O México é um país violento. Seu território abriga algumas das maiores organizações criminosas do mundo. A nação possui altas taxas de violência contra a mulher e algumas das cidades que lideram o ranking das mais perigosas do mundo. Desde que o governo mexicana iniciou sua ofensiva antidrogas, em 2006, o país registrou 450 mil assassinatos e o desaparecimento de 100 mil pessoas.
As eleições deste ano são as maiores na história do país, tanto em termos de número de eleitores, com 98 milhões de pessoas aptas a votar, como em relação ao número de cargos a serem preenchidos, 20 mil.
O pleito será também um dos mais violentos dos últimos anos. Desde junho do ano passado, 37 candidatos foram assassinados. Foram conduzidos também ataques contra membros de partidos e familiares de políticos ou candidatos. Ao todo, foram registrados 828 eventos de violência durante a atual fase eleitoral.
A última vítima foi o candidato a vereador Jorge Huerta Cabrera. O político foi assassinado no estado de Puebla, no centro do país, na sexta-feira (31/5), dois dias antes do início da disputa eleitoral. De acordo com o Ministério Público, Cabrera foi morto por tiros, à luz do dia, na cidade de Izucar de Matamoros, onde concorria a um cargo.
O homicídio exemplifica o crescimento da violência que tem marca o tom da disputa eleitoral de 2024.
A gravidade da situação levou duas cidades do sul do país a suspenderem a realização do pleito. Em Pantelhó e Chicomuselo, autoridades eleitorais anunciaram no sábado (1/5) que o evento não seria realizado devido aos violentos incidentes que impossibilitaram a instalação das urnas. A nota oficial do Instituto de Eleições (ICE) justificou que a eleição não seria realizada em virtude da "situação de violência e ingovernabilidade" que se configura na região.
A violência que cresceu ao longo de todo o período de campanha eleitoral atingiu a candidata que lidera as pesquisas de intenção de votos para o cargo de presidente da República no país. No dia 21 de abril, a candidata presidencial apoiada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, Claudia Sheinbaum, teve seu carro brevemente retido por homens encapuzados, enquanto dirigia por uma estrada no município de Motozintla.
De acordo com um vídeo que circula nas redes sociais, os criminosos pararam o carro de Cláudia, enquanto passava por uma rua de Motozintla, e pediram a ela que atendesse às áreas pobres daquela região, caso ganhasse a eleição. O vídeo teria sido gravado por um dos próprios criminosos. Os homens que abordaram Claudia Sheinbaum se identificaram como membros de um dos chamados grupos de autodefesa, que afirmam oferecer segurança privada aos cidadãos em áreas dominadas pelo tráfico de drogas.Tais grupos se assemelham à milícia no Brasil.
"Que você se lembre quando estiver no poder, da Serra, lembre-se das pessoas pobres, É só isso que queremos dizer, não somos contra o governo", afirmou um dos criminosos à candidata, que se encontrava no banco de passageiro do carro.
Apesar do baixo número de assassinatos políticos resolvidos pelas forças de segurança, existe estimativa de que a grande maioria dos casos tenha sido cometida pelo crime organizado.
Uma das causas para o avanço da violência política no país, de acordo com analistas de segurança pública e integrantes das forças de segurança entrevistados pelo New York Times, é a ascensão de organizações criminosas locais. Colabora também, a corrupção no poder público.
Há uma grande quantidade de gangues locais que surgiram a partir de divisões de organizações maiores e mais poderosas. Esses grupos disputam de forma muito mais agressiva o controle e o poder sobre as instituições e a população de determinadas regiões. Muitas dessas facções utilizam assassinato, agressões e ameaças para conseguir consolidar sua influência dentro do poder público local, garantindo favores políticos e expandindo suas operações sem impedimentos.
A violência ocorre com maior intensidade e em um número maior de áreas onde o poder central é enfraquecido, uma vez que as instituições locais não revelam grande capacidade de reação.
Por esse motivo, o governo está articulando junto ao Exército e à Guarda Nacional um programa que garante segurança aos candidatos. Até o momento, há 560 inscritos. As principais instituições mexicanas reforçam o importante papel das autoridades policiais locais na proteção dos representantes populares, o que é dificultado por questões burocráticas e falta de recursos.
A violência sem precedentes tornou a segurança um dos temas mais discutidos no momento. O atual presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, tem sido confrontado com críticas a respeito das altas taxas de homicídios no país. Candidatos oposicionistas utilizam a situação para indicar que a gestão federal do país precisa de mudanças. O México se encontra em um momento de insegurança e instabilidade.
A falta de segurança incomoda a sociedade e coloca em risco a integridade da democracia, que necessita de eleições pacíficas e independentes para ocorrer plenamente. O aumento da violência não apenas ameaça os direitos civis, mas também infunde temor no povo mexicano, que deseja por um ciclo eleitoral pacífico e justo. As repercussões dessas eleições podem definir o futuro político e social do México por anos a vir.
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