As obras de Homero e Hesíodo são clássicos da mitologia grega, narram a história de deuses, heróis e da criação do mundo. Apesar das diferenças, os dois autores apresentam seus personagens como modelos de virtude para a civilização grega, por isso suas obras têm um objetivo educacional.
“A ela respondeu em seguida o alto Heitor do elmo faiscante: ‘Todas essas coisas, mulher, me preocupam; mas muito eu me envergonharia dos troianos e das troianas de longos vestidos, se tal como um covarde me mantivesse longe da guerra. Nem meu coração a tal consentiria, pois aprendi a ser sempre corajoso e a combater entre os dianteiros dos troianos, esforçando-me pelo grande renome de meu pai e pelo meu. Pois isto eu bem sei no espírito e no coração: virá o dia em que será destruída a sacra Ílion, assim como Príamo e o povo de Príamo da lança de freixo’”.
Homero e Hesíodo foram os poetas mais importantes para a mitologia e cultura da Grécia Antiga. Isso porque eles deixaram os registros mais completos sobre o que a sociedade grega pensava e acreditava.
As obras de Homero e de Hesíodo apresentam como os deuses criam o mundo e como eles controlam os destinos humanos. Nos escritos de Homero, há um universo sobre-humano, com forças benignas e malignas que influem na vida dos homens. Nos de Hesíodo, a criação do mundo se dá a partir do Caos, do completo nada.
O Caos é pai de Tártaro, deus que personifica o mais profundo dos infernos; Gaia é a terra; e Eros é o amor, o desejo que permite transformar o caos do mundo em algo ordenado, em cosmos.
Ambos os autores, apesar da diferença de suas obras, concebem uma explicação da origem do mundo a partir do mito. Em seus escritos, há uma intenção epistemológica, ou seja, de refletir acerca das origens das coisas.
Suas obras são a última expressão da chamada fase mítica do pensamento grego, que antecede a fase do pensamento racional.
Nessa época, a Grécia e suas cidades ainda não possuíam códigos escritos ou leis. A maior parte da mitologia era transmitida oralmente. Portanto, a mitologia transmitia uma tradição civilizacional que deveria ser seguida.
O objetivo era apresentar modelos de virtude, de comportamento, enfim, o verdadeiro sentido da existência para que as pessoas imitassem e difundissem tal ideal, transmitindo-os de geração em geração.
O exemplo dos heróis famosos tornou-se parte essencial da ética e da educação. O herói de Homero é o homem prudente, corajoso e guerreiro; e o de Hesíodo é o trabalhador que em tudo pratica a virtude da justiça.
Portanto, a poesia épica destes autores tem, como nenhum outro estilo, um objetivo transcendente, porque representa o todo da vida humana na sua luta com o destino por um objetivo mais elevado.
Homero foi um poeta épico da Grécia Antiga, autor das obras-primas “Ilíada” e “Odisseia”. Pouco se sabe de sua cidade de origem, profissão, ou quando nasceu. Há até estudiosos que afirmam que tal nome não passava de um pseudônimo que assinou as obras da literatura grega clássica.
Homero nasceu em algum lugar da Jônia, antigo distrito grego da costa ocidental da Anatólia, que hoje constitui a parte asiática da Turquia.
Não se sabe ao certo quando nasceu, mas estudiosos apontam que viveu em algum momento entre 950 e 850 a.C. Para alguns estudiosos, ele pode ter sido contemporâneo ao Rei Davi de que falam as Sagradas Escrituras.
As cidades de Esmirna, Rhodes, Quio, Argos, Ítaca, Pilos e Atenas também reivindicam a honra de ter sido a pátria de Homero, dada a importância de suas obras.
Hesíodo foi um poeta épico da Grécia Antiga, viveu aproximadamente no ano 800 a.C., na Beócia, no centro da Grécia. Sua cidade natal, onde passou parte da vida, é a aldeia de Ascra.
De acordo com o próprio poeta, na obra “Os trabalhos e os dias”, depois da morte do pai, ele entrou em confronto com seu irmão Perses, pois este corrompeu os juízes locais e tomou a maior parte da herança. Esse fato marcou-lhe a vida e as obras literárias.
Hesíodo, após o problema judicial com o irmão, trabalhou como pastor na região da Beócia, onde enfrentou grande penúria.
Sua vida mudou quando pastoreava suas ovelhas no monte Hélicon e recebeu uma visita das musas. Tais divindades lhe presentearam com um ramo de louros que, na literatura grega, representa a autoridade poética.
As musas inspiram a primeira obra de Hesíodo, “Teogonia”. A partir daí ele dedicou-se à literatura.
Depois escreveu as obras “Os trabalhos e os dias” e “O Escudo de Hércules”. Desta última sobreviveram apenas alguns trechos.
O autor descreve seu encontro com as musas: “Foram elas que, certo dia, ensinaram a Hesíodo um belo canto, quando ele apascentava suas ovelhas ao pé do Hélicon divino”.
Suas principais obras são:
A Ilíada apresenta o nono ano da Guerra de Tróia. A guerra teve início quando Páris, filho do Rei Príamo de Tróia, capturou a Rainha Helena, mulher de Menelau, o rei de Esparta. O poema narra a proeza dos heróis gregos e troianos.
A força bruta e o guerreiro são a figura central da Ilíada. Este herói está inserido em um contexto de batalha e suas virtudes são determinadas por seus feitos e sua bravura.
O épico também valoriza a lealdade à própria pátria, a coragem e o espírito de liderança.
Já a Odisseia, que narra o retorno de Ulisses à sua pátria após a Guerra de Tróia, há um cenário completamente diferente.
Ulisses é rei, marido e pai, que deseja ardentemente retornar à sua casa. Ele ficou fora por dez anos e levou outros dez para retornar. Enfrentando pelo caminho a ira dos deuses e monstros como ciclopes e sereias.
Enquanto isso, em sua casa, sua mulher Penélope é cortejada por outros reis e nobres gregos. Devido a ausência prolongada do marido, todos julgavam que ele estava morto. Assim, era necessário que Penélope se casasse com outro homem para que este assumisse a coroa real.
Há nessa segunda obra um refinamento cultural do cenário. Gestos como o comer e o beber, os banquetes, o cantar e o celebrar, os sacrifícios feitos aos deuses, todos fazem parte da trama do poema.
A figura do herói está centrada não mais na guerra, mas na sua pátria.
Os costumes culturais, as leis jurídicas e as regras morais compõem o cenário da Odisseia. A virtude do herói agora é a coragem, a bravura e a justiça, porém inseridos neste cenário citadino.
As obras de Homero valorizam a virtude dos homens nobres, os “aristoi” gregos, que significam “os melhores”, donde vem a palavra aristocracia. Enaltecem a força, a sagacidade, a justiça e são modelos ideais para educação de todos os gregos.
Hesíodo não se ocupou das aventuras fantásticas dos heróis gregos como fez Homero em seus clássicos Ilíada e Odisseia.
Suas principais obras são:
Nas obras de Hesíodo encontramos os deuses como regentes dos destinos dos homens. Também o ser humano com suas fadigas e misérias são retratados. Para o autor, a felicidade consistia no trabalho e na prática das virtudes morais.
Hesíodo valoriza a vida rural, o trabalho manual e a justiça. Para ele, só esta virtude substituiria a lei do mais forte e construiria uma sociedade verdadeiramente justa. Assim, o autor valoriza o debate, a oratória e o espaço político da Ágora.
A Teogonia retrata as origens do mundo e dos deuses, traça uma genealogia dos deuses da mitologia grega, desde o início com Caos, Gaia, Tártaro e Eros.
A mitologia grega é bem diversa e varia em cada região. Contudo, segundo o historiador romano Heródoto, do século V, a versão de Hesíodo se tornou referência para todos os helenos.
Os trabalhos e os dias é um poema com mais de 800 versos que apresenta a importância do trabalho e de uma vida honesta.
O trabalho, para o autor, é o grande fardo do homem, mas aqueles que trabalham honestamente serão capazes de sobreviver. A obra também ataca o vício da ociosidade, da usura e o problema dos juízes injustos, como os que favoreceram seu irmão Perses.
O poeta também é grande educador dos gregos, valorizando a figura do herói trabalhador e virtuoso capaz de construir uma sociedade justa e abundante.
Ambos representam a literatura do período mítico do pensamento grego. Mas qual a importância do mito para o grego?
O mito é uma forma de ver e compreender o mundo, de explicar sua origem, tendo em vista que muitos dos seus fenômenos são arbitrários, imprevisíveis e incompreensíveis ao homem. Ele pressupõe uma origem, heróis, forças e divindades que influem na construção da realidade.
Sua importância é preservar a tradição da cultura grega, o modo como foi criado o mundo, quais são os deuses, como venerá-los e dar destaque à figura do herói e suas virtudes.
Se o herói é o modelo de virtude por excelência, a forma de alguém se tornar virtuoso consistia em imitar-lhe o comportamento. Como não havia leis escritas, nem normas morais sistematizadas e fixadas, não havia outro modelo a ser seguido senão os ensinamentos contidos nos mitos, que eram transmitidos de geração em geração.
Portanto, o sentido dessas histórias é a transmissão da cultura grega, dos seus valores, ritos, códigos morais e legais.
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