A filosofia no Brasil teve seu início com a vinda dos padres jesuítas. Hoje, boa parte da produção filosófica se concentrou nos meios acadêmicos, mas ainda há quem produza suas reflexões de maneira independente.
Os primeiros filósofos e estudiosos da filosofia vieram para o Brasil com os jesuítas. Eles trouxeram o primeiro programa de estudos baseado na filosofia grega, na educação clássica, no tomismo e na Ratio Studiorum.
Os alunos que passavam pelas escolas jesuíticas cumpriam o seguinte ciclo de estudos:
Desde sua fundação, os principais problemas que a filosofia aborda eram debatidos no Brasil.
Em que momento da colonização vieram os jesuítas para o Brasil? Saiba isto e muito mais nesse artigo completo sobre como foi a colonização do Brasil.
Para estudar a história da filosofia no Brasil, estas etapas podem ser analisadas:
Os padres da Companhia de Jesus foram os responsáveis por criar o primeiro sistema educacional para os povos que encontraram nas novas terras. O pensamento filosófico fazia parte da estrutura das escolas que fundaram.
Esses jesuítas ofereciam uma educação clássica, humanista e acadêmica, alicerçada por um humanismo cristão-filosófico. Criaram cursos, programas de ensino, métodos e disciplinas, dividindo o conteúdo entre inferiores e universitários. As principais influências eram Aristóteles, Platão e Santo Tomás de Aquino.
Conhecido pelo apelido autêntico de “Boi-Mudo”, Santo Tomás de Aquino é um dos maiores filósofos da história. Conheça sua vida e obra.
As regras para esses estudos no período da colônia, especialmente a partir do século XVII, estavam registradas na Ratio Studiorum, um documento jesuítico que compilava as regras de ensino nas instituições dos padres da companhia.
Especialmente nos seminários a filosofia no Brasil se destacou e ganhou contornos mais definidos.
Os seminaristas aprendiam a lidar com questões que envolvem problemas éticos e morais, além de questões que envolvem o ser. Na filosofia, questões assim são estudadas em metafísica ou ontologia principalmente.
Os principais temas debatidos pela filosofia no Brasil sofreram sua primeira grande mudança com as reformas promovidas pelo Marquês de Pombal.
A tradição europeia que os Jesuítas trouxeram bebia fundamentalmente nos escritos de Santo Tomás de Aquino, que resgatou a filosofia aristotélica. Esta foi a corrente predominante por quase 210 anos e ficou conhecida como tomismo.
Nas faculdades portuguesas onde estudavam os jovens da elite brasileira e nas escolas brasileiras de nível elementar e médio, vigorava o tomismo.
Esse quadro sofreu alterações no século XVIII, em consequência de duas iniciativas do Marquês de Pombal, primeiro-ministro português.
Uma delas foi a reforma do ensino, que introduziu nas escolas as ideias iluministas. Outra foi a expulsão dos jesuítas e a modificação da estrutura educacional que eles mantinham no Brasil.
Com a expulsão dos jesuítas, o Brasil ficou sem ensino formal por quase 80 anos. A tentativa de reforma de Pombal acarretou em grandes danos para a educação no país.
Somente aqueles que possuíam condições financeiras melhores conseguiam pagar professores e serem educados.
Aqueles que se encaminharam para as universidades portuguesas puderam estabelecer contato com as novas ideias ilustradas.
Essas ideias eram marcadas pelo(a):
Apesar da predileção por autores iluministas, Pombal restringiu aqueles que defendem ideias contrárias à monarquia absolutista. Autores como Rousseau, Diderot e Voltaire.
A escola seguinte que predominaria na filosofia no Brasil foi inclusive responsável por marcar a bandeira da república brasileira com o dístico: “Ordem e Progresso”.
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O positivismo é uma das correntes filosóficas que mais influenciou a filosofia no Brasil. Ele foi introduzido inicialmente a partir da influência dos filósofos alemães. Recife foi o grande polo que absorveu e desenvolveu este pensamento.
A Faculdade de Direito de Recife tornou-se o centro do positivismo entre os intelectuais do Brasil, conhecido como Escola do Recife. Dela se destacam:
O positivismo no Brasil tem como suas principais influências os filósofos Immanuel Kant, Auguste Comte e o naturalista Ernst Haeckel.
Foi a corrente que mais teve repercussão no pensamento e na educação brasileira. Este fato é fruto das bases cientificistas que foram lançadas nas reformas pombalinas.
Positivistas e iluministas buscavam separar a cultura brasileira e o pensamento religioso tradicional.
Em 1891, Benjamin Constant, outro grande nome positivista no Brasil, promoveu uma reforma do ensino que consistia na gratuidade do ensino primário, na liberdade e laicidade do ensino. Com a liberdade proposta, as ideias positivistas tiveram ainda mais destaque.
Pouco a pouco, a filosofia foi tomando contornos acadêmicos e oficiais no Brasil.
A USP foi criada em 1934, mas uma parte dos professores veio de fora. Dentre os estrangeiros, muitos franceses ocuparam cadeiras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. O pensamento deles predominou até fins do século XX.
Na mesma época, formou-se a Universidade Nacional, no Rio de Janeiro, e foi reconhecida a Faculdade de Filosofia São Bento, embrião da futura Pontifícia Universidade Católica de São Paulo — PUC-SP.
A filosofia no Brasil passou por um crescimento das atividades acadêmicas, com produção de livros, tradução de autores estrangeiros e publicação de revistas especializadas.
A partir de 1970, os programas de pós-graduação das universidades brasileiras foram expandidos e surgiram mais teses de mestrado e doutorado.
As seguintes condições favoreceram a institucionalização e a academização da filosofia no Brasil:
Apesar da institucionalização da filosofia acadêmica, muitos filósofos ganharam destaque desenvolvendo grandes obras e cursos independentes.
Sem se restringirem às modas das universidades, alguns pensadores criaram importantes contribuições para a filosofia no Brasil. Por exemplo, Luiz Felipe Pondé, Bruno Tolentino e Mário Ferreira dos Santos.
Para conhecer mais sobre filósofos que desenvolveram suas teses fora do meio acadêmico, veja esse artigo.
A filosofia começa a partir do espanto com o mistério da vida, afirma Aristóteles. Estudar filosofia conduz ao estudo da própria realidade, da busca pela verdade e por respostas às perguntas essenciais que dão sentido à vida de alguém.
A cultura é influenciada pelos pensamentos de filósofos do passado, ainda que eles não sejam conhecidos pela população. Ao estudar filosofia, é possível encontrar a origem de certas ideias e perscrutar as intenções de seus autores.
Ter esse conhecimento permite mais autonomia e liberdade aderindo a ideias, identificando-se com escolas de pensamento e também evitando o risco de ser enganado por falta do saber.
Filosofia envolve a busca pela verdade, o exercício do intelecto, a percepção do mundo e das relações em sociedade. Alguns filósofos jogaram luz sobre a história do Brasil por meio da filosofia, outros usaram da filosofia produzida no Brasil para entender a si mesmo e o mundo.
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