O sequestro de Patrícia Abravanel pareceu ter saído de um livro de suspense policial. Após invasões, perseguições policiais e tiroteios, até mesmo o governador do estado de São Paulo interviu no caso.
Os sequestradores estavam munidos de pistolas, metralhadoras e um fuzil, o que demandou uma resposta de toda a força do governo, inclusive do presidente da república.
Patrícia Abravanel, filha do Sílvio Santos, foi sequestrada no dia 20 de agosto de 2001, na cidade de São Paulo. Os sequestradores desejavam um resgate de 2 milhões de reais pela filha do apresentador de televisão bilionário.
Na época, Patrícia Abravanel tinha 23 anos de idade. A jovem estava se preparando para ir para a faculdade, quando o grupo a surpreendeu e a levou contra sua vontade. Patrícia relata que não sofreu violência no sequestro nem no cativeiro, sendo bem tratada o tempo todo.
A desventura começou quando os bandidos fingiram ser carteiros. Eles estavam rondando a mansão de Sílvio Santos há dias, pensando no melhor plano. Um dos sequestradores foi convencido pelo irmão a largar o emprego e investir no plano criminoso.
Eles compraram as roupas e os itens de carteiros. Ao chegar na mansão, anunciaram a suposta entrega. José Izaldino Ramos da Silva, que trabalhava na portaria e abriu a janela da guarita para receber a entrega, foi rendido pelos homens armados.
Pelo rádio, avisaram seus comparsas que aguardavam do lado de fora da mansão em um Corsa, roubado dias antes. Com o controle obtido com o segurança rendido, o portão da garagem é aberto para o resto da quadrilha. O porteiro da casa de Sílvio Santos disse:
“Não deu tempo de reagir. Na hora, só pensei em não morrer”.
Armados com pistolas, metralhadoras e um fuzil, outros quatro sequestradores, que escondiam seus rostos com máscaras, renderam o resto dos funcionários da casa. Localizaram Patrícia Abravanel, filha de Sílvio, e a levaram dentro de seu próprio carro, um Volkswagen Passat azul, ano 2000.
Sílvio Santos foi informado do sequestro da filha por telefone. O apresentador estava num flat em outro bairro da capital e foi avisado pela mulher, Íris Abravanel, de quem estava separado havia apenas um mês.
O empresário não hesitou em telefonar para o secretário de Segurança do Estado, Marco Vinício Petrelluzzi, para pedir ajuda. Imediatamente o secretário acionou a delegacia anti-sequestro e o delegado Wagner Giudice, que passou a tarde na casa de Sílvio Santos.
Patrícia Abravanel ficou 8 dias sob a tutela dos criminosos. Porém, mesmo tendo sido levada contra sua vontade, Patrícia não reclamou dos sequestradores ou do ocorrido.
A jovem afirmou ter sido chamada de princesa, recebido pipoca e até mesmo rezado com os sequestradores. Ela disse que teve conversas amigáveis e que eram pessoas boas, apenas estavam assolados pela desigualdade social. Pediu para que eles não fossem punidos.
Após sua libertação, deu uma entrevista na sacada de sua casa que se tornou icônica no imaginário brasileiro. Nessa coletiva de imprensa, Patrícia disse:
“O que tem que ser punido é o sistema de corrupção, porque o povo brasileiro é um povo bom”.
Mesmo nesse momento ela pediu para que os sequestradores não fossem presos.
Muitos afirmaram que Patrícia estava passando pela síndrome de Estocolmo, uma condição psicológica na qual o sequestrado passa por emoções tão intensas, que cria bons afetos pelo criminoso.
Patrícia afirmou apenas ter sido bem tratada e ter perdoado os sequestradores devido a sua religião cristã. Segundo suas próprias palavras, 13 horas após ter sido libertada:
“Eu não fui maltratada, não chegaram perto de mim, não me encostaram a mão. Os sequestradores me disseram que o meu Deus é muito bom”.
Patrícia afirma que meses antes de ser sequestrada teve um sonho em que entrava em um tanque de tubarões e permanecia tranquila, sem medo dos riscos que poderia correr.
No dia em que foi levada para o cativeiro, dois criminosos se identificaram como Tubarão 1 e Tubarão 2. Patrícia disse que na mesma hora ela se lembrou do sonho e o entendeu como um sinal divino.
Por conta dessa passagem, Patrícia disse ter permanecido em paz ao lado de seus malfeitores ao longo dos oito dias em que ficou desaparecida.
Após combinar o resgate e ter Sílvio entregado o dinheiro por meio de Guilherme Stoliar, os criminosos liberaram Patrícia. Todavia, o caso não para por aí. Fernando Dutra Pinto, o sequestrador, foi encontrado pela polícia escondido em um flat em Barueri — SP, com armas e R$ 464.850 em espécie.
A polícia entrou no prédio na tentativa de prendê-lo em flagrante, porém, houve tiroteio e o criminoso matou dois policiais. Fernando foi baleado por um outro policial, mas mesmo assim, conseguiu fugir.
Desceu o prédio deixando um rastro de sangue por onde passou. Ele fugiu de carro em uma perseguição cinematográfica, foi trocando de veículo pela cidade até a polícia perdê-lo de vista.
Para finalizar todas as surpresas, Fernando decidiu refugiar-se logo na casa de Sílvio Santos.
Fernando dormiu em um terreno abandonado ao lado da casa de Sílvio Santos. No outro dia, desativou a energia da casa pelo lado de fora, pulou a cerca elétrica e fez todos de refém. Durante o sequestro, ele permitiu que as mulheres fugissem.
Foram sete horas de tensão em que Sílvio Santos teve uma pistola apontada para a sua cabeça. Fernando exigia a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para se entregar.
Em entrevista ao jornalista Elias Awad, no livro Você Acredita Em Mim?, o sequestrador afirmou que Sílvio se manteve calmo até a chegada da Polícia e conversou sobre assuntos variados, desde família até novelas. Fernando afirmou que Sílvio chegou a oferecer advogados e um emprego para quando saísse da cadeia.
A polícia passou a cercar a casa de Sílvio, chegando a levar a irmã do sequestrador ao local do crime para tentar convencê-lo a se render. A cobertura especial só terminaria às 14h55min, 15 minutos após a chegada do governador, quando Fernando Dutra Pinto se entregou para a polícia.
O bando de sequestradores de Patrícia era formado por quatro pessoas:
Fernando Dutra Pinto, o principal sequestrador de Patrícia Abravanel, foi preso e morreu após 23 dias de seu encarceramento. O IML demonstrou que ele foi torturado por 10 dias, morrendo de pneumonia após infecção de uma ferida nas suas costas.
O principal motivo da tortura é apontado como uma briga que teve com agentes penitenciários. Ele resistiu às ordens dos guardas, que os agrediu. Os agentes da prisão estavam investigando uma tentativa de fuga na cela ao lado de Fernando.
O laudo de corpo e delito feito no corpo de Fernando mostra que o jovem tomou banhos gelados e foi colocado em toalhas molhadas por 10 dias.
Mateus Messias da Silva, diretor da prisão, e outros agentes penitenciários foram presos pela morte de Fernando, sendo condenados à prisão de 9 anos. Contudo, eles recorreram e foram absolvidos em primeira instância.
Esdra Dutra Pinto foi condenado a dezenove anos de cadeia e, em 2015, foi para o regime aberto. A pena foi concluída e hoje ele mora em Cotia, na Grande São Paulo, onde frequenta uma igreja evangélica.
Marcelo Batista foi preso novamente em 2010 após ser pego com drogas na zona leste de São Paulo.
Luciana Santos, de codinome Jennifer, foi presa e condenada a 15 anos de prisão junto com sua amiga Tatiana, que a auxiliou durante o cativeiro. Não se sabe o paradeiro das duas atualmente.
O sequestro marcou o Brasil e até hoje permanece um assunto forte. Patrícia Abravanel e sua mãe, Íris Abravanel, ainda comentam esporadicamente sobre o caso, especialmente o medo e tristeza que a família passou.
O caso ainda possui outros detalhes chocantes que podem ser conferidos no Investigação Paralela, exclusivo da Brasil Paralelo:
Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre o sequestro de Patrícia Abravanel?
A Brasil Paralelo é uma empresa independente. Conheça nossas produções gratuitas. Todas foram feitas para resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP