Putin quer transformar a Rússia em um “santuário antiprogressista”

O decreto promete que os imigrantes que apresentarem essa justificativa terão uma série de benefícios para conseguir residência temporária no país, como:

• entrada fora da cota aprovada pelo governo sem a necessidade de confirmar:
  • fluência no idioma local;
  • conhecimento da história russa;
  • conhecimento das leis básicas do país.

Para conseguir se classificar na nova categoria de imigrante, o interessado deverá assinar um documento em que rejeite formalmente as políticas de seu país, que:

“impõe às pessoas ideais neoliberais destrutivos, contrários aos valores morais e espirituais russos”.

Os valores tradicionais mencionados no decreto estão listados nas fundações da Política de Estado da Rússia nesse campo. 

Alguns dos pontos listados pelo documento são: 

• defesa da família tradicional, 
• do trabalho produtivo, 
• unidade do povo e 
• patriotismo.

O Ministério das Relações Exteriores de Putin ainda deve elaborar em breve uma lista de países que seriam responsáveis por impor ideologias progressistas a seus cidadãos.

A nova política de refúgio deve passar a valer a partir de setembro, com a emissão dos primeiros vistos de residência temporária para pessoas nessa condição.

O decreto foi idealizado após uma conversa entre Putin e uma estudante italiana de 23 anos, Irene Cecchini. 

Durante um fórum, a universitária do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (Mgimo) afirmou ser apaixonada pelos valores russos e perguntou sobre flexibilizar a imigração para pessoas que não se identifiquem com os valores progressistas do ocidente.

O posicionamento de Putin sobre os ideais liberais que se propagam cada vez mais pelo ocidente não é uma novidade.

Durante uma reunião dos BRICS no ano passado, por exemplo, o presidente afirmou que os projetos do bloco sofreriam com ataques de um “neo-liberalismo radical”, que estaria:

"... visando destruir os valores tradicionais que são muito queridos e importantes para todos nós. Estes incluem a instituição da família e o respeito pelas tradições nacionais e religiosas,"

O novo decreto é mais um capítulo da disputa ideológica e narrativa entre o governo russo e as potências ocidentais.