Chaves é uma ilha situada na região amazônica, no extremo norte do Pará, no arquipélago do Marajó. Lá, a comunidade chaviense equilibra uma balança complexa, vivendo em um tipo de Brasil que nem parecia ainda existir. A Dra. Rayssa Crispim, médica pediatra, está na região há quase um ano realizando um trabalho voluntário e é clara:
“São amorosas e acolhedoras apesar de sofrerem com a carência das necessidades básicas para o ser humano viver com dignidade”.
Seu relato de como é a vida na região serve de alerta para realidades brasileiras ao mesmo tempo desconhecidas e deficitárias. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em Chaves é um dos menores do Brasil: 0,45 de uma escala que vai de 0 a 1. Por comparativo, SP possui o melhor IDH do Brasil: 0,78.
São aproximadamente 23 mil habitantes em Chaves, sendo aproximadamente 18 mil na região ribeirinha. A realidade é única, a começar pelo modo de se chegar: são necessárias oito horas de barco para alcançar a ilha. Existe muita pobreza e carência em todos os aspectos.
As doenças que afligem a população, sobretudo as crianças, decorrem da falta do saneamento básico, como rede de esgoto e água potável. É necessário utilizar hipoclorito de sódio para purificar a água que será consumida ou comprar água mineral com valor inacessível para a população.
Muitas pessoas não possuem banheiro em casa e banham-se no rio ou no igarapé. Além disso, armazenam a água da chuva em grandes recipientes para higiene pessoal e afazeres domésticos.
Hoje, a Comunidade Católica Shalom se faz presente na ilha e realiza expedições missionárias semestrais além de administrar o Espaço de Paz, visando contribuir para amenizar as dores sociais da população. Foi neste contexto que a Dra. Rayssa Crispim se voluntariou para ser pediatra do Espaço de Paz e atender as crianças do município.
Por meio dos atendimentos realizados durante este ano, ela constatou que as crianças sofrem principalmente de verminose, infecção intestinal, infecção urinária, dermatite e desnutrição, doenças que têm como origem a falta de qualidade da água utilizada e na carência nutricional que as famílias vivem.
A alimentação da população envolve os peixes ou carne de búfalo, a farinha, as conservas e especialmente o açaí, como o principal item das refeições. A população se utiliza de produtos nativos da região como fonte de subsistência.
O início dos missionários que estão em Chaves remonta a um pedido de Dom José Luís Azcona, bispo emérito prelado do Marajó, a Moysés Louro de Azevedo Filho, fundador da Comunidade Católica Shalom.
A missão foi iniciada em março de 1996 e já completa seus 27 anos. Uma das principais ações da Shalom em Chaves foi a criação do “Espaço de Paz” no bairro Flor do Campo, que fica na periferia.
É um centro de convivência e fortalecimento de vínculos, que acolhe crianças e adolescentes de 6 a 18 anos incompletos e suas famílias, com intuito de favorecer a formação integral humana, funcionando no contraturno escolar.
No Espaço de Paz, as crianças participam de inúmeras oficinas, como: esporte, artes, apoio pedagógico, espiritualidade e formação humana, além do atendimento médico. No intervalo das atividades, elas recebem uma alimentação balanceada e reforçada, pois, para a maioria deles, será a única do dia.
O Espaço de Paz é mantido por meio de doações voluntárias. Fruto disso, foi possível adquirir a Starlink, rede de satélites da SpaceX, de Elon Musk, e construir um consultório médico, chamado Santa Teresa de Calcutá.
Assim, passou a ser possível o atendimento médico on-line e presencial com maior frequência, tendo-se em vista que antes desse advento, só havia atendimento médico no Espaço de Paz duas vezes por ano.
Interessados em contribuir com Espaço de Paz de forma voluntária com as suas aptidões podem o fazer das seguintes formas: voluntariado prolongado, voluntariado on-line e expedições missionárias. Mais informações estão disponíveis no site https://voluntariadosh.org.
A comunidade também mantém o sistema de apadrinhamento de crianças por meio da campanha: Apadrinhar para amar hoje. Principal fonte de manutenção do trabalho desenvolvido no Espaço de paz.
A Dra. Rayssa conta que mesmo antes de cursar medicina já sabia que Deus a chamava para levar Seu Cuidado e Seu Amor aos mais pobres e necessitados, através da missão. Conta que jamais se esqueceu de quando leu o capítulo 38 do Livro do Eclesiástico, justamente sobre a medicina e o projeto de Deus, seu grande chamado.
Inicialmente, quando conheceu as expedições da Comunidade Católica Shalom, tentou ir para Madagascar, mas não foi possível por causa da pandemia. Assim, em 2022, surge a oportunidade de ir para Chaves em uma expedição. Lá conheceu Dilma França, responsável local e dedicada a essa obra missionária há mais de treze anos, fonte de grande inspiração.
Ela conta que seu coração foi profundamente tocado, por isso, retornou em 2023 como voluntária prolongada da missão. Ela se alegra com tudo que Deus tem realizado, conta que já atendeu mais de mil crianças, foram realizadas inúmeras capacitações para os profissionais de saúde e educação da região, visita médica à população ribeirinha, bem como a participação na construção do consultório médico do Espaço de Paz, um grande sonho que se tornou realidade graças à generosidade de muitos.
Para a Dra. Rayssa:
“Muitos sequer imaginam que no Brasil existam lugares como Chaves. Estar aqui é realizar o exercício de sair de si e alargar o coração em direção aos outros. Nessa experiência somos profundamente transformados.”
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