Nas ruas movimentadas da zona sul de São Paulo, um adolescente luso-brasileiro de 14 anos entrou pela primeira vez em sua nova escola.
Seu pai havia perdido tudo o que possuía, forçando a mudança da rede privada para a pública. Mal sabia que ali encontraria a inspiração que o levaria ao cargo de prefeito da maior cidade da América Latina.
Sua família acabara de voltar do litoral, depois de os negócios do pai falirem. Ricardo Nunes descreve a experiência como um choque de realidade. Na época, ele tinha 14 anos.
“Quando voltamos, fomos morar na única casa que tinha restado. Ficava no Parque Santo Antônio, no fundão da zona sul. Era um local bem complicado naquela época. Foi um choque. Quando você passa a vida inteira com uma forma de viver, esse tipo de mudança é um choque”, contou.
Nascido em 13 de novembro de 1967, em São Paulo, Nunes foi criado na zona sul da cidade.
Até então, o filho mais velho de Luís Nunes e Maria do Céu levava uma vida confortável e despreocupada ao lado dos pais e dos três irmãos.
Ao conhecer o grêmio estudantil, Ricardo Luís Reis Nunes teve seu primeiro contato com a política.
Entrou para o MDB aos 18 anos e orgulha-se de nunca ter trocado de partido.
“Eu me mantenho no mesmo partido desde a minha afiliação com um conceito muito forte de defesa da democracia”, declarou em entrevista ao programa Contraponto, da Brasil Paralelo.
Três anos depois de se filiar ao MDB, Nunes decidiu tentar se eleger vereador de São Paulo.
Como não conseguiu, fundou um jornal de bairro chamado Hora de Ação, que se dedicava a noticiar os fatos da zona sul paulistana.
Um tempo depois, empreendeu no ramo de controle de pragas, em que continua atuando.. A companhia é especializada em desinfetar portas de navios, impedindo que a carga seja contaminada por parasitas.
Em 17 de julho de 1997, casou-se com Regina Carnovale, com quem teve três filhos: Mayara, Ricardo e Izabela.
“Entre idas e vindas”, o casal está junto há 27 anos. Durante a campanha eleitoral de 2020, veio a público que Regina registrou um Boletim de Ocorrência contra o marido.
Na época, o casal estava separado. Em uma entrevista recente, ela revelou que estava passando por um momento difícil em sua vida quando apresentou a queixa. Além disso, afirmou que o relato no documento não é verdadeiro.
“Sobre o boletim, eu estava em um momento difícil, muito sensível e acabei dizendo coisas que não são reais, tanto é que estamos juntos há mais de 20 anos, sendo que esse boletim foi feito em 2011, nove anos atrás. Amo meu marido e vivemos com nossos filhos em perfeita harmonia", declarou em nota à Folha de São Paulo na época do escândalo.
Nas horas vagas, costuma ser encontrado torcendo pelo Palmeiras ou em atividades comunitárias. Essa é, aliás, uma pauta que diz se orgulhar de defender desde a juventude.
Em 2012, Ricardo Nunes decidiu voltar à cena no campo político. Na ocasião, tentou uma vaga na câmara municipal.
Foi eleito com 30.747 votos e dedicou seu mandato a defender pautas como a exclusão da temática de gênero do Plano Municipal de Educação em 2015.
“O que é manter a ideologia de gênero fora do Plano Municipal de Educação? É manter essa coisa nefasta longe das nossas crianças”, disse Nunes, em entrevista ao site “Portal Católico” em agosto de 2015.
Também participou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a sonegação de impostos no município. Em entrevista recente, afirmou que o combate à corrupção é uma das suas principais pautas.
Oito anos depois, foi convidado por Bruno Covas (PSDB) para ser seu vice-prefeito na corrida eleitoral de 2020. Os dois foram eleitos, com o desafio de recuperar São Paulo em plena pandemia.
Tudo mudou em 16 de maio de 2021. Após lutar contra um câncer, Bruno Covas faleceu. Com isso, Nunes assumiu a missão de administrar a capital paulista.
De lá para cá, envolveu-se em polêmicas. Uma das mais famosas é a “máfia das creches”. O esquema consistiria no recebimento de propina para credenciar instituições de ensino em programas da prefeitura.
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal. Sobre o assunto Nunes declarou que nunca se envolveu com atividades ilícitas.
“Nunca tive uma condenação, nunca, a minha vida inteira. Inclusive, como vereador, foi de combate à corrupção e de ser muito, muito, muito rigoroso”, afirmou em entrevista à CNN.
Na época da pandemia de COVID-19, implementou o chamado “passaporte vacinal”, que obrigava os cidadãos a comprovar que se vacinaram contra doenças para acessar prédios públicos e privados.
Também determinou que todos os servidores municipais seriam obrigados a se vacinar. Quem se recusasse, poderia sofrer penalidades ou ser demitido.
Foi o que aconteceu com funcionários que exerciam cargos comissionados. No dia 30 de outubro de 2021, a prefeitura de São Paulo divulgou o desligamento de três pessoas por não comprovaram que receberam o imunizante.
Hoje, afirma que a medida foi exagerada, mas que aprendeu com o erro.
Outra polêmica foi a acusação de favorecer seu compadre em contratos com a prefeitura. Nunes confirmou os contratos, mas negou ilegalidade nos mesmos.
Uma das controversias mais recentes foi um protocolo denominado “saúde para todes” que trata sobre a saúde da população LGBT.
Por se denominar conservador, o uso da linguagem neutra causou revolta em uma parte de seus eleitores.
O caso foi divulgado pela candidata Marina Helena (NOVO) durante um debate promovido pelo Estadão, Faap e portal Terra, no dia 14 de agosto.
No dia 03 de agosto de 2024, o MDB oficializou Ricardo Nunes como candidato à prefeitura de São Paulo. Ao seu lado, estava Jair Bolsonaro. Seu vice foi indicado pelo ex-presidente, um dos seus principais cabos eleitorais.
Sua campanha chama a atenção no que diz respeito às alianças partidárias. A coligação inclui partidos de diferentes áreas ideológicas.
Para o ex-deputado Aldo Rebelo, trata-se de uma estratégia de governabilidade.
“É uma coalizão heterogênea que reúne partidos da base do governo do presidente Lula, como o MDB, PSB, PSD, União Brasil, Republicanos e PP, todos com ministérios no governo. Além disso, a aliança conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa diversidade de forças reflete a tradição brasileira de formar coalizões amplas para superar desafios e dificuldades enfrentados por São Paulo e pelo país”.
Questionado se o excesso de alianças tiraria a identidade de Nunes, Rebelo foi categórico em afirmar que não.
“Na minha opinião, tanto na política quanto na guerra, todo aliado é bem-vindo, pois cada um pode contribuir para a vitória. Um exemplo disso é a aliança improvável entre Stalin e Churchill, que eram adversários com pouca tolerância entre si”.
Rebelo destacou a importância que alianças entre virtuais opositores são comuns. Citou como exemplo a aliança entre Inglaterra, EUA e União Soviética para derrotar Hitler na II Guerra Mundial.
“Líderes como Churchill, Roosevelt e Stalin colaboraram, e, ao final da guerra, em Yalta, dividiram o mundo em áreas de influência. Assim, quanto mais ampla a aliança, maiores as chances de sucesso”, finalizou.
Segundo última pesquisa divulgada no dia 02 de outubro, o emedebista está tecnicamente empatado na primeira posição das intenções de votos. O primeiro turno das eleições acontece no próximo domingo, 6 de outubro.
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