Desde sua fundação em um barracão nos fundos da casa dos irmãos Arthur e Walter Davidson, a Harley-Davidson é uma representação do "sonho americano".
Além da história de empreendedorismo, as motos da companhia são símbolos de valores tradicionais dos EUA, como a liberdade individual e o patriotismo.
Durante a década de 1960, as motocicletas foram utilizadas em filmes como Easy Rider, dando um aspecto de rebeldia para a marca.
Essa imagem foi a causa da ligação profunda entre a marca e um público que se identifica com esses valores.
Ao longo dos últimos anos, a Harley começou a abraçar gradativamente pautas identitárias.
Em 2013, a empresa entrou para a Câmara de Comércio LGBT de Wisconsin. Em seu site oficial, a organização se descreve da seguinte forma:
"Organização de empresas, corporações e profissionais gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e aliados LGBT em todo o estado de Wisconsin. Ela oferece oportunidades de networking, esforços de desenvolvimento de negócios dentro da comunidade LGBT e programação educacional para seus membros."
Posteriormente, a Harley Davidson atingiu o patamar de membro platinum na Câmara, por aderir às políticas promovidas pela organização.
Os avanços em direção à agenda woke foram impulsionados pela gestão do CEO alemão Jochen Zeitz, iniciada em 2020.
Ele foi o CEO mais novo a administrar uma empresa alemã de capital aberto, fazendo o preço da ação da empresa de roupas esportivas, Puma, se valorizar 4000% em 13 anos.
O alemão também é conhecido por sua atuação como ativista ambiental e colecionador de obras de arte africanas, investindo no ecoturismo em países do continente.
Desde que assumiu o comando da marca, medidas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) foram implementadas em praticamente todos os aspectos da operação.
Os funcionários passaram a ser submetidos a treinamentos "conscientes", onde eram obrigados a ouvir e participar de palestras sobre temas como gênero e raça.
Segundo o ativista Robby Starbuck, alguns treinamentos envolviam a leitura de autores radicais e até mesmo seguidores do pensamento marxista.
As contratações de trabalhadores também foram impactadas. Começaram a ser implementadas cotas para favorecer pessoas que se enquadrassem em algum tipo de minoria social.
No plano apresentado por Zeitz, a rede global de revendedores associados à marca também passaria por mudanças. A "diversidade" passaria a ser um dos focos para parcerias.
Até mesmo os fornecedores foram trocados, após o estabelecimento de metas para contratos com empresas operadas por "grupos minoritários".
A fabricante de motocicletas aderiu ao sistema de pontuação da Human Rights Campaign (HRC), que monitora a implementação de pautas identitárias em empresas.
Para além da linha de produção, a Harley-Davidson começou a financiar paradas LGBT ao redor do país.
A empresa também apoiou o Equality Act, um pacote de medidas que abre espaço para pessoas trans utilizarem espaços públicos exclusivos para mulheres:
"O projeto de lei proíbe que um indivíduo seja impedido de acessar uma instalação compartilhada, incluindo banheiro, vestiário e provador, que esteja de acordo com a identidade de gênero do indivíduo."
O cenário parecia irreversível, até o ativista Robby Starbuck publicar em sua conta na rede social X que era "hora de expor a Harley-Davidson".
Starbuck lançou em seguida um vídeo em que apresentou todas as políticas progressistas às quais a marca aderiu e ainda apresentou os contatos da empresa para que seus seguidores pudessem questionar diretamente.
As informações despertaram a fúria de muitos consumidores da Harley, que se sentiram traídos pela companhia.
Uma campanha começou a pressionar a empresa para substituir o CEO e resgatar os valores americanos que historicamente representou.
A pressão surtiu efeito, levando a Harley Davidson a divulgar uma nota na conta oficial da empresa na rede social X no último dia 19 de agosto.
No comunicado, afirma que as políticas DEI pararam de vigorar na empresa ainda durante o mês de abril.
Também afirmaram que irão rever as políticas de patrocínio e financiamento, deixando de apoiar eventos realizados por grupos identitários para focar no esporte e em melhorias comunitárias.
Os treinamentos também deixaram a questão social de lado para focar nas necessidades operacionais do negócio. Além disso, a empresa deixou o ranking da Human Rights Campaigns.
Durante uma entrevista, Starbuck afirmou que a retratação somente ocorreu pela onda de publicações críticas nas redes sociais, Entre os principais articulistas se encontravam vários influenciadores do estilo de vida associado à marca.
O ativista aproveitou o momento para reafirmar seu compromisso de enfrentar as pautas woke no meio corporativo:
"É hora de se livrar dessas políticas e trazer de volta um senso de neutralidade e sanidade na América corporativa".
A HRC afirmou que a decisão da empresa em deixar o ranking e abrir mão das políticas DEI teria sido "impulsiva" e motivada por extremistas políticos:
"A escolha da Harley-Davidson de se afastar do Corporate Equality Index é uma decisão impulsiva alimentada por atores de extrema-direita e extremistas MAGA que acreditam que podem intimidar seu caminho para desmantelar iniciativas que ajudam todos a prosperar no local de trabalho."
Na declaração, a campanha ressaltou o poder de compra da comunidade LGBT no país:
"Aproximadamente 30% da geração Z é LGBT e a comunidade acumula um poder de compra de US$1,4 trilhão. Afastar-se desses princípios mina tanto a confiança dos consumidores quanto o sucesso dos funcionários."
O grupo Polaris, dono da principal concorrente da Harley, removeu as menções a políticas DEI de todas as suas páginas na internet.
A justificativa foi que o termo estava cada vez mais politizado e aberto a várias interpretações diferentes.
A empresa seguiu afirmando que deseja voltar a trazer os valores centrais defendidos pela marca:
"Estamos no processo de revisar algumas de nossas páginas da web para que os valores centrais do que representamos – respeito e ajudar as pessoas a descobrir a liberdade através dos esportes motorizados – não se percam nas atuais conversas politizadas."
Filho de uma refugiada cubana, Robby Starbuck é um cineasta e influenciador digital de 35 anos.
O ativista ficou conhecido nos EUA por seu papel como comentarista político em canais no YouTube de orientação conservadora e na rede de televisão Fox News.
Apesar disso, se tornou realmente famoso por conta de sua campanha de enfrentamento à agenda woke no mundo corporativo.
A ação de Starbuck começa com uma postagem no X, onde faz uma listagem de políticas DEI incorporadas pela empresa da vez.
Em seguida, o ativista divulga um vídeo contendo informações precisas sobre as medidas adotadas pela empresa e o lado negativo pouco conhecido delas.
Por fim, divulga todos os canais de comunicação disponíveis para que os clientes revoltados possam reclamar diretamente, além de demonstrarem sua indignação pelas redes sociais.
As campanhas também foram impulsionadas por outras figuras com grande alcance nas redes sociais que simpatizam com a causa, como o bilionário Elon Musk.
O método já conseguiu reverter o processo em grandes empresas além da Harley Davidson, como:
Os resultados somente foram possíveis por conta do fenômeno de consumo consciente, que tem sido cada vez mais forte entre os consumidores.
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