natalidade. A partir da política do filho único.
O governo impõe às famílias que elas tenham apenas um filho para controlar a natalidade do país.
Aqueles que desrespeitam a imposição confrontam dois cenários ruins:
A lei é da década de 70. Em 2016, ela sofreu uma alteração e atualmente os chineses podem ter dois filhos.
O governo chines não estimula questões religiosas para a população. O Estado é predominantemente ateu. Ele favorece mais um culto às personalidades do partido que as religiões tradicionais devido a doutrina comunista.
Apesar disso, algumas religiões são professadas por parte da população. O taoísmo e o confucionismo são professados por cerca de 20% da população. Há também os que praticam o budismo, que veio da Índia.
Existem também a presença da Igreja Católica e outras denominações cristãs. Essas são as religiões mais perseguidas, cujos cultos o Estado mantém de perto o controle.
Este controle se estende a todos os aspectos da vida chinesa.
O governo chinês mandou instalar 626 milhões de câmeras com reconhecimento facial. Os chineses têm que aceitar que seus dados sejam coletados pelo governo. Em 2020, 468 milhões de registros pessoais foram vendidos para instituições financeiras.
A cooperação obrigatória com o Partido já é lei desde 2017. A segurança e a privacidade dos cidadãos e investidores estrangeiros parecem ter sido abandonadas. As novas leis refletem a vontade da China em controlar a casa.
Não há liberdade de opinião nem de imprensa. Todos os veículos de informação e comunicação são comandados por braços do PCC. Nem a internet escapa ao controle do Estado
Os cidadãos da China não conseguem acessar livremente a internet. Ela é controlada pelo firewall chinês, uma espécie de programa que controla e rastreia toda a rede chinesa. Bloqueando sites, pesquisas, transmissões e determinados conteúdos.
Os sites bloqueados são:
Todas as transmissões ao vivo que começam na China são monitoradas. O firewall chines é administrado por um órgão censor.
Os funcionários controlam o conteúdo exibido com um método de atraso e captura de tela. Qualquer irregularidade, suspendem de imediato a transmissão.
O mecanismo de reconhecimento facial também é aplicado. Se o usuário é de alto risco, há um monitoramento mais cuidadoso.
Desde a Lei de Segurança Nacional, os chineses são impedidos de promover qualquer manifestação contra o partido comunista chinês. Qualquer manifestação neste sentido é considerada traição.
Muitos termos são banidos da internet chinesa:
Os termos não podem nem ser digitados na maioria dos sites da China.
Segundo dados do próprio governo chinês, o sistema de fiscalização de outros usuários conta com mais de dois milhões de funcionários.
Até as empresas privadas contam com censores. É uma exigência do governo para que haja adequação das empresas às normas da China.
Segundo o jornalista e analista internacional Diego Laje: "Os níveis de repressão e controle estão aumentando e a tecnologia foi aperfeiçoada para que a China seja hoje um estado policial perfeito".
O partido controla o destino e as opiniões do povo. Milhões são rastreados por câmeras de reconhecimento facial, impressões digitais e dados biométricos.
A China aprisiona mais de um milhão de dissidentes religiosos em prisões chamadas Centro de Treinamento Vocacional. Algumas províncias já realizam coleta de DNA para controlar os cidadãos.
É o Estado que controla quase todas as empresas do país que administram os recursos naturais.
Ele também é oficialmente o proprietário de toda a terra. Embora, na prática, as pessoas possam ter propriedades privadas, é o governo que chancela quem pode adquirir propriedade ou não.
E o Estado também controla o sistema bancário, decidindo quem pode tomar empréstimos.
Até as empresas privadas chinesas devem passar por inspeções estatais e ter "comitês partidários'' que possam influenciar a tomada de decisões.
Desde que foi eleito indiretamente em 2013, Xi Jinping deu uma amostra do seu poder e da eficiência da política chinesa: expurgou opositores de dentro do partido e criminalizou mais de cem mil oficiais.
70 anos depois de Mao chegar ao poder, o país ainda é governado por uma única força. Todo o regime e sua condução estão centralizados no Partido Comunista da China. Ele opera de forma conjunta e tem líderes em cada cidade e região do país.
O presidente é eleito pela Assembleia Popular Nacional (o Parlamento), que é controlada pelo Partido Comunista.
Xi Jinping comanda o Estado, o Partido e o Exército. Nada está fora das mãos do líder chinês. Ele mesmo aprovou uma lei que suspendeu seu limite de poder no tempo. A China age como um só corpo com um plano ditado por um homem forte.
Xi Jinping é presidente do país, secretário-geral do Partido Comunista Chinês e diretor da Comissão Militar. Os três maiores poderes do país — Estado, Partido e Exército — respondem ao mesmo homem.
Há um controle totalitário do governo e das leis. Não há oposição na China, o Estado não permite. Sua legislação proíbe:
A China é um regime unipartidário, totalmente dominado pelo Partido Comunista Chinês (PCC). Estado e PCC se confundem, o que permite a implementação de um projeto totalitário.
Um governo totalitário envolve a total mobilização do indivíduo em prol do Estado e seus interesses. A própria concepção de indivíduo some. Prevalece a total disponibilidade dos cidadãos para serem ferramentas na mão do regime.
Desde que chegou no poder, Xi Jinping aprovou um grande pacote de leis para manter esse estrito controle:
A China, apesar de ter aberto seu mercado ao capital e às empresas de todo o mundo, mantém uma ditadura comunista das mais autoritárias que a humanidade já viu.
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