Muitas vezes me peguei agradecendo as benesses com que as tecnologias modernas nos agraciam. Afinal, é por sua solidária participação nas minhas atividades cotidianas que o tempo tornou-se mais profícuo e a produtividade multiplicou-se a uma escala impensável.
Quando nossos antepassados poderiam supor que com a simples junção de dois aparelhos, poderiam usufruir de uma orquestra inteira tocando ao seu ouvido? Mais do que isso: escolhendo, numa lista de milhões de opções, aquela que mais lhe apeteceria ouvir naquele momento? Tudo isso enquanto uma máquina de lavar roupas e outra, de lavar louças, executam um serviço que já nem faço ideia de quantas horas tomaria no seu tradicional modo manual.
Maravilhada por estes benefícios, demorei a perceber que o uso contínuo destes objetos estava exercendo um efeito psicológico pernicioso em mim. Sem me dar conta, eu estava perdendo a medida do humano, dos limites próprios à nossa espécie para produzir e realizar. Com frequência, oprimia-me a sensação de que eu estava fazendo tudo devagar demais. À impossibilidade de cumprir com uma lista de afazeres evidentemente inviável, vinha a frustração, a percepção de que eu era um ser falho que precisava aprender a me domesticar melhor para executar mais e mais rápido.
Esse incômodo da vagarosidade não me invadiu solitariamente. Junto dele, veio uma dificuldade de sustentar projetos em longo prazo. Não na forma de um abandono consciente. Não, o fenômeno não se passa assim, às claras. Acontece que qualquer grande projeto depende de um empenho recorrente, sustentando por anos, um esforço que, quando está sendo exercido diariamente, é aparentemente pequeno e simples demais para ser frutífero. Nesses momentos de dedicação, é como se uma voz maléfica viesse me persuadir de que aquele ato é vão e de nada vai adiantar.
No entanto, a realidade é precisamente o contrário. Somente o hábito singelo é capaz de nos levar à construção de algo significativo. Se falhamos em construir um pouco a cada dia, perdemos de todo a nossa capacidade de construir. O esforço inteligente reiterado é a ponte entre nossos sonhos e sua realização. Sem isto, muito pouco podemos.
Para reverter o cenário de estagnação em que me encontrava, precisei ajustar a minha visão. Deixei-me contaminar pela felicidade em dar pequenos passos. Voltei a compreender que é essa entrega diária, que com frequência parece pouquíssimo produtiva, que me aproximará de meus objetivos e planos. Entendi que sem adotar a correta perspectiva, eu desistiria. Simplesmente não conseguiria sustentar consistentemente o que devo para alcançar o que quero. É preciso crer para ver. Apostar para ganhar. E sem a medida justa quanto ao seres humanos, acabamos iludidos sobre o tempo e nossas próprias capacidades.
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