No domingo (19/5), o mundo se deparou com a notícia de que Ebrahim Raisi, presidente do Irã, havia sofrido um acidente de helicóptero enquanto voltava da inauguração de uma represa na região da fronteira com o Azerbaijão.
Após horas de informações desencontradas sobre o ocorrido, a mídia iraniana passou a divulgar imagens de pessoas orando pela saúde do chefe de governo. Por volta das 18:15, o óbito foi confirmado.
As autoridades iranianas também anunciaram a morte do Ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, hábil porta-voz dos posicionamentos do Irã em questões internacionais, que estava no mesmo helicóptero.
Até o momento, a causa oficial da queda do veículo presidencial foi atribuída às más condições climáticas nas montanhas entre o Irã e o Azerbaijão naquele dia. Nos vídeos da equipe de resgate é possível ver a espessa neblina que encobria o local.
Com a morte do presidente, o governo passa para as mãos do vice, Mohammed Mokhber, que deve convocar novas eleições dentro de um período de 50 dias.
Na República Islâmica do Irã, o chefe do poder Executivo não é a figura política central e exerce um papel secundário em relação ao Líder, atualmente o Aiatolá Ali Khamenei.
Apesar disso, Raisi era uma figura excepcionalmente importante por ser considerado o principal nome para suceder Khamenei, que está com 85 anos, em seu cargo vitalício.
Em 2019, o ex-presidente foi indicado pelo Aiatolá para comandar o judiciário e foi eleito segundo no comando da Assembleia dos Especialistas, órgão que elege o líder supremo do país.
O ex-presidente foi eleito em 2021 após concorrer contra seis candidatos fracos, as outras candidaturas foram impugnadas, no pleito com a menor participação popular na história do país.
Na época de sua eleição, havia rumores de que o suposto favoritismo do regime pela candidatura teria por fim preparar Raisi para ocupar o cargo mais importante do país, além de testar suas habilidades políticas e administrativas.
Ao longo de seu mandato, o presidente foi incapaz de melhorar os indicadores econômicos do Irã, que conta com uma inflação maior do que 40%, e ordenou a repressão de diversos protestos por direitos civis.
Ebrahim Raisi iniciou sua trajetória aos 15 anos de idade, quando começou os estudos para se tornar clérigo xiita em um seminário na cidade sagrada de Qom.
Durante o processo revolucionário que derrubou o monarca Xá Reza Pahlavi, o futuro presidente participou de protestos pela derrocada do regime.
Após a saída de Pahlavi e a ascensão política do Aiatolá Khomeini, Raisi ingressou no poder judiciário e se tornou promotor.
Com apenas 25 anos, assumiu o cargo de Promotor-Adjunto de Teerã e supostamente teria participado de uma série de julgamentos secretos, nos quais foram executados e enterrados em valas comuns presos já condenados por serem "inimigos do regime".
Grupos de defesa dos direitos humanos estimam que tenham sido executados mais de 5 mil presos vinculados a partidos e movimentos de esquerda.
A maioria dos mortos eram membros da Organização dos Mujahedins do Povo Iraniano, grupo que havia se aproveitado da destruição da guerra Irã-Iraque para tentar um golpe de Estado socialista, o que deflagrou o massacre em 1988.
Apesar de múltiplas acusações de violação dos direitos humanos, Raisi sempre negou envolvimento com os "Comitês da Morte", nome dado aos grupos de juristas ligados às execuções.
O líder iraniano, porém, já afirmou que as mortes foram ordenadas por uma fatwa, decisão jurídica dada por um sábio islâmico, do líder supremo Aiatolá Khomeini e, portanto, eram legítimas.
As acusações contra o ex-presidente iraniano lhe renderam a alcunha de "Carniceiro" ou "Açougueiro de Teerã".
Em um momento de preparativos para uma futura transição do poder no Irã, a morte de Ebrahim Raisi e a antecipação das eleições presidenciais devem movimentar o cenário político no país dos persas.
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