Nunes iniciou a entrevista se dizendo nervoso, mas com um tom de voz calmo. Fabíola Cidral começou questionando a opinião do político acerca da tentativa de assassinato de Donald Trump no último sábado. A jornalista ressaltou a proximidade do mandatário com o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, e quis saber como o entrevistado acha que o incidente irá repercutir na política brasileira.
“Eu acho que na eleição municipal não de uma forma direta, mas de uma forma indireta sim. O Vaticano colocou na página deles um posicionamento de repúdio a qualquer tipo de agressão. A gente precisa ter ações como essa como um exemplo daquilo que não é aceitável. A fala mais sensata que eu vi foi a de transmitir uma boa mensagem é a colocação do Vaticano, pedindo paz”, respondeu o pré-candidato.
As entrevistadoras prosseguiram então citando uma postagem de Nunes acerca do episódio ocorrido na Pensilvânia. Raquel Landim leu uma publicação do político em redes sociais, na qual ele afirma que o que ocorreu nos EUA foi um atentado à democracia. Diante disso, Landim o questionou sobre o episódio de 8 de janeiro de 2022, no qual pessoas invadiram e depredaram prédios governamentais após a posse de Lula.
Landim: O que aconteceu em 8 de janeiro não foi um ato contra a democracia?
Nunes: 8 de janeiro a gente podia comparar, Raquel, também com o 23 de setembro. O que aconteceu em 23 de setembro? Se a gente entrar no Google agora e colocar 'Boulos invade Ministério', vai sair na capa a foto do Boulos em cima da mesa numa invasão num prédio público do Ministério da Fazenda. Tá lá! Colocou no Google 'Boulos invade Ministério' é aquela invasão. Então não tem diferença. Com relação à questão das invasões de prédio público, eu me posicionei logo que aconteceu o dia 8 de janeiro veementemente contrário à depredação do patrimônio público, com relação à questão de que a gente não pode admitir que as pessoas transgridam aquilo que é razoável. Até onde vai o direito de um? Onde começa o direito do outro. Agora essa questão do dia 23 de setembro é algo pra gente poder refletir.
Carolina Linhares rebateu a fala do prefeito de São Paulo afirmando que símbolos da democracia foram quebrados no episódio e o questionou acerca de suas afirmações. Sobre a questão, Nunes se afirmou como um defensor da democracia, mas reforçou que não considera plausível comparar o que houve em 8 de janeiro de 2023 com a invasão a prédios públicos.
Nunes foi questionado por uma das entrevistadoras acerca do uso do dinheiro público. A jornalista afirmou que a prefeitura tem muito dinheiro, mas faz muito pouco. Questionado sobre a situação, ele afirmou que o executivo de São Paulo não faz pouco. Ricardo Nunes destacou os investimentos recordes em infraestrutura realizados pela cidade nos últimos anos.
Apontou ainda que a cidade investiu 16 bilhões de reais, um aumento significativo em comparação aos 14 bilhões de 2022 e aos 8,5 bilhões de 2021. O prefeito ressaltou que esses investimentos quadruplicaram a capacidade de investimento da cidade desde 2020, quando o valor foi de 4,1 bilhões de reais.
Enfatizou ainda que esses recursos estão sendo direcionados para diversas áreas, com destaque para o maior programa de recapeamento da história da cidade e ações de combate a enchentes. Acrescentou ainda que, apesar das mudanças climáticas, São Paulo tem apresentado resultados muito melhores no controle de enchentes, mesmo ainda tendo muito a ser feito.
Como forma de ilustrar os benefícios desses investimentos, Nunes citou a "Viela da Morte" em Sapopemba, onde a contenção de encostas foi realizada para evitar deslizamentos que anteriormente resultaram em tragédias. Ele também mencionou que, em várias áreas da cidade, o tempo de retorno à normalidade após alagamentos foi significativamente reduzido, passando de horas para minutos.
O prefeito destacou ainda a construção de piscinões em Perus, com um investimento de 130 milhões de reais, e no Capão Redondo, com 170 milhões de reais, como medidas essenciais para resolver problemas históricos de alagamentos nessas regiões.
Lembrou que, em 2019, uma pessoa morreu em Perus devido a uma enchente, e que essas obras visam evitar tragédias semelhantes no futuro. Nunes concluiu afirmando que a cidade de São Paulo continua a investir em infraestrutura para garantir a segurança e a qualidade de vida de seus habitantes, com um foco especial em áreas historicamente afetadas por enchentes e deslizamentos.
Carolina Linhares iniciou o assunto afirmando que a região da Cracolândia, no centro de São Paulo, foi recentemente cercada através de uma ação conjunta entre a prefeitura e o governo do estado. Linhares também declarou que o fluxo de usuários aumentou nos últimos anos na região. A jornalista perguntou então se Nunes será mais um prefeito a não resolver a questão. O mandatário respondeu de forma categórica que a afirmação de que o fluxo da Cracolândia aumentou não é verdadeira.
"Na verdade, o fluxo diminuiu. Em 2015 e 2016, havia cerca de 4.000 usuários, mas hoje temos menos de 1.000. Eu publico esses dados diariamente para vocês. De 2016 para cá, houve uma redução significativa, e do ano passado para este ano também. Eu disponibilizo o link da contagem para vocês acessarem”, declarou Nunes.
Ainda sobre o assunto, Linhares manteve o questionamento, afirmando que quem passa pelo local vê que o problema não foi resolvido. Sobre a questão, o prefeito afirmou que esse é um problema sério há 30 anos.
"Hoje, estamos trabalhando em conjunto com o Governador Tarcísio e temos mais de 2.500 pessoas em tratamento nos CAPS, comunidades terapêuticas e no Centro de Tratamento Prolongado, que atualmente atende cerca de 1.000 pessoas. É importante ser transparente com a população. Uma pesquisa da Unifesp, não da Prefeitura de São Paulo, revela que 39% dessas pessoas estão lá há mais de 10 anos e 57% há mais de 5 anos. Aqueles que estão usando crack há 5, 7, 10, 15, 20, 25 anos têm dificuldade em aceitar o tratamento. Todos os dias, nossa equipe de assistência social e saúde trabalha incansavelmente para convencê-los a buscar tratamento. O Hub de tratamento está aberto para oferecer uma porta de entrada. Existe um esforço diário de convencimento para encaminhá-los ao tratamento,” explicou o chefe do executivo de São Paulo.
Nunes acrescentou que o poder público está trabalhando com duas frentes de atuação.
“A polícia está prendendo centenas de traficantes diariamente, e estamos promovendo a reurbanização. A Praça Princesa Isabel, que antes era um transtorno, hoje é um espaço onde famílias e crianças podem brincar. Eu e o Governador Tarcísio estabelecemos como meta insistir e trabalhar todos os dias para resolver esse problema,” finalizou.
O prefeito declarou que, se reeleito, continuará focando na atenção às áreas periféricas. Afirmou que, pela primeira vez na história, foi incluído no Plano Plurianual (PPA) um artigo que determina que parte dos investimentos deve ser direcionada para regiões de vulnerabilidade.
“Isso é inédito e demonstra nosso compromisso com essas áreas”, explicou.
O político também apontou que atualmente há 1.800 obras em andamento na cidade, sendo 1.425 com valores acima de 500 mil reais e muitas delas localizadas na periferia. Segundo Ricardo Nunes, até agora, a atual gestão já entregou cerca de 5.000 obras, a maioria nas regiões periféricas de São Paulo.
“Este esforço reflete nossa determinação em melhorar a infraestrutura e a qualidade de vida nas áreas mais vulneráveis da cidade”, finalizou.
Raquel Landim citou que, na última campanha, a esposa de Nunes, Regina Carnovale Nunes, teria registrado um Boletim de Ocorrência contra o marido. A alegação era de que, durante um período em que se separaram, o prefeito teria agredido verbalmente sua esposa e a ameaçado. Ao ser questionado, Ricardo Nunes declarou que o BO teria sido forjado.
"Regina já afirmou que não fez nada. Ela contratou um advogado, e eu até separei o material para te entregar. Posso pegar depois, sem problema. O advogado entrou com uma petição solicitando o boletim de ocorrência assinado. A resposta da delegacia foi que esse boletim de ocorrência não existe."
Raquel Landim insistiu que o documento existiria e que poderia lê-lo se fosse da vontade do pré-candidato.
Nunes: Eu tô dizendo que a minha esposa, que eu tenho, nós estamos juntos há 27 anos. Eu tenho três filhos, eu tenho um neto. Sabe, usar um negócio desse é algo repudiante, uma coisa...
Landim: Mas esclarece, Prefeito, o que foi do boletim de ocorrência?
Nunes: O Bruno Covas, em 2020, já esclareceu pra Fabíola lá no ar. Eu já falei isso várias vezes. Eu tô te dando um documento. Eu tô te dando documento.
Landim: Nosso papel é perguntar. Nós temos um boletim de ocorrência. Então, a pergunta é: o boletim de ocorrência é forjado?
Nunes: É óbvio que é forjado. Eu vou te entregar um documento onde a minha esposa, Regina, contratou um advogado. Ele peticionou na delegacia para poder pegar o documento e fazer o exame grafotécnico.
Landim: Qual foi a resposta?
Nunes: Eu vou te entregar aqui. A resposta foi: não existe esse boletim de ocorrência físico. A Regina falou pra Folha de São Paulo, numa nota assinada de próprio punho, em 15 de outubro de 2020, sobre o boletim: "Eu estava num momento difícil, muito sensível, e acabei dizendo coisas que não são reais." Ela não diz que não fez o boletim. Ela confirma que fez o boletim em 2020, numa nota assinada de próprio punho pra Folha de São Paulo, em 15 de outubro. Ela nunca disse que não fez esse boletim.
Landim: Por que o senhor tá dizendo isso agora?
Nunes: Eu não tô dizendo, é ela que tá dizendo. Como é lamentável vocês fazerem uma coisa dessas. Isso é um desrespeito com a profissão de vocês. Um desrespeito com ela mesma. Mas eu tô esclarecendo. Vou te dar um documento assinado de algo que a oposição usou contra mim.
Veículos de imprensa reportaram a entrevista. Veículos de imprensa como a Carta Capital declararam que o político minimizou as situação ocorrida em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. O portal UOL destacou a fala do prefeito de São Paulo contra Guilherme Boulos.
Entre os internautas que comentaram o destaque foi para uma suposta falta de foco das entrevistadas e sobre a qualidade do candidato.
“UOL, pergunte sobre São Paulo, só ficam perguntando sobre Bolsonaro, que paixão é essa!?”, comentou o usuário @corteMOMENT
“Por mais que eu ache o tal Pablo Marcal arrogante e desprezível, fiquei sem opção que se não votar nele. Nesse sujeito e Boulos, não dá!”, escreveu @rafaelsandonato
“Esse é o líder das pesquisas? Misericórdia”, afirmou @ravachol1981
Ricardo Luís Nunes Reis tem 56 anos e é pré-candidato à reeleição para a Prefeitura de São Paulo. Ele foi eleito vice-prefeito em 2020 na chapa liderada por Bruno Covas (PSDB) e assumiu o cargo de prefeito em 2021 após o falecimento de Covas, que lutava contra um câncer no sistema digestivo. Covas havia sido diagnosticado com a doença em 2019 e passou por diversos tratamentos, mas infelizmente não resistiu, falecendo em maio de 2021.
Nunes tem uma trajetória política marcada por dois mandatos como vereador na capital paulista. Nascido em São Paulo, ele fez sua primeira tentativa de se eleger para a Câmara Municipal aos 21 anos, mas não obteve sucesso. Somente em 2012, vinte anos depois, ele conquistou seu primeiro mandato como vereador, recebendo mais de 30 mil votos. Em 2016, foi reeleito com uma votação expressiva de 55 mil votos, consolidando sua posição na política municipal.
Amanhã será a última sabatina com candidatos à prefeitura de São Paulo. O entrevistado será José Luiz Datena.
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