A polícia civil de São Paulo investiga a morte de Marco Aurélio Cardenas Acosta. O estudante de medicina de 23 anos, faleceu na madrugada de quarta-feira, 20 de novembro, após ser baleado durante uma abordagem policial na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo.
O incidente ocorreu por volta das 2h50, quando Marco Aurélio teria dado um tapa no retrovisor de uma viatura policial.
Em seguida, correu para o interior do Hotel Flôr da Vila Mariana, onde estava hospedado.
Imagens de câmeras de segurança mostram o estudante do 5º ano de medicina entrando no saguão do hotel sem camisa. A seguir, dois policiais militares também entram no local e inicia-se uma briga.
Durante a abordagem, uma confusão resultou em um dos policiais disparando contra o peito de Marco Aurélio.
Segundo o boletim de ocorrência, a vítima teria tentado pegar a arma de um dos agentes quando foi baleado.
Ele foi levado ao Hospital Ipiranga, onde passou por cirurgia. No entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 6h da manhã.
Os policiais envolvidos no incidente foram afastados de suas funções até o término das investigações. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial.
Em nota enviada à Brasil Paralelo, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento.
Todos foram indiciados por homicídio e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações.
“Toda a conduta dos agentes é investigada. As imagens das câmeras corporais que registraram o fato serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)”.
A morte de Marco Aurélio levantou questionamentos sobre os procedimentos de abordagem policial.
Claudio Silva, ouvidor das Polícias de São Paulo, comentou o caso em entrevista ao G1. Para ele, a morte de Marco Aurélio reflete uma "lógica de polícia que mata".
“Os policiais não fazem o uso progressivo da força, como está determinado por normas internas da própria Polícia Militar, então o uso excessivo da força foi feito. Isso culminou com a morte daquele jovem abordado".
Policiais alegam pressão e abandono por parte do poder Público.
O ex-policial militar e deputado federal Guilherme Derrite (PL - SP), aponta que a ausência do Estado deixa os policiais com a sensação de “enxugar gelo”. Ele contou sua perspectiva sobre o tema em entrevista à Brasil Paralelo.
“Eu reclamava muito da fragilidade da legislação, pois a reincidência é um dos maiores problemas. A reincidência só existe porque, para o criminoso que toma racionalmente a decisão de seguir uma vida delituosa, o crime é compensador no Brasil”.
Diante de violência no país, a Brasil Paralelo decidiu investigar como a situação chegou nesse ponto.
O resultado foi a trilogia Entre Lobos. A série foi lançada em 2022 e está disponível apenas para membros. Se você ainda não desbloqueou seu acesso, clique aqui.
Assista abaixo a entrevista completa de Guilherme Derrite sobre a segurança pública no Brasil.
Marco Aurélio era o caçula de três filhos de um casal de médicos peruanos naturalizados brasileiros. Seus dois irmãos mais velhos também seguiram a carreira médica. A família mudou-se para o Brasil há mais de duas décadas.
Além dos estudos, o jovem era atleta do time de futebol do curso de medicina da Universidade Anhembi Morumbi e tentava uma carreira como cantor de funk, sob o nome artístico MC Boy da VM.
Em nota, a Universidade Anhembi Morumbi expressou sua solidariedade à família e aos colegas do jovem.
Marco Aurélio era solteiro, deixou pais e dois irmãos.
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