Na manhã desta quinta-feira (6/6/24), em meio a um cenário de controvérsias e críticas, o governo federal finalizou a compra de 263 mil toneladas de arroz importado, em um leilão promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A medida, tomada após as devastadoras inundações no Rio Grande do Sul, visa recompor os estoques públicos e estabilizar o preço do grão no mercado brasileiro. Os gaúchos, que respondem por cerca de 70% da produção nacional de arroz, foram severamente afetados por enchentes que devastaram plantações e comprometeram a colheita.
Essa tragédia levou o governo a intervir, buscando evitar a escassez e a especulação financeira. Com a Medida Provisória 1.217/2024, foram liberados R$7,2 bilhões para a compra de até 1 milhão de toneladas de arroz importado, porém, o leilão resultou na aquisição de um volume abaixo do esperado.
O leilão de hoje não foi realizado sem obstáculos. Inicialmente, uma liminar da Justiça Federal no Rio Grande do Sul barrou a iniciativa, atendendo a uma ação promovida pelos deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS), Lucas Redecker (PSDB-RS) e Lucas Camozzato (Novo-RS).
A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) também havia ingressado com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra a iniciativa do Executivo. A entidade argumentava que não havia risco de desabastecimento e que a importação seria uma medida "desastrosa e contrária ao funcionamento do mercado". Contudo, a decisão de realizar o leilão gerou um intenso debate no Congresso Nacional e entre os produtores rurais. A bancada ruralista criticou veementemente a medida, alegando que a importação prejudica os produtores locais e desestabiliza o mercado interno.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), criticou o leilão e defendeu que a Medida Provisória editada fosse devolvida pelo Congresso Nacional ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“A única solução que vemos para essa Medida Provisória é a devolução da mesma. Não há a possibilidade de uma emenda salvar essa MP. O Governo está brincando com nossa cara enquanto querem que a gente acredite que a Reforma Tributária irá solucionar esses problemas. Essa Medida Provisória acaba com o setor exportador do país”, declarou Lupion.
Apesar das críticas, o governo defende que a compra de arroz importado é necessária para garantir a segurança alimentar e manter os preços acessíveis à população. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, justificou a importação alegando que o Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil.
“Com relação à importação de arroz, precisamos olhar o problema de uma forma holística, levando em conta as consequências que a tragédia no Rio Grande do Sul terá para a população brasileira. O estado concentra 70% do arroz produzido no Brasil. Outros 15% são produzidos em Santa Catarina; e os outros 15% pelo restante do Brasil”, disse Fávaro.
Segundo a Conab, os grãos adquiridos devem chegar aos pequenos varejistas das regiões metropolitanas até o dia 8 de setembro, com o preço máximo estipulado em R$4 por quilo. Os critérios estabelecidos para a qualidade do arroz incluem ser do tipo 1, longo fino e pertencente à safra 2023/2024.
Essa aquisição marca um capítulo complexo na gestão de crise agrícola no Brasil, levantando questões sobre a eficácia das políticas públicas em tempos de desastre natural e a vontade do governo em equilibrar interesses econômicos e sociais.
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