Durante uma coletiva de imprensa, o presidente americano voltou a falar em anexar a Groenlândia e retomar o controle do Canal do Panamá.
O presidente afirmou que não descarta o uso de força militar para controlar as duas regiões.
Para Trump, tanto a ilha quanto o Canal seriam fundamentais para a segurança nacional dos Estados Unidos.
A questão veio à tona depois de um jornalista perguntar a Trump se ele considerava usar a força militar:“Eu não posso lhe assegurar, você está falando sobre Panamá e Groenlândia. Não, eu não posso lhe assegurar sobre nenhum desses dois, mas eu posso dizer o seguinte: nós precisamos deles para Segurança Econômica, respondeu o presidente eleito
Trump também mencionou a possibilidade de transformar o Canadá em um estado americano, mas descartou o uso das Forças Armadas contra o país.
O cientista político e professor Adriano Gianturco explica que trazer esses temas à tona no atual momento pode ser parte de uma estratégia midiática de Trump:
“São novos assuntos que ele colocou na mesa agora e não estavam sendo discutidos antes. Em termos políticos, de opinião pública interna, é muito interessante, porque desloca totalmente a atenção de outros problemas para novas questões.”
Para o professor a estratégia pode ter efeitos negativos para a política externa americana, já que cria atrito entre o país e parceiros históricos em um momento de polarização mundial:
"Parece muito uma encenação, gerando novos conflitos e criando fraturas com países fronteiriços com os quais seria melhor manter relações pacíficas."
O professor Adriano Cerqueira, do IBMEC, foi na mesma linha e interpretou as falas de Trump como uma estratégia para mobilizar sua base nas redes sociais:
“Eu acho que o interesse dele é se colocar em evidência, chamar atenção, não dar espaço pra oposição no sentido de ocupar as redes sociais.”
O Canal do Panamá é estratégico por se tratar da rota mais curta para fazer a travessia entre o oceano Atlântico e o Pacífico.
Aproximadamente 40% de todas as mercadorias transportadas para os EUA através de contêineres passam por lá.
A estrutura foi construída pelos EUA entre 1904 e 1914, e ficou sob controle americano. Em 1977 o presidente Jimmy Carter assinou um acordo com o governo panamenho.
Nos anos seguintes o canal foi controlado conjuntamente até 2000, quando passou para o controle do país latino-americano.
Durante a coletiva, Trump criticou os acordos feitos por Carter, dizendo que o Panamá não tem lidado bem com os EUA:
“É uma desgraça o que aconteceu com o Canal do Panamá. Jimmy Carter deu para eles por 1 dólar e eles deveriam nos tratar bem. Eu achei que foi uma coisa terrível de se fazer.”
Trump acusou o governo panamenho de tratar os navios comerciais e militares dos EUA de maneira injusta:
“Eles não nos tratam de forma justa. Eles cobram mais pelos nossos navios do que cobram pelos navios de outros países. Eles cobram mais pela nossa Marinha do que cobram pelas marinhas de outros países.”
Além disso, o presidente também falou que a estrutura é basicamente controlada pelo governo chinês:
“A China está em ambas as extremidades do Canal do Panamá. A China está administrando o Canal do Panamá.”
Após a acusação, o presidente panamenho, José Muino, negou que haja uma presença militar da China na região:
“Não há soldados chineses no canal, pelo amor de Deus. O mundo é livre para visitar o canal.”
O professor Cerqueira destacou que não é possível saber se a fala de Trump condiz com a realidade, mas destasca a influência chinesa na região:
“Uma coisa que podemos descartar é que a influência chinesa, principalmente comercial, cresceu muito aqui na América do Sul e Central. A China é uma grande potência econômica que disputa com os Estados Unidos o domínio e o controle do Pacífico.”
Além disso, também comentou que uma ação militar contra o país é improvável, mas não seria a primeira na história:
“Há precedentes históricos, mas não vejo momento, nem liderança suficiente de Trump para restabelecer esse tipo de política. Eu acho que é mais um aviso no estilo do presidente, bastante agressivo e polêmico, de que os Estados Unidos têm interesse em rever a atual política de gerenciamento do canal”
A ilha que pertence ao Reino da Dinamarca também está na mira do presidente republicano.
Durante a coletiva de imprensa do dia 7 de janeiro, o presidente questionou o direito da Dinamarca sobre a região e falou que as pessoas da ilha votariam para deixar o reino:
“Ninguém sabe se eles têm sequer algum direito, título ou interesse. As pessoas provavelmente vão votar pela Independência ou para se juntar aos Estados Unidos.”
O presidente alega que o interesse na região vem por causa de questões de segurança nacional, já que a ilha está em uma região ameaçada por outras potências:
“Eles deveriam abrir mão, porque precisamos disso para a Segurança Nacional. Estou falando sobre proteger o Mundo Livre. Você olha, nem precisa de binóculos, tem navios chineses por toda parte, tem navios russos por toda parte.”
Outro fator de interesse na região são as enormes reservas de petróleo e minerais raros na região.
Com o derretimento das geleiras, essas reservas se tornam cada vez mais acessíveis. Além disso, o derretimento está abrindo novas rotas de navegação mais eficientes.
O trajeto pelo Ártico pode ser até 40% mais curto do que atravessar o Canal de Suez, no Egito.
Segundo relatório do Arctic Concil, o uso das rotas de navegação da região já aumentou em pelo menos 37% na última década.
O governo chinês estaria mostrando interesse em trabalhar com os russos para explorar ainda mais essas rotas alternativas.
Durante uma entrevista para a Fox News, um ex-assessor de segurança nacional da primeira gestão Trump ressaltou a importância do Ártico para o país:
“A Groenlândia é uma rodovia do Ártico até a América do Norte. É estrategicamente muito importante para o Ártico, que será o campo de batalha crítico do futuro porque, à medida que o clima esquenta, o Ártico será um caminho que talvez reduza o uso do Canal do Panamá.”
O professor Adriano Cerqueira afirma que a resposta que Trump não indica que o presidente vai invadir o país, apenas que ele não discartaria a possibilidade caso achasse necessário:
“Acho que o Trump deu uma resposta do tipo: ‘a gente não pode ter certeza de nada, por que eventualmente pode ser que haja a necessidade de invadir a Groelântico por qualquer razão’. Então, isso é muito hipotéticp, está no território da suposição, acho muito improvável”
O presidente afirmou também que a economia canadense depende de acordos comerciais desfavoráveis aos EUA.
Além disso, o governo americano estaria gastando bilhões de dólares para garantir a segurança do país vizinho:
“Por que estamos apoiando um país em mais de US$200 bilhões por ano, nosso Exército está à disposição deles, todas essas outras coisas? Eles deveriam ser um estado.”
Apesar disso, Trump disse que não existe a possibilidade de usar da força militar para anexar o país:
“Não, força econômica. O Canadá e os Estados Unidos, isso realmente seria algo. Você se livra daquela linha artificialmente traçada e dá uma olhada no que isso parece… também seria muito melhor para a Segurança Nacional. Não se esqueça, nós basicamente protegemos o Canadá.”
O primeiro-ministro Justin Trudeau, respondeu ao pronunciamento no X dizendo que “não há a mínima chance de o Canadá se tornar parte dos Estados Unidos".
Trump têm defendiodo a proposta em coletivas de imprensa e nas suas redes sociais desde um jantar com Justin Trudeau em seu resort particular na Flórida.
As falas do presidente na coletiva de imprensa ontem inundaram as redes sociais com comentários e memes.
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