Em 2018, no período eleitoral, Jair Messias Bolsonaro afirmava em suas campanhas que não participaria do “toma-lá-dá-cá” da velha política brasileira. O então candidato à presidência se referia a prática comum de oferecer cargos a grupos políticos do Congresso em troca de apoio político.
O chamado centrão é o grupo que participa mais diretamente das trocas de cargos e nomeações por apoio político. Para muitos cientistas políticos, o centrão é o garantidor da governabilidade em qualquer governo.
Para o escritor, jornalista e cientista político Bruno Garschagen:
“O Bolsonaro se elegeu com um discurso contra a política. Quem votou nele, votou num candidato que dizia que não faria política, porque fazer política era negociar com o centrão.”
Nos últimos anos de seu governo, o ex-presidente do Brasil acenou ao centrão para garantir a governabilidade em um contexto de crise.
Para Aldo Rebelo, ex-ministro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também do governo Dilma Rousseff, a aproximação de Bolsonaro com o centrão não foi uma “traição”:
“Eu creio que simplesmente achar que foi uma traição é não compreender que o Brasil é ingovernável sem o apoio do centrão, seja lá qual for o governo. Como é que você tem maioria para governar se no Congresso quem tem voto é o centrão?”
Rebelo continua e aponta o erro que custou o governo de Bolsonaro:
“O erro do Bolsonaro não foi ir atrás do centrão, o erro dele foi menosprezar o centrão. Quando ele foi atrás teve que pagar um preço muito maior do que se tivesse feito aliança no campo da política.
Ele teve que oferecer ou conceder as emendas secretas, teve que ceder cargos muito relevantes e teve que aceitar que a partir daquele momento seria um governo com pouca autonomia, porque teria de um lado o Supremo acompanhando de perto os passos dele, e do outro o centrão.
O centrão assustou o Bolsonaro com o risco de um processo de impeachment, que eu acho que não poderia acontecer, mas como já tinham acontecido dois ele deve ter ficado com medo”.
Consultado, o jornalista Fernão Lara Mesquita concorda com a necessidade do apoio do centrão e acredita que Bolsonaro correu riscos reais de ser impeachmado ao recusar dialogar com esse grupo:
“Ele tentou fazer isso e quase teve o mesmo destino do Collor, ia tomar um impeachment. Você não consegue permanecer no governo sem se compor uma maioria do Congresso dentro do sistema brasileiro do jeito que ele está montado hoje.”
“Nós devemos nos perguntar: quem nós vamos escolher que governará com o centrão? O centrão sempre será governo”, conclui Silvio Grimaldo.
Parte do jogo político nacional envolve saber se articular com grupos ou blocos de parlamentares em prol da aprovação de projetos ou pautas. No Brasil, um dos grupos mais tradicionais ganhou o rótulo de centrão.
Peça antiga do xadrez político brasileiro, o centrão é formado por congressistas de diversos partidos. Eles têm força suficiente para mudar os rumos das políticas na Câmara dos Deputados e no Senado.
A maior parte dessas legendas não tem uma atuação ideológica clara e estão dispostas a negociar apoio ao Executivo em troca de cargos na administração pública.
O centrão é muitas vezes associado à “velha política” e ao fisiologismo, porque muitas vezes suas articulações são percebidas como uma forma de carreirismo político, independentemente de ideologias e até mesmo do interesse público.
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