Para entender o que é vício, o psiquiatra Bruno Lamoglia explicou o que é uso, hábito e compulsão. É necessário entender o caminho que se percorre até a dependência de algum comportamento ou substância. Todas as pessoas estão sujeitas a ficarem viciadas. Entretanto, é possível quebrar o ciclo vicioso.
O vício está diretamente ligado à busca do prazer gerada por uma baixa tolerância ao sofrimento.
Este artigo foi baseado na primeira aula do curso Vícios e compulsões do dia a dia, ministrado pelo psiquiatra Bruno Lamoglia.
É possível que as pessoas estejam vivendo de forma automática e nem mesmo se deem conta. Nos casos mais graves, as ações automáticas podem se transformar em um transtorno.
Em psiquiatria, o vício não é uma doença, é um complexo.
Mas o que é um complexo?
É o conjunto de acontecimentos na biografia de uma pessoa, ou seja, em sua história de vida. Nenhuma bactéria ou vírus torna uma pessoa viciada, mas sim comportamentos, estilos de vida e influências genéticas.
A definição de vício é vitium, palavra latina que significa defeito. Normalmente, as pessoas pensam que vício é algo que se faz repetidamente e do qual se é dependente.
Há várias definições que se complementam, não sendo uma tarefa fácil defini-lo em uma única frase. Basicamente, é preciso aprender dois conceitos diferentes: o vício como defeito e o vício como dependência.
Os exemplos específicos que retratam o que é vício realidade serão expostos após a compreensão de outras definições, que precisam ser bem compreendidas.
Quando se fala em “uso”, nada de negativo é abordado que traga prejuízo ao usuário. Alguém pode fazer uso de café, tabaco, álcool e, no entanto, isto não significa nenhum dano aparente.
Este tipo de uso não leva à perda de controle. É o primeiro na escala. Antes de qualquer afirmação sobre o que é vício, o primeiro passo é começar a fazer uso de algo.
Uma vez que a pessoa se torna um usuário constante, ela pode encontrar outra definição para se reconhecer.
O hábito é um comportamento repetitivo, é como um elemento permanente na vida. Por exemplo, muito se fala em hábitos saudáveis que as pessoas devem adotar. São ações repetidas diariamente.
No entanto, é um equívoco pensar que isso é puramente positivo. O hábito pode se tornar um automatismo, que é um certo elemento de inconsciência sobre o que estamos fazendo, mesmo que seja algo saudável.
Mesmo sendo algo positivo, nesta etapa as pessoas podem começar a fazer as coisas repetidamente e sem pensar. É uma forma de gastar menos energia, evitando o estresse de sempre ter que pensar entre fazer ou não fazer.
É recomendável que cada um reflita se os comportamentos automáticos estão fazendo de si uma pessoa melhor. Como esta é uma trajetória para explicar o que é vício, é necessário saber que antes de algo ser viciante, era primeiro um uso e depois um hábito.
Quando a situação se intensifica, chega-se à terceira definição.
A compulsão também é um ato repetitivo, mas apresenta outros dois elementos importantes. Ela causa um alívio, ou seja, assim que uma pessoa age compulsivamente, ela experimenta um prazer momentâneo.
Por exemplo, um paciente diagnosticado com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), em um momento de extrema angústia, pode incorrer em diferentes comportamentos compulsivos.
Pode ser contando os números, checando o gás vinte vezes ou até mesmo levando as mãos setenta vezes.
Cada um apresenta um comportamento compulsivo diferente. Compulsão descreve o comportamento, a obsessão descreve os pensamentos. O pensamento obsessivo se repete e a pessoa não consegue se libertar do ciclo repetitivo.
Além do alívio ou prazer momentâneo, há outra forma de compulsão, que não é a mais apropriada na psiquiatria.
O adjetivo compulsivo também expressa circunstâncias nas quais ocorre um ato impulsivo. Algumas pessoas dizem algo como:
“Eu tenho compulsão por compras. Eu simplesmente não tenho controle. Eu acabo comprando por compulsão”.
Isto aponta para a existência de um elemento de impulsividade e descontrole que demonstra a compulsão.
Finalmente, é possível entender o que de fato define uma pessoa viciada.
O vício, como visto na definição, pode ser caracterizado como um defeito ou compulsão. Neste caso, o termo “viciado” é usado para se referir à pessoa que realiza os atos. Mas o que isto realmente significa?
Alguém viciado repete os atos ou faz uso de alguma substância de forma dependente. Outro elemento importante para determinar o vício é o tempo da compulsividade. A mera compulsividade pode incorrer em certas ações ou no uso de uma certa substância por um certo tempo.
O viciado, por sua vez, é dependente há muito tempo.
Dependência, em geral, refere-se primeiramente à dependência química (droga ou outra substância) ou a algum comportamento mais caracterizado. Outros exemplos são os dependentes em jogos patológicos ou vícios sexuais.
Para que a dependência seja determinada, três critérios precisam ser observados antes que o diagnóstico afirmativo seja feito.
Um verdadeiro dependente não tem controle sobre seus atos, não sendo capaz de parar quando bem entende. O desejo sobrepõe-se ao controle. Ele sabe disso e admite que está acontecendo. Finalmente, persiste nesta repetição ao longo do tempo.
O agravante é que surge um determinado ponto em que o viciado ou dependente troca momentos de prazer e desenvolvimento pessoal por aquela droga.
Filhos, estudos, trabalho, profissão, boas maneiras… tudo isso perde importância e é substituído pelo uso da droga ou pela reincidência de comportamento. Outra característica da dependência é o desenvolvimento da tolerância ao vício.
Tolerância é a diminuição dos efeitos diante da ingestão da mesma quantidade de uma determinada substância. Um viciado em cocaína ou crack sente um “barato” muito grande ao usar a primeira dose da droga.
Esta sensação não se repete com a mesma intensidade quando se usa a segunda dose e, com o passar do tempo, a droga ou comportamento não causa o mesmo sinal de prazer que foi experimentado anteriormente.
Neste momento, a pessoa tem tolerância. Houve uma diminuição do efeito que o indivíduo estava buscando. Além disso, há o fenômeno da fissura, chamado de craving pelos americanos.
Isso significa que, diante da abstenção daquele elemento, a pessoa apresenta uma angústia muito grande, dor, sofrimento, agitação, um desejo ainda maior do que antes.
As consequências são ansiedade, angústia ou até mesmo desespero.
Entender como funciona a dependência é entender como funciona o vício. A resposta está no sistema de recompensa cerebral.
Este sistema sempre existiu no ser humano e também está presente em outros animais.
O sistema de recompensa está baseado na área tegmental do cérebro, junto com o núcleo accumbens, que são partes mais centrais do cérebro, e com o córtex pré-frontal. Esta tríade (área tegmental do cérebro, núcleo accumbens e córtex pré-frontal) pode criar uma sensação de necessidade.
O indivíduo sabe que precisa de certos elementos, tais como sexo e comida. Ao obtê-los, sente um prazer, que é uma recompensa por ter obtido ou feito algo que está ligado à sua sobrevivência.
O córtex pré-frontal atua como um mediador responsável por informar o que pode ou não ser feito, a capacidade da pessoa de persistir na abstenção. Pode ser entendido como o freio, o planejador que verifica se as necessidades são ou não reais.
No entanto, o cérebro está repleto de neurotransmissores. Para cada neurotransmissor e para cada droga, há receptores também diferenciados.
Portanto, o número de receptores é ainda muito maior do que o dos próprios neurotransmissores. É assim que o cérebro se comunica. Os neurônios se comunicam através dos dendritos, aqueles que se parecem com “bracinhos” nas aulas de biologia da escola.
O estímulo que passa por eles é elétrico e químico. Então, na ponta de cada dendrito do neurônio, há vesículas que contêm neurotransmissores. O impulso elétrico faz com que as substâncias presentes nessas vesículas passem para a sinapse, ou seja, fiquem entre um dendrito e outro.
De preferência, estas substâncias devem chegar ao outro dendrito como uma forma de informação. Mas este processo pode dar errado por diferentes razões.
Pode ser que o indivíduo:
Em alguns casos, o neurotransmissor pode alcançar o outro lado da sinapse, mas atinge um receptor que esteja muito fraco. Desta forma, o objetivo final não é atingido.
Muitas substâncias causam mais estímulos do que outras. Por exemplo, canabidiol, álcool, tabaco e endorfina. Se o ser humano não tivesse receptores, estas substâncias não causariam tais efeitos.
O fenômeno da tolerância ao vício acontece porque, quando uma droga é consumida, há um aumento dos receptores para recebê-la. Isto faz com que as outras doses ingeridas se tornem insuficientes para provocar um efeito da mesma intensidade que a primeira.
Assim, tornam-se necessários níveis cada vez mais concentrados da substância para se obter o efeito desejado.
E pensar que tudo isso começou para que o ser humano continuasse vivo.
Quando se trata de prazer, o principal elemento de neurotransmissão entre estes neurônios é a dopamina. Com ela, um processo semelhante acontece.
A dopamina não é ruim, mas como o estudo é sobre o que é vício, é preciso entender suas consequências negativas. As descargas de dopamina no cérebro levam o indivíduo a ter estímulos de prazer.
Em relação à dopamina sináptica, tanto a degradação quanto a escassez podem ocorrer. O funcionamento do prazer da dopamina apresenta uma ligação direta com a sobrevivência.
Toda vez que a pessoa realiza atos de sobrevivência, como ter relações sexuais e comer, o prazer é liberado. Desta forma, entende-se que o prazer está altamente relacionado à sobrevivência humana.
Em certa medida, o estudo e o exercício também são atividades que liberam dopamina, em uma escala menor. Ficar mais forte e mais inteligente é algo que ajuda na sobrevivência.
Por outro lado, neste momento da comunicação entre os neurônios, como qualquer outra droga, o prazer também perde seu efeito.
Portanto, a alimentação e o sexo podem desencadear um processo de vício, automatismo e dependência. Afinal de contas, deixa de causar as mesmas sensações de antes. O caso mais típico é o exemplo da pornografia e masturbação, que liberam grandes quantidades de dopamina.
Com os receptores captando menos informação, não se sente a mesma intensidade de prazer e, portanto, o indivíduo busca por mais sensações.
O ser humano que é altamente ligado a estas sensações, pode se perder na vida. Abordando o que é vício, dependência e compulsão, descobre-se que são defeitos presentes na humanidade, desde que o homem é homem.
As escrituras cristãs falam sobre isso no Ocidente. No Oriente, um dos primeiros livros de que a sociedade tem conhecimento é o Bhagavad Gita, uma escritura hindu que se acredita ter cerca de cinco mil anos.
Até mesmo os sumérios falavam sobre esta questão de defeitos e vícios.
Em geral, estes livros apontam que o ser humano é naturalmente inclinado ao vício, que é a consequência do prazer. Ora, os prazeres são facilmente obtidos, o que torna o vício também algo fácil.
É mais agradável comer uma sobremesa do que trabalhar por oito horas. É mais fácil querer repetir a sobremesa do que trabalhar.
Outra coisa também é notável. A satisfação diminui com a repetição constante, levando as pessoas a buscar mais doses do que querem e com mais constância. Até mesmo os gregos, como Aristóteles e Platão, abordaram o tema do que é o vício e como combatê-lo com a virtude.
Com a filosofia, eles perceberam que o caminho do vício e da repetição dos prazeres não conduz o ser humano à felicidade. Sêneca, um filósofo estoico, falava muito sobre isso.
Afirmava que era muito difícil diferenciar um bêbado de um louco, porque aquele é um homem desprovido de sua própria razão, é um homem desprovido do seu próprio controle.
Se a característica que mais distingue o homem dos outros animais é a razão, como pode um vício ser bom, se nele o homem perde o controle de si mesmo e o poder de sua razão?
Os gregos clássicos ensinavam que se deve ter domínio sobre os impulsos e desejos que trazem satisfação passageira e que diminuem com o tempo.
Há uma definição muito interessante que opõe o vício à virtude. Uma pessoa virtuosa consegue superar o sofrimento presente negando a si mesma um prazer, vislumbrando um prazer maior a longo prazo.
Um estudante precisa sofrer estudando diariamente, mesmo que não seja agradável, porque vislumbra sua aprovação e outras conquistas, por exemplo.
O viciado é exatamente o oposto. Ele tem dor na vida e busca alívio no prazer, pois não consegue enxergar a longo prazo. Ele simplesmente vê o curto prazo.
Platão simbolizou-o no exemplo da carruagem, uma biga com dois cavalos e um guia.
Os cavalos eram emoções, desejos, vontade de ter prazer. Os pensamentos, por sua vez, eram as rédeas, a maneira de controlar. As rédeas não podiam estar tão frouxas nem tão apertadas.
Quando as rédeas estão muito apertadas, trata-se de um neurótico. Quando as rédeas estão muito frouxas, trata-se de um relaxado.
O guia seria o espírito, não apenas o pensamento racional, mas a mente mais avançada do ser humano. A biga seria o corpo. Todo o conjunto é o símbolo do ser humano.
No caso desta analogia, ao buscar somente o prazer, é como se o cavalo estivesse fazendo o que ele bem entende. Isto não leva a lugar algum.
Com o advento da Teoria Cognitivo-Comportamental (TCC), muito baseada nos estoicos, o pensamento se sobrepõe às emoções.
A psicanálise, por outro lado, trata da liberação dos impulsos instintivos e da necessidade da pessoa conseguir conjugá-los de uma forma um pouco mais cadenciada, sem que isto gere uma repressão profunda.
O tabaco e o álcool são as drogas lícitas que causam dependência mais comumente conhecidas. Além delas, existem os opioides, drogas muito mais fortes, que além de evitar a dor (anestesia) causam prazer.
Alguns viveram com o ópio um prazer tão grande que o acharam melhor do que a vida real. Assim, o ser humano é levado a buscar a alteração de seu próprio estado mental.
Não se sabe quando o uso de plantas com este fim teve início, ou quando os xamãs começaram a usar drogas enteógenas, os psicodélicos, com o intuito de atingir camadas espirituais.
O uso destas substâncias cria dependência naqueles seres humanos mais imediatistas que buscam uma sensação mais forte, o poder mais forte. Mas não importa qual seja a droga, não importa a atitude, a vida não chega a este nível.
A sensação buscada não é experimentada. Justamente porque o fenômeno da dependência e da tolerância leva exatamente à perda dessas sensações. Ao estudar o que é vício, é necessário saber que este é o ciclo que se forma. A busca de saciar a si mesmo, sendo que isto não vai acontecer.
No caso da morfina, do ópio, do álcool e da maioria dos benzodiazepínicos – que são medicações tarja preta –, configura-se uma dependência química diferenciada. Trata-se de uma dependência química real, biológica.
Outras drogas não têm este fator tão proeminente. No caso de um viciado em álcool, que consome de dois a três litros de destilado por dia, ou de um viciado em morfina, ou de um viciado em benzodiazepínico, que usa altas doses, não se pode simplesmente tirar-lhe a substância, porque isto poderia custar-lhe a vida.
A subtração da substância viciante de forma repentina pode levar a uma fortíssima alteração funcional da mente e dos sistemas fisiológicos, cardíaco e respiratório.
Em contraste, a maior parte das outras drogas sintéticas como a cocaína, o MDMA, o LSD e até mesmo a própria maconha – não sendo sintética –, pode configurar um estado de dependência, mas não se trata de uma dependência real, porque a abstenção do consumo não pode ocasionar a morte, mesmo que possa ocorrer um estado de fissura ou craving.
Biologicamente, os mecanismos são diferentes. Assim, embora uma pessoa viciada, por exemplo, em crack, sofra muito com a abstenção, não se configura dependência química propriamente dita.
Isto também é totalmente diferente dos medicamentos que tratam as doenças.
Uma pessoa hipertensa ou diabética não é dependente química da medicação. Ela poderia parar com a medicação no dia seguinte sem ser dependente psicologicamente e provavelmente sem ter um sistema de identidade disso.
Pode até morrer, não de dependência, mas de uma falta fisiológica. Isto estabelece um nível diferente, assim como a depressão. É claro que há pessoas que usam antidepressivos de outra forma, a fim de melhorar seu humor ou de ter maior expressão social.
Há estudos que apontam para isso. A abordagem aqui diz respeito às pessoas que não têm uma doença, mas estão em um estado de sofrimento que poderia ser caracterizado como natural, sofrimento humano.
São aquelas impopulares, sem boa expressão social, que não transmitem muita confiança e que tomam antidepressivo para aumentar seu limiar de frustração na vida, aumentar um pouco mais a expansividade e a dominância social.
Isto é oriundo da serotonina, que hoje é conhecida como um elemento de expressão social. Aquele que faz uso de medicação desta forma poderia se tornar viciado, mas, novamente, não seria um viciado químico, mas no bem-estar, nos ganhos pessoais que obtém através do antidepressivo.
Quando os mesmos ganhos são alcançados na vida através do trabalho, estudo e relações pessoais, o medicamento pode começar a ser retirado.
O viciado provavelmente tem uma insatisfação na vida. O vício é uma busca de alívio. Este mecanismo é maior nas pessoas que têm pouca tolerância ao sofrimento, algo que também está relacionado com o momento atual.
Uma das maneiras de lidar com o vício é estar consciente de que ele constitui um mecanismo de atenuação da vida tal como ela é. O vício alivia as insatisfações e eleva o prazer, fazendo com que a percepção da realidade mude.
É parte do combate ao vício adquirir tolerância ao sofrimento em vez de simplesmente buscar todo tipo de prazer.
Um dos mecanismos do vício acontece nos cérebros de pessoas muito imediatistas. É o pensamento e a ação automáticos. Por exemplo, uma criança que ainda não desenvolveu um controle adequado de suas emoções, não consegue adotar uma visão de longo prazo.
Quando uma criança quer algo, quer na hora. Se não tem, chora.
Isto é seguir um sistema de ação e reação – no sentido de reagir aos acontecimentos – de uma forma muito rápida, muito automática. Não apenas crianças, mas também adolescentes. É muito mais difícil livrá-los de um vício do que um adulto.
A predisposição genética não é determinante, mas pode influenciar. Com o desenvolvimento das ciências, descobriu-se o que é chamado de epigenética, que é a porção do gene que tem um alelo que pode ser ativo ou inativo.
Isto significa que uma pessoa pode ter o gene da dependência química e não ter a dependência química. É possível que o filho de dois alcoólatras não seja um alcoólatra. Também é possível que o filho de dois intelectuais desenvolva um mecanismo de frustração e tenha dependência química.
Para melhor estudar esta questão, pesquisadores deram a um grupo de crianças a opção de escolher entre comer um chocolate no exato momento em que o receberam ou esperar dez minutos e ganhar dois chocolates.
Algumas crianças escolheram comer um único chocolate naquele momento, enquanto outras decidiram esperar pacientemente pelos dez minutos para ganhar dois chocolates.
Essas crianças foram acompanhadas ao longo de suas vidas. Aquelas que esperaram tiveram mais sucesso social, melhores empregos, ganharam mais dinheiro e eram mais felizes dentro da escala utilizada na pesquisa.
Elas se tornaram pessoas que lidam melhor com as frustrações. Foram capazes de suportar períodos difíceis tendo o benefício futuro em mente. Não eram imediatistas.
É possível fazer uma escala hierárquica a partir deste estudo sobre o que é vício.
O último nesta escala é o dependente químico, aquele que precisará de toda uma equipe e de apoio psicológico, talvez até mesmo de medicações e internação. Ele é alguém que investiu muito tempo e energia no vício, que se desvirtuou do caminho em que via sentido e tinha prazer.
Na década de 50, foi elaborado um teste com ratos por cobaias. Colocaram eletrodos que faziam estímulos elétricos em suas áreas de prazer.
Estes ratos tinham a possibilidade do prazer sexual, relacionado com a manutenção da espécie; ou o prazer do alimento mais abundante e melhor.
A terceira opção era apertar uma alavanca e receber um estímulo no centro do prazer.
O ratinho não se importava mais com o resto. Deixou de comer e de copular. Ficou obcecado em apertar a alavanca até morrer.
Em algumas pessoas, o vício tem este efeito. Elas desistem do trabalho, dos estudos, da família, dos parceiros e da espiritualidade, para repetir o alívio.
Todas as pessoas são suscetíveis de se viciarem em alguma coisa. Os prazeres são inerentes à vida humana, mas ao longo deste artigo sobre o que é vício, foi explicado que eles podem ser imediatos ou a longo prazo.
A geração atual é muito permissiva, ligada ao tipo de prazer imediato. Isto, por si só, é uma das maiores explicações para os estados patológicos de doença mental, de ansiedade, de frustração e de medo.
Em uma analogia com Platão, não são pessoas saindo da caverna, mas entrando cada vez mais. Afinal de contas, sair é doloroso.
Quem quiser sair da caverna, ter um elemento de conhecimento próprio, ter algum tipo de ação, formar sua personalidade, ter algo a mais destes elementos presentes em todos os sábios da humanidade, precisa superar os defeitos, as dependências, os prazeres pontuais, pois eles afastam deste caminho mais penoso.
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