Nikolas e Salles criticam alianças do partido de Bolsonaro com o Centrão

Em entrevista de setembro ao Contraponto, o ex-ministro do Meio Ambiente comentou as alianças de parte da direita nas eleições municipais de 2024. Na ocasião, disse que Bolsonaro estaria de mãos atadas e que o verdadeiro tomador de decisões é Valdemar da Costa Neto, o presidente do PL: 

“Bolsonaro não está numa situação muito favorável para ficar contrapondo opiniões do Valdemar. O presidente de honra do partido é o Bolsonaro, mas o presidente executivo de fato do partido é o Valdemar, e o Valdemar não abre mão de manter a aliança dele com o Nunes. Essa é a verdade”.

Já Ferreira falou sobre o assunto na noite de 5 de novembro. Em discurso na Tribuna da Câmara, afirmou que é preciso fazer alianças sem abrir mão do que se acredita. 

“Alguns querem argumentar: ‘Ah, mas Bolsonaro estava aqui sozinho, e, por isso, ele era truculento’. Mas ele, de forma truculenta e sozinho, chegou à Presidência da República. Hoje, estamos vivendo basicamente da caridade dos nossos inimigos. Isso não é algo em que acredito. E digo isso porque sei que você deputado de direita também não acredita nisso”.

O deputado também declarou que não irá contra o que chamou de princípios: 

“O que eu não quero é me arrepender de ter ouvido a minha essência dentro de mim, dos votos da minha família, dos meus amigos, das pessoas que me param na rua, porque simplesmente alguém me disse que é preciso fazer uma coalizão”.

Não entendem minha luta contra o sistema

Dias depois das declarações de Salles e Ferreira, Bolsonaro concedeu uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo. O jornal reproduziu uma declaração do ex-presidente, que seria uma espécie de “alfinetada aos dois”.  

"É, logicamente, uma indireta para mim. Qual é a minha diferença para o Trump? Enorme, pô, ele é bilionário, eu não sou porra nenhuma. Qualquer coisa que acontecesse nos Estados Unidos teria repercussão no mundo."

O ex-presidente ainda citou realizações em Minas Gerais, como a extração de lítio no Vale do Jequitinhonha e o início das obras do metrô de Belo Horizonte. A fala foi interpretada por internautas como uma indireta à Ferreira, que é mineiro. 

Tentativa de desgaste

Após a publicação, Salles acusou a reportagem de tentar criar mal estar entre ele, Ferreira e Bolsonaro. Segundo o ex-ministro, não há quaisquer problemas entre os dois. 

“Da minha parte, e tenho certeza que também do Nikolas, há muito respeito pelo Presidente e seu legado, que muito fez, está fazendo e ainda faz pelo Brasil. Opiniões pontualmente diferentes, às vezes, são normais, mas nossa gratidão, reconhecimento e respeito por ele estão acima disso, a despeito da futrica de alguns”.

A suposta “troca de farpas” entre o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), Ricardo Salles (Novo-SP) e Bolsonaro (PL-RJ) dominaram as redes sociais neste final de semana.