Para financiar os planos ambiciosos de Stálin para industrializar a União Soviética, o governo russo retirou os grãos da Ucrânia em 1928 para vender as potencias internacionais do Ocidente. A atitude repentina e ambiciosa gerou uma dos maiores genocídios da história: o Holodomor, que em ucraniano significa "a grande fome".
Entenda o contexto histórico desse crime e a dimensão das mortes e destruição causada ao Leste Europeu.
Durante o governo de Joseph Stalin, a União Soviética era composta por diversos países localizados ao redor da Rússia. A Internacional Comunista era um objetivo claro da política russa: expandir seu sistema político pelo globo terrestre. A Ucrânia pertencia à URSS.
Em 1928, Stalin direcionou a política de produção russa quase que inteiramente para a metalurgia, através do Plano Quinquenal. A intenção era fazer com que a Rússia deixasse de ser um país agrícola e se tornasse uma nação industrializada.
Para manter as políticas soviéticas, o governo necessitava recorrer à importação de alimentos. O território russo não conseguia produzir os alimentos necessários para todos os soldados e cidadãos.
Desde o início da URSS era frequente a falta de itens básicos no país.
Após a abolição da propriedade privada na Rússia, em 1917, a produção de itens básicos do país declinou abundantemente, motivando Lênin a criar a Nova Política Econômica. O país retornou ao capitalismo por um tempo para garantir suprimentos básicos.
Na década de 30 não foi diferente. Motivado pela escassez de produtos básicos na Rússia, Stalin realizou uma das políticas mais rigorosas da URSS.
A Ucrânia da década de 30 possuía uma grande produção de trigo, item fundamental para o alimento mais básico da humanidade: o pão.
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A causa do Holodomor foi a pobreza do regime comunista soviético e a decisão de Joseph Stalin. A URSS não tinha itens básicos de alimentação, Stalin, então, decidiu retirar os alimentos produzidos na Ucrânia e levá-los para a Rússia.
O ditador soviético mobilizou grande parte de suas tropas para recolherem as colheitas ucranianas, pertencentes ao território da URSS.
A ordem soviética instigou os ucranianos a fugirem do país. Se ficassem, não teriam o que comer.
Stalin percebeu a movimentação dos ucranianos e ordenou que o exército vermelho fechasse as fronteiras da Ucrânia, gerando grande conflito. Se os ucranianos fugissem, não haveria comida para a Rússia.
Sem ter para onde ir e com toda a produção exportada à força, o povo ucraniano entrou na maior crise de toda sua história.
Os ucranianos seriam considerados inimigos do povo se tentassem fugir, condenados à pena de fuzilamento.
De acordo com os historiadores Thomas Woods e Robert Conquest, pode-se contabilizar ao menos 14,5 milhões de mortos. A maioria das vítimas morreu de fome, outras morreram fuziladas pelos soldados comunistas ao tentarem fugir da Ucrânia.
As menores contagens confiáveis indicam 5 milhões de mortos. A capa desse artigo mostra a foto de crianças ucranianas na década 1930.
Walter Duranty, correspondente do The New York Times em Moscou, disse por correspondência a William Strang, diplomata britânico na Rússia, em 1932, que ele pensava ser “bem possível que até 10 milhões de pessoas tenham morrido diretamente ou indiretamente por falta de comida”.
Os historiadores Thomas Woods e Robert Conquest explicam que, devido aos efeitos da fome ao longo prazo e às prisões e assassinatos dos dissidentes, pode-se contabilizar 14,5 milhões de mortos até 1937.
A fome era tamanha que há registros de canibalismo. O grande genocídio comunista foi chamado de Holodomor, palavra ucraniana que significa mortos pela fome.
O Holodomor não teve fim de maneira imediata, mas gradual. Um episódio que marcou o fim de um dos piores casos de fome foi o encerramento do plano quinquenal de Stalin, em 1932. Nesse ano os soldados passaram a interferir menos no plantio ucraniano.
Contudo, conforme apontado pelos historiadores já mencionados, os efeitos da retirada dos alimentos ucranianos causaram problemas durante os anos seguintes.
Gareth Jones foi um dos principais responsáveis por denunciar o Holodomor, tendo relatado o caso em 1932. Gareth usou o nome Holodomor já em 1932.
A Ucrânia possui diversos rituais em homenagem às vítimas. O 4º sábado do mês de novembro é o dia oficial em que os ucranianos se reúnem e fazem memória dos antepassados assassinados.
Kiev, a capital do país, possui um museu de 14 mil km² em homenagem às vítimas de Stalin. O intuito do museu também é guardar a memória do ocorrido para as gerações posteriores.
Curiosamente, o Holodomor não é ensinado nas escolas brasileiras, nem mesmo lembrado pela grande mídia.
A Brasil Paralelo conta essa história no curso Uma breve história da Rússia, presente na plataforma de streaming. O Holodomor também é abordado no documentário original da BP Invasão Bolchevique.
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