O ódio e a perseguição de Hitler aos judeus chocou o mundo. Durante o regime nazista, seis milhões de judeus foram assassinados em campos de concentração, milhares de judeus sobreviventes perderam suas propriedades e outros direitos fundamentais.
O nazismo marcou a história como uma das piores perseguições étnicas e religiosas já vistas.
Afinal, por que Hitler perseguia os judeus? Conheça o pensamento do líder nazista e a história do antissemitismo.
Hitler perseguiu os judeus porque acreditava que eles eram uma raça inferior que agia contra os arianos, degenerando deliberadamente a moral e a economia da Alemanha. Hitler aderiu ao antissemitismo e a eugenia, sendo essas as teorias que motivavam seu ódio aos judeus.
Na época de Hitler, o antissemitismo ganhou novos contornos. O líder alemão uniu o fascismo de sua época com a cultura antissemita já presente na cultura nacional.
Enquanto o fascismo uniu o socialismo com o nacionalismo, Hitler adicionou um elemento de preconceito étnico ao fascismo.
O pensamento nazista possuia uma nova concepção da luta de classes. Para o ex-ditador alemão, a história é uma permanente luta entre as diferentes raças, na qual a raça superior deve utilizar todos os meios necessários para manter sua pureza e subjugar as outras, afirma a antropóloga Márcia Francisca Topel, da Universidade de São Paulo (USP).
Hitler e seus partidários também afirmavam que os judeus formavam cartéis detentores dos meios de produção para oprimir o povo trabalhador alemão, conforme seu livro Mein Kampf. Para supostamente defender trabalhadores arianos oprimidos, Hitler mudou o nome de seu partido para Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
O ódio do ditador alemão se estendia a diversos aspectos da sociedade judaica, incluindo o comunismo. Ele era um severo crítico do comunismo, especialmente porque seu criador, Karl Marx, era judeu.
O principal livro teórico de Hitler, o Mein Kampf (Minha Luta), possui um capítulo dedicado a criticar as teorias marxistas.
Essa posição fez com que os nazistas se tornassem essencialmente anti-marxistas, afirmou a antropóloga Adriana Dias, da Unicamp.
O pensamento de Hitler se difundiu na Alemanha especialmente por causa das suas supostas aparências científicas, que eram semelhantes ao darwinismo, e do já existente antissemitismo no país.
A união de todos esses fatores culminou na maior perseguição anti semita da história, levando a morte de aproximadamente 6 milhões de judeus, afirma Raul Hilberg, historiador pioneiro do Holocausto.
Richard J. Evans, historiador da Universidade de Cambridge, explica que o plano nazista foi difente de qualquer outro genocídio étnico:
"O genocídio de cinco a seis milhões de judeus cometido pela Alemanha nazista e seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial está, em alguns aspectos, em uma categoria diferente dos genocídios étnicos que acontecerem ao longo da história.
Ao contrário dos objetos de outros genocídios, os judeus eram considerados por seus assassinos nazistas como o 'inimigo mundial', a serem procurados ativamente onde quer que vivessem e mortos sem exceções, em um processo abrangente de extermínio que deveria continuar até não havia mais judeus em nenhum lugar do mundo.
Os nazistas tratavam os judeus com uma ferocidade sádica raramente expressada nas outras vítimas de sua violência: homens judeus encontrados na Frente Oriental pelas forças alemãs eram deliberadamente humilhados, suas barbas incendiadas ou forçados a realizar exercícios de ginástica até caírem do chão por exaustão. Meninas judias eram obrigadas a limpar banheiros com suas blusas".
O antissemitismo é uma palavra moderna que designa ódio aos judeus e sua cultura. A repulsa aos judeus é associada a teorias políticas que mostram os judeus como empresários com planos de dominação mundial, diz o historiador Daniel Pipes.
Segundo Marta Francisca Topel, antropóloga da Universidade de São Paulo (USP), o antijudaísmo começa a surgir especialmente depois de Cristo.
O termo antissemita surgiu no século XIX, diz Bernard Lewis, mas a aversão aos judeus é mais antiga.
Para a antropóloga Marta Francisca, o antissemitismo começou com as seitas gnósticas e maniqueistas que surgiram aproximadamente no século II. Eles afirmavam que o Deus do Antigo Testamento, o Deus dos judeus, era mau, diferente do Deus do Novo Testamento, que seria o Deus bom.
Com essa convicção, os membros destas seitas passaram a ver os judeus como servos do Deus mau, como agentes de suas más obras. Outra origem da aversão aos judeus está relacionada a perseguição dos judeus contra os cristãos e a certas interpretações dos textos de São Paulo.
A relação entre cristãos e judeus foi conflituosa desde o início. Logo após a morte e ressurreição de Jesus, os judeus passaram a perseguir e matar os cristãos. O cristianismo era considerado pelos fariseus como uma seita idólatra, levando a punição com a pena de morte.
O historiador Thomas Madden aponta que os conflitos entre membros das duas religiões duraram séculos. Madden apresenta o assassinato de judeus a cristãos em Alexandria, em 414, e outros linchamentos ocorridos na Síria no mesmo século.
Em contrapartida, muitos cristão do período medieval utilizaram passagens das Sagradas Escrituras para afirmar que os judeus eram um povo mau e amaldiçoado e linchá-los de seus vilarejos, como será apontado posteriormente neste artigo. Tais atitudes aconteciam em desarmonia com o posicionamento da Igreja Católica.
São Justino - o Mártir, Tertuliano, Orígenes, Santo Eusébio e outros teólogos importantes, escreveram tratados contra o judaísmo durante a Patrística, mas não defendiam a perseguição aos judeus. No final do século V, Santo Agostinho rejeitou as alegações de alguns cristãos de que os judeus eram servos do diabo.
No cerne do pensamento agostiniano sobre os judeus estavam as palavras do Salmo 59: “Não os mates, para que meu povo não se esqueça: espalha-os pelo teu poder; e derruba-os, ó Senhor, nosso escudo”.
Para ele, a existência do judaísmo era errada, mas eles poderiam lembrar os cristãos de que Deus fala com o povo desde a Antiguidade.
O historiador judeu Nachum Tim Gidal afirmou que os judeus da Europa viveram em relativa paz do século V até o século XIII, no livro Jews in Germany: From Roman Times to the Weimar Republic.
A partir do século XIII, o antissemitismo passou a crescer na Europa junto com as superstições da época, levando muitos vilarejos a considerarem os judeus como culpados pelas muitas das epidemias e desastres naturais da época. Esse fenômeno medieval foi amplamente descrito no livro Bode Expiatório, do sociólogo francês René Girard.
Muitas vilas realizavam linchamentos públicos contra as comunidades judias, exilando-os de seu convívio.
O antissemitismo tornou-se algo natural para muitos alemães até a época de Hitler. O único momento que os judeus não foram marginalizados foi durante a República de Weimar, substituída pelo regime nazista logo em seguida.
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