A novela entre o PT e o Banco Central ganhou mais um capítulo no final da semana passada. Após divulgar que o país deve alcançar o chamado déficit 0, o partido de Lula agora critica o Banco Central por reduzir as taxas de juros em 0,25% .
Em publicação em seu perfil oficial no Instagram a entidade chamou o Banco Central de Traidor. Para a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, a atitude do banco seria um “crime contra o Brasil”. A publicação é mais um item de uma queda de braço entre o governo e o chamado “Banco dos Bancos”.
A taxa de juros é o que mantém o aumento contínuo e generalizado dos preços dos produtos e serviços em uma economia, reduzindo o poder de compra da moeda ao longo do tempo. Esse aumento contínuo é o que é chamado de inflação.
O Banco Central tem justamente como função controlar essa balança, equilibrando assim a economia do país. Entenda abaixo o que exatamente faz o banco central e o porquê da troca de farpas entre o Partido dos Trabalhadores e a entidade.
O Banco Central é, segundo seu próprio site, um “banco dos bancos”. Dentre outras atribuições, funciona como o banqueiro do Estado e emissor oficial de papel moeda. Criado no final de 1964 através da Lei nº 4.595, é classificado como uma autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
A entidade começou a operar em março do ano seguinte buscando a posição que tem hoje de “banco dos bancos”. Com a aprovação da Constituição Federal em 1988 o Banco Central passou a ser o único banco a emitir papel moeda no Brasil.
Seu presidente e seus diretores passaram a ser indicados pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal. A votação por parte do Legislativo passou a ocorrer de forma secreta, após devida arguição por parte dos Senadores.
A Constituição de 1988 tirou do Banco Central a possibilidade de fazer qualquer tipo de empréstimo ao Tesouro Nacional.
Outra característica do Banco Central é a independência. A entidade tem prerrogativa Constitucional para mexer nas taxas de juros, bem como decidir pela impressão ou não de papel moeda.
De acordo com o site da Federação do Comércio de São Paulo (FECOMERCIOSP), a independência da entidade faz com que a mesma consiga controlar os juros e, consequentemente, a inflação, não se deixando influenciar pelos interesses de políticas de governo.
O Bacen, sigla da Instituição, também é quem define a taxa básica de juros. A SELIC, como é chamada, é a base para o cálculo de parcelas de financiamentos e juros de cartões de crédito de outros bancos, por exemplo. Esse cálculo é feito para que o país consiga manter a economia girando.
Por fim, a FECOMERCIOSP define que a independência do Banco Central traz estabilidade e certeza que o Brasil terá uma estabilidade monetária. Um país com moeda forte atrai investidores que têm segurança de trazer para cá seu dinheiro, enriquecendo a nação.
O ponto chave desse enriquecimento, ainda segundo a Federação do Comércio de São Paulo, é um melhor combate à pobreza.
Você pode pensar que o melhor para economia é sempre manter os juros baixos, correto? Dessa forma as pessoas teriam poder de compra e a economia giraria. Porém essa conta é um pouco mais complexa.
O site da FECOMERCIOSP explica de forma simplificada que a inflação é o preço da moeda. Faz uma comparação com um escambo de canetas e cadernos. Se formos trocar canetas por cadernos e temos mais canetas que cadernos, o valor dos últimos sobe. Ele se torna raro.
Uma moeda rara é uma moeda forte. Um país de moeda forte inspira confiança para quem investe em bolsa de valores colocar seu dinheiro naquele país. Isso deixa a economia estável e permite ao governo investir sem medo de ficar sem dinheiro, o que pode acontecer caso os investidores retirem dinheiro da bolsa de valores.
Vale lembrar que o Bacen não negocia com o cidadão, mas com outras instituições financeiras.
Tendo entendido o que é o Banco Central, chegamos ao ponto do ocorrido na última semana, quando o perfil oficial do Partido dos Trabalhadores chamou o “Banco dos Bancos” de traidor. Para o governo manter as taxas de juros em baixa é uma política econômica importante.
Com os juros baixos o poder de compra da população sobe e, consequentemente, o executivo nacional fica bem com seu eleitorado. Só que essa queda pode resultar em maior inflação e enfraquecimento da moeda, o que poderia acarretar retirada de capital da bolsa brasileira.
Nesse cenário, uma queda de juros enfraqueceria o real, bem como a confiança dos investidores em manter dinheiro no Brasil. O resultado poderia ser uma retirada tão alta de dinheiro estrangeiro do país que ao invés de gastar exatamente o que arrecada, o ano fiscal brasileiro terminaria no vermelho.
Só no dia 9 de maio R$670,3 milhões de reais em capital estrangeiro já haviam sido retirados do Brasil. A informação foi divulgada hoje por um importante periódico de economia. Essa situação acende alerta sobre a estabilidade da economia brasileira perante o mundo.
É como se você perdesse uma das suas fontes de renda e no final do ano tivesse mais contas a pagar que dinheiro em caixa.
O atual governo tem gastado muito. Há a previsão de que neste ano feche as contas com um déficit zero. Isso significa que o Brasil vai gastar exatamente aquilo que arrecada com impostos.
O executivo contava com a queda da taxa de juros para movimentar a economia e aumentar o poder de compra do cidadão. O banco central anunciou que a redução seria apenas de 0,25%. Hoje a SELIC está em 10,50%.
Na legenda da publicação, o partido de Lula chama o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco de “sabotador”. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann chamou o banco de ultraconservador e disse que a redução seria um “crime contra o país”.
Ao que parece a novela Banco Central versus Governo está longe de acabar. Resta saber o que reservam os próximos capítulos.
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